A Opera House, um dos maiores simbolos da Austrália, em Sydney, foi criada para se tornar um marco mundial
por Fernando Moura

Austrália é sinônimo de cangurus, coalas, surfistas, aborígenes. Porém, uma das primeiras imagens que vem à mente quando se pensa neste país da Oceania, é o prédio da Ópera House de Sydney, que junto com a ponte Harbour Bridge completa o cartão postal da cidade. Tanto que muitos acreditam que ela é a capital australiana, esquecendo-se de Camberra. A curiosa forma de seus telhados (em concha) e a privilegiada posição em que está situada faz da Ópera de Sydney um ícone da Austrália e uma das imagens mais conhecidas do mundo.
Por ser uma jovem colônia inglesa, habitada apenas por aborígenes há apenas 230 anos, a Austrália não tinha uma grande obra de referência do país, como são as pirâmides no Egito, o Coliseu na Itália, a Torre Eiffel na França etc.
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Por isso, o governo do estado australiano de New South Wales declarou, nos anos de 1950, disponibilizar fundos para a construção de uma grande obra, que seria chamada de Sydney Opera House. O projeto arquitetônico foi escolhido em um concurso internacional, vencido pelo arquiteto dinamarquês Jorn Utzon, em 1956.
No entanto, a aplicação era considerada impraticável pela falta de capacidade da engenharia na época. Utzon, então, passou alguns anos redesenhando seu projeto, até chegar à solução do principal problema, que era a construção dos telhados, em 1961.
Mas, assim mesmo, o alto custo continuou sendo outro problema fundamental, gerando muitas manifestações da população e obrigando o governo a abandonar lentamente o ambicioso projeto. Até que, em 1966, quando houve uma mudança de governo e a Austrália sofreu uma grave crise financeira, Utzon anunciou oficialmente ter desistido de continuar as obras que já estavam em andamento.
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A partir desta data, um grupo formado por Lionel Todd e David Littlemore e pelo arquiteto do novo governo estadual, Ted Farmer, assumiu a continuação do projeto, completando as grandes paredes de vidro e adicionando três salas que não estavam planejadas antes, abaixo do saguão principal de shows.
Tudo isso para que, em 1973, mesmo que ainda inacabada interiormente, a grande obra australiana pudesse ser finalmente inaugurada pela Rainha Elizabeth II (a Austrália é uma monarquia ligada à Grã-Bretanha), com a apresentação da ópera "Guerra e Paz", do russo Sergei Prokofiev.
Após muitas mudanças do projeto original, Jorn Utzon voltou a comandar os estudos de manutenção do Opera House em 1999, tendo como principal objetivo assegurar que não houvesse qualquer nova mudança de sua visão inicial e manter a integridade arquitetônica da casa.
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Seu primeiro passo nesta volta foi a readaptação do saguão de recepção ao projeto original, criando uma grande iluminação natural e uma vista expandida para todo o canal. Esta sala, que, em 2004, acabou sendo renomeada como Utzon Room, foi apenas a primeira de muitas importantes manutenções realizadas pelo arquiteto dinamarquês, até sua morte, em 2008.
Além de seu imenso reconhecimento, o Sydney Opera House possui números impressionantes. Seu telhado é constituído por um milhão de tijolos que pesam por volta de 15 toneladas e são sustentados por 350 quilômetros de cabos de aço. Em toda a casa, são 6.225 metros quadrados de vidro que compõem as imensas paredes e 645 quilômetros de cabos elétricos para manter a iluminação.
Hoje a Ópera de Sydney é considerada uma das maiores e mais impactantes construções urbanas do século XX. Graças a diversas pessoas, mas, principalmente, a Jorn Utzon, a Austrália conta hoje com este gigante ponto turístico que atrai, por ano, mais de 2.500 eventos assistidos por aproximadamente 1,5 milhão de pessoas e recebe a visita de 4 milhões de turistas.
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Com esta grandeza, e notável aparência, tanto durante o dia como à noite, a casa foi inscrita, em 2007, na lista de patrimônio mundial da UNESCO, com a seguinte frase: "Ela representa múltiplas linhas de criatividade, tanto na forma arquitetural como no design estrutural. É uma grande escultura urbana, cuidadosamente posicionada em uma notável área marinha, e edifício-ícone, mundialmente famoso".