Conheça os guias de vinho mais prestigiados pelos enófilos ao redor do mundo e não deixe nenhum exemplar faltar em sua biblioteca
por Roberto Rodrigues
O apreciador de vinhos não se contenta em conhecer apenas os mais básicos. Com o passar do tempo, busca sensações mais complexas e procura vinhos de regiões e/ou castas distintas. Um grande instrumento de auxílio nessa busca são os "Guias de Vinhos", com avaliações sobre os representantes dos países produtores.
A maioria dos guias tem edições anuais, atualizadas com os novos vinhos e avaliações recentes de novas safras. Com freqüência, além das avaliações, os guias trazem uma introdução histórica e técnica das regiões produtoras de cada país, além de aspectos específicos.
Não se recomenda a compra de todos os guias. Cada enófilo deve começar pelos guias dos países com os quais tenha mais afinidade e sobre os vinhos que deseja conhecer melhor. Também não existe a necessidade de comprar uma nova edição a cada ano. Na maior parte dos casos é suficiente uma mesma edição por três ou quatro anos. A seguir estão as principais recomendações.
Brasil e vizinhos
A viticultura brasileira, embora venha melhorando significativamente em termos de qualidade dos vinhos, ainda está engatinhando. Por outro lado, Chile e Argentina já possuem uma produção consolidada, refletida na existência de três bons guias sobre os vinhos dos dois países.
DIEGO BIGONGIARI, LÍA PICHON RIVIÈRE E ANTONIO TERNI coordenam a equipe que edita o Viñas, Bodegas & Vinos, pela Austral Spectator. A objetivo é apresentar um guia de vinhos da América do Sul, com capítulos dedicados aos vinhos da Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela. Sim, todos esses países produzem vinhos! Os textos provam que a produção de vinho está se universalizando cada vez mais. E ver os primeiros passos de alguns países é curioso. Claro que o ponto alto do guia são os vinhos argentinos. Só por este motivo o guia merece figurar na biblioteca dos apreciadores de vinhos de nosso vizinho.
PATRICIO TAPIA, especialista chileno em vinhos, apresenta, em seu Descorchados - La Guia de Vinos, comentários sobre mais de 800 vinhos chilenos, com avaliação individual, classificação sobre os melhores de cada casta ou corte, novidades recentes e um catálogo de vinícolas. Capítulos contam a história dos vinhos no Chile, as principais castas cultivadas e suas características, além de todas as regiões produtoras do país. Conhecido apenas como Descorchados, o guia é ampliado a cada ano e se torna mais completo.
Já o Guia de Vinos de Chile, em sua décima terceira edição anual, coordenado por FRANCISCA SÁNCHEZ, M. SARA SÁNCHEZ, PABLO PIETRO E RAFAEL PIETRO, conta nas avaliações com um grande número de enólogos e sommeliers chilenos e apresenta uma classificação dos vinhos com pontuação, além de textos excelentes sobre a qualidade, turismo, etiqueta e os principais restaurantes chilenos.
Entre os dois guias chilenos não há o que discutir. Deve-se optar pelos dois. Eles se complementam.
#Q#Velho Mundo
Não há adega completa sem bons vinhos franceses, italianos, espanhóis e portugueses.
Na França, o Hachette Guide to French Wines, da Editora HACHETTE, é, atualmente, o melhor guia de vinhos franceses. Com a análise de mais de nove mil vinhos - quase sempre degustados às cegas - o guia tem classificação alfabética por região produtora e apelações de origem. Além das notas de degustação, traz informações sobre os produtores e faixa de preço na origem.
O mais famoso guia de vinhos franceses, o Guide Bettane-Desseauve, de MICHEL BETTANE e THIERRY DESSEAUVE, foi publicado durante muitos anos. Porém, com a saída dos dois autores da Revue du Vin de France, deixou de ser editado devido a restrições contratuais. A promessa é que seja relançado em 2007.
O Italian Wines, mais conhecido como Guia Gambero Rosso - edição coordenada por DANIELE CERNILLI e CARO PETRINI -, é o guia de vinhos italianos por excelência, com mais de 12 mil rótulos avaliados Sua classificação concede "taças" para os vinhos selecionados e a disputa por rês taças - a cotação máxima - é constante entre os grandes produtores do país. Com edição anual, apresenta as regiões italianas, seus respectivos produtores (mais de 1600) e os melhores vinhos de cada um deles.
Ainda da Itália, existe Duemilavini: Il Libro Guida ai Vini d'Italia, da ASSOCIAZONE ITALIANA SOMMELIER (AIS). Auto-intitulado o "livro da vinha e do vinho, da história e dos produtos tradicionais" e o "guia para conhecer a arte do bom gosto". A Associação Italiana de Sommeliers congrega milhares de profissionais que analisam vinhos italianos durante todo o tempo. A cada ano é publicada uma nova edição com cerca de dois mil vinhos selecionados. Um excelente complemento para o Gambero Rosso.
O Guia Peñin de los Vinos de España, de JOSÉ PEÑÍN, é a referência mais completa sobre vinhos espanhóis desde 1990. José Peñín parte de uma visão pessoal independente. Com mais de dez mil vinhos resenhados e mais de cinco mil degustados, o livro apresenta um panorama completo sobre as diversas regiões produtoras do país. A parte introdutória é um verdadeiro curso sobre os vinhos espanhóis, castas utilizadas e o bom serviço de vinho.
#Q#Novo Mundo
Amantes dos vinhos do Novo Mundo, além dos guias já apresentados da Argentina e do Chile, devem escolher o país de sua preferência e verificar a literatura disponível. Os guias citados a seguir são apenas uma pequena amostra.
STEPHEN BROOK, um escritor especializado em vinhos de Bordeaux e da Califórnia, é autor do Wines of California, o melhor guia de vinhos da mais conceituada região produtora dos Estados Unidos. O livro faz uma descrição minuciosa das diversas regiões da Califórnia e apresenta um diretório de vinícolas com a avaliação de seus produtos. Essencial para os que querem descobrir os bons vinhos da América do Norte.
A Austrália é outro país do Novo Mundo que chama a atenção pela qualidade de seus vinhos. O país é bem retratado no The Australian Wine Annual, de Jeremy Oliver, com quase 10 mil vinhos contemplados. O autor, um dos mais prolíficos e respeitados críticos de vinhos da Austrália, publica em seu best-seller os vinhos que devem ser comprados - e os que não devem. As informações estão organizadas de forma simples e direta. Trata-se de um guia indispensável para quem deseja descobrir novas fronteiras vinícolas.
As nove publicações descritas representam o essencial dos guias que devem figurar na biblioteca de todos os enófilos. Não podem ser deixados de lado o crítico Robert Parker, responsável pelo jornal The Wine Advocate, e a revista Wine Spectator. Ambos são considerados as maiores referências do mercado e publicam regularmente seus guias.
E para uma consulta rápida durante uma viagem, ou para esclarecer uma dúvida de última hora, nada melhor do que ter em mãos o livro de HUGH JOHNSON, um dos mais famosos e polêmicos críticos de vinhos do mundo. O Hugh Johnson´s Pocket Wine Book já foi publicado em mais de vinte países e vendeu mais de sete milhões de cópias no mundo. O livro é, segundo o jornal The New York Times, "um trabalho clássico em termos de referência rápida de compra e o protótipo de todos os demais guias". Ele deve ser comprado todos os anos pelos enófilos que desejarem acompanhar a evolução dos melhores vinhos do mundo.
O apreciador não deve, no entanto, se limitar aos guias. Nenhum deles substitui o prazer pessoal de degustar um bom vinho em boa companhia. Como disse Duff Cooper: "O vinho tornou- me audacioso, não louco; incitoume a dizer asneiras, não a fazê-las". Ou ainda Martinho Lutero: "Quem não gosta de vinho, mulher e canção é um tolo que passa a vida sem viver". Santé!
Roberto Rodrigues é enófilo e consultor de vinhos - rr@pobox.com
Bibliografia: | ||
● Viñas, Bodegas & Vinos: Guia de América del Sur - Buenos Aires: Austral Spectator, 2003. 608p. ● La Guia de Vinos, Descorchados - Patricio Tapia - Santiago: Ediciones Planetavino S. A., 2003. 328p. ● Guia de Vinos de Chile - Francisco Sánchez et all - Santiago: Turismo y Comunicaciones S. A., 2005. 406p. ● Hachette Guide to French Wines - Mitchell Beazley et all - Paris: Livre Hachette, 2005. 1028p. ● Italian Wines - Daniele Cernilli, Caro Petrini - Roma: Gambero Rosso Editore, 2001. 696p. ● Duemilavini: Il Libro Guida ai Vini d'Italia - Associazone Italiana Sommelier - Roma: Bibenda Editore, 2003. 1502p. ● Guia Peñin de los Vinos de España - José Peñín - Madri: Pi & Erre Ediciones, 2001. 906p. ● Wines of California - Stephen Brook - London: Mitchell Beazley, 2002. 208p. ● The Australian Wine Annual - Jeremy Oliver - Melbourne: Jeremy Oliver Pty Ltd, 2005. 320p. ● Hugh Johnson´s Pocket Wine Book - Hugh Johnson - London: Mitchell Beazley, 2005. 288p. |