"Eu não sou um clichê"

Confira a entrevista com a autora do Guia Danusia Bárbara de Restaurantes do Rio de Janeiro, referência gastronômica na capital carioca e que, em 2006, completa 20 anos de sucesso.

por Tatiana Fraga

Como surgiu a idéia do guia?
Eu já escrevia, há algum tempo, sobre restaurantes em jornais como O Globo e o Jornal do Brasil. Foi nessa época que a editora Record me convidou para escrever um guia de restaurantes e, é claro, eu respondi: 'Não, obrigada, não sou louca!' (risos). Mas acabei me convencendo e aceitando o convite. Isso foi há cerca de 20 anos, quando a Nouvelle Cousine acontecia na França e eu, no Brasil, registrava e acompanhava a história gastronômica do Rio de Janeiro. Eu fui a primeira a fazer um 'jornalismo gastronômico', fui a primeira a entrar na cozinha dos restaurantes e contar o que acontecia do outro lado da porta.

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E você há pensou em estender esse trabalho para São Paulo?
Sim, eu já recebi convites, mas não posso aceitar porque não moro em São Paulo e não vivo o dia-a-dia gastronômico da cidade. O guia, na verdade, é um diário; uma recordação de uma jornalista que mora no Rio e circula em seus arredores. Não falo só da comida, mas também de cultura e história. É um passeio pela evolução gastronômica carioca.

Qual a importância do guia como registro do Rio de Janeiro?
A comida é a coisa mais importante nisso tudo. Quando você come, está fazendo a sua cultura - em alguns países come-se escargot, noutros come-se formiga e em outros, gafanhotos. Hoje em dia, com os computadores, o fácil acesso às informações e a facilidade de transporte, pode-se conhecer culturas de diversos países do mundo, através de sua culinária, sem ter que sair da sua cidade.

Quais são os critérios de avaliação dos restaurantes em seu Guia?
Eu sigo três critérios básicos e fundamentais: a comida, o serviço e o ambiente. Com base nisso, dou uma pontuação de até 10 estrelas para cada item, e deve haver um equilíbrio entre eles, ou seja, não adianta um restaurante ter uma comida maravilhosa e um atendimento péssimo. Nenhum restaurante, até hoje, chegou às trinta estrelas, mas, por outro lado, muitos não saem do Guia desde seu início.

Como quem, por exemplo?
A Confeitaria Colombo, por exemplo. É fotos: divulgação 43 uma casa que tem mais de 100 anos, uma preciosidade, que já atravessou várias crises, mas superou todas elas. Não se pode conhecer o Rio sem visitar a Casa Colombo - é um banquete em cinco andares. Você se sente num transatlântico.

O que você tem a dizer sobre o fenômeno da popularização dos vinhos no Brasil?
O vinho é um produto nobre e o interesse por sua bebida e cultura, de cinco anos para cá, é realmente impressionante. Hoje, posso dizer que todo bom restaurante deve ter em seu cardápio, e eles têm. Isso já é uma grande evolução.

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fotos: divulgaçãoE o que mudou de 20 anos para cá?
Hoje as pessoas conhecem e exigem certos vinhos; os restaurantes vão atrás e também evoluem. A harmonização, por exemplo, é uma coisa impressionante - os clientes sabem o que querem, o que pedir, ou então querem saber e ter mais conhecimento. Um detalhe que demonstra como as coisas mudaram são os copos. Grande parte dos restaurantes já tem copos especiais para vinhos e isso era difícil de se ver a vinte anos atrás.

Mudando do profissional para o pessoal, qual o seu vinho inesquecível?
Minha relação com o vinho é sempre em busca de prazer, não sou uma especialista, mas sou intuitiva. Dos tintos, tenho uma queda pelos vinhos portugueses e gosto, é claro, dos grandes franceses. Já experimentei os sul-africanos e não fiquei tão impressionada... Os espanhóis eu praticamente desconheço e, quanto aos chilenos e argentinos, acho que oferecem uma ótima relação preço X qualidade, ideais para dias mais corretos.

Já com os brancos, sou mais exigente; fico dominada por eles. Com champagnes, sou muito chata. Também gosto muito dos espumantes brasileiros, e procuro divulgar os nossos produtos.

Ao lado de quem você gostaria de tomar uma bela taça de vinho?
Ah... Eu adoraria tomar com um belo namorado..

Perfil

"Eu não sou um clichê: meu nome é Danusia Bárbara".

Danusia Bárbara, jornalista e escritora, especializou-se em provar do bom e do melhor em todas as partes do mundo. Nascida em Copacabana, no Rio de Janeiro, já percorreu da Amazônia à Mianmar (antiga Birmânia), do Canadá ao Zimbábue, das Ilhas Maurício aos Estados Unidos, da América do Sul à Tailândia, do Oriente Médio à África, Ásia e quase toda Europa. Viaja perseguindo cheiros, gostos e contrastes culturais.

Danusia Bárbara, jornalista e escritora, especializou-se em provar do bom e do melhor em todas as partes do mundo. Nascida em Copacabana, no Rio de Janeiro, já percorreu da Amazônia à Mianmar (antiga Birmânia), do Canadá ao Zimbábue, das Ilhas Maurício aos Estados Unidos, da América do Sul à Tailândia, do Oriente Médio à África, Ásia e quase toda Europa. Viaja perseguindo cheiros, gostos e contrastes culturais.

Esses sabores, texturas e sensações que a jornalista persegue mundo afora estão presentes nos artigos que escreveu e vem escrevendo em jornais e revistas, bem como em seus livros de cunho antropológico e cultural. Há 20 anos edita o Guia Danusia Barbara, sobre os restaurantes do Rio de Janeiro.

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