A Expovinis acabou?

por Christian Burgos

No dia 18 de janeiro, noticiávamos em nosso site que mais da metade das áreas do pavilhão da Expovinis estavam vazias, de acordo com mapa oficial da feira com data de dezembro do ano passado. Se a situação já parecia crítica, na semana do Carnaval, um comunicado oficial da assessoria de comunicação do evento informou que, em virtude das mudanças tributárias sobre o vinho e E-commerce, a Expovinis mudaria de data (já neste ano!) para 14 a 16 de junho a fim de que o mercado tivesse tempo de se reorganizar. O informe dizia ainda que não há eventos internacionais na data, que na verdade coincide com uma das maiores feiras de vinho e alimentos do mundo. O comunicado dizia que outro objetivo da mudança era agregar a força da Fispal Food Service ao evento. Consultamos alguns dos mais importantes players da indústria e da imprensa especializada, e a maioria dos entrevistados queria mesmo era nos perguntar: “a Expovinis acabou?”. Unanimidade entre todos é que uma mudança de data de um evento há menos de quatro meses de sua realização nunca é uma coisa boa. Produtores internacionais já nos disseram que não virão mais e países tradicionais que constavam na planta de dezembro também disseram que já não têm mais certeza se participarão. Um deles apontou que os organizadores fizeram justamente o que disseram que não fariam quando compraram a feira, ou seja, juntar a Expovinis e torná-la um subproduto dentro de uma outra feira. Na época, temia-se que a união à SIAL tiraria a identidade do evento. Um produtor da Itália ressaltou que os produtores se programam com muita antecedência em relação ao circuito de feiras de que participam no ano. Para este produtor, a Expovinis tinha uma data consolidada no circuito mundial de feiras e isso se perdeu. Até a benéfica união com a Fispal passou a ser vista com desconfiança. Um importante produtor brasileiro caracterizou que a Expovinis, acontecendo no pavilhão amarelo do Expo Center Norte, e não no azul da Fispal, não garante que os visitantes irão ao pavilhão da Expovinis e chamou a feira de “um puxadinho da Fispal”. Um produtor francês disse que isso seria parte “do descaso típico do Brasil ao planejamento”. Ofensivo? Sim. Mas compreensivo, visto que os recursos de promoção dos países europeus são planejados com grande antecedência. Num ambiente com mais perguntas do que respostas, as certezas costumam se transformar em dúvidas e as dúvidas em certezas.

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