Fogo contra o gelo

Geadas podem prejudicar safra 2017 na França

Temperaturas abaixo de zero durante as madrugadas preocupam produtores de regiões importantes, como Champagne

por Por Maria Bolognese

As temperaturas caíram abaixo de zero na maior parte das regiões francesas, agitando corações e nervos pelos vinhedos de todo o país, especialmente em Champagne. Dados oficiais ainda estão sendo coletados, porém, ao que se percebe, os danos das noites de fortes geadas marcam presença de ponta a ponta do país, com maior impacto registrado na região de Côte des Bar, que, no último ano, já havia sofrido de forma semelhante.
Em algumas madrugadas da última semana, as temperaturas caíram para -6ºC. A combinação de geadas prolongadas e intensas pode afetar os brotos. A preocupação é grande e justificada, com esta sequência de perdas, as reservas da região estão em níveis mínimos.
Enquanto alguns produtores estimam avarias entre 20% e 50%, outros já identificam estragos maiores do que os da triste safra de 2003, com mais de 70% de estragos graves registrados. Os próximos dias serão fundamentais para a concreta dimensão dos prejuízos.

O que fazer? 

O ano de 2016 já não foi fácil para regiões vitivinícolas importantes da França. Em 2017, a soma dos danos pode ser ainda maior. Mas o que os produtores podem fazer e estão fazendo para  antecipar-se às geadas? É possível preparar as vinhas para extremos climáticos como esses?
De acordo com especialistas, invariavelmente, as geadas são um risco comum em regiões de clima frio de vinho, e podem danificar gravemente os brotos recém-nascidos. Em Champagne, perdas de 20% em algumas áreas e até 70% em outras regiões foram relatadas por produtores. Chablis, Loire e até mesmo a estrela em ascensão, o Reino Unido, lidam anualmente com o problema.
Contudo, a semana que passou e o início desta colocaram diante de olhos desacreditados centenas de hectares danificados com uma extensão maior da que a usual, chegando desta vez, bem mais ao sul, em áreas próximas à costa do Mediterrâneo, como Languedoc-Roussillon.
Muito já se tentou, e aqui está a união de algumas das técnicas utilizadas pelas propriedades para minimizar os danos causados pelas implacáveis geadas.

Fogo

Com grandes latas preenchidas com parafina – formando grandes velas – e disponibilizadas entre as fileiras de vinhas, libera-se calor suficiente para criar movimento de ar aquecido que evita a formação de bolhas de gelo sobre as folhas. Neste método, uma equipe fica responsável pela consulta em tempo real das estações meteorológicas, que ao menor sinal de geada, acenderá todas as “velas”.


Ventilação

Com um custo mais elevado, o uso de ventiladores e máquinas de vento para manter o ar em movimento também ajuda a evitar a geada.

Helicópteros

Helicópteros também são usados para deslocamento de ar para ajudar a prevenir a geada, embora seja bastante incomum. Ainda assim, alguns vinicultores usaram o recurso ao longo da semana que passou, incluindo Baden-Württemberg na Alemanha e também o Vale do Loire na França.
Aquecedores
Outro método comum é o uso de aquecedores, que ajudam a manter a temperatura acima do congelamento. O perigo da escolha de um destes diferentes métodos é que raramente a geada afeta toda a vinícola igualmente, o risco está em aquecer demais ou de menos uma determinada área. 

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