Após forte alta nos últimos anos, os vinhos devem ter um ano de preços subindo menos, ou até mesmo caindo
por André De Fraia
Segundo o relatório Liv-ex lançado recentemente, o preço dos vinhos deve ter uma desaceleração em 2023, ou até mesmo uma queda.
"Os ventos contrários enfrentados pelo mercado são severos. Nenhum mercado sobe para sempre” diz o relatório. E completa, “o pequeno grupo de compradores dos vinhos mais raros, ou tem os vinhos que sempre quis, ou garrafas caras que não podem mais vender”, conclui.
Apesar do ranking Liv-ex ter se alterado significativamente nesses últimos anos com Bordeaux tendo sua menor participação histórica no mercado de vinhos – mas sendo ainda o mais comercializado – e Borgonha e Champagne terem assumidos o controle dos mais negociados, o dado dos valores chama a atenção.
O relatório mostra que o índice Burgundy 150, que mede a flutuação de preços dos 150 vinhos mais comercializados da Borgonha, após um crescimento de 68% entre 2019 e 2021, cresceu apenas 4% no período entre os meses de junho e novembro, registrando uma queda nesse último mês de 0,9%.
O próprio índice Liv-ex 1000, considerado o mais abrangente por medir a flutuação de preço dos 1000 rótulos mais comercializados no mundo, teve forte desaceleração nesse final de ano. Se entre o início de 2020 e final de 2021, o índice subiu 36%, entre junho e novembro, o crescimento foi de apenas 3%.
Robbie Stevens, membro do conselho executivo da Liv-Ex, aponta que após dois anos de buscas por vinhos mais raros e conhecidos, muitos consumidores voltaram sua atenção para novas descobertas, tanto que os brancos da Borgonha são os vinhos da vez, mesmo os de nível village, tiveram aumentos significativos na comercialização.
O relatório finaliza dando atenção ao mercado de vinhos NFT (non-fungible token) que tornaria cada garrafa única. Apesar de entender os benefícios da segurança que essa tecnologia traz, garantindo a origem da garrafa, a Liv-ex não acredita que esse seja o futuro do vinho. "Uma das coisas que a Liv-Ex defende é que queremos que o vinho seja fungível, em vez de não fungível. [Château] Lafite [Rothschild] faz 20.000 caixas por ano. Eles deveriam ser todos iguais, ou o mais próximo disse, dependendo das condições de armazenamento de cada garrafa, claro. Isso é fungível. Não vejo por que você iria querer tornar isso não fungível”, diz Stevens.