Joia de reis

Uma das mais esplendorosas joalherias, a Cartier possui uma história de glamour e importância universal

por Carolina Almeida

A França é o principal berço de diversas marcas de luxo consagradas mundialmente. O estilo de vida francês, especialmente da época das cortes reais, foi copiado por séculos mundo afora e criou paradigmas estéticos, assim como marcas que viraram lendas, com os produtos mais desejados e caros, símbolos de riqueza.

A França exerce enorme influência na moda e todo o seu entorno, como as joias, por exemplo. E um dos maiores destaques é Cartier. Conhecidos como “joalheiros dos reis, reis dos joalheiros”, os Cartier foram os responsáveis pela implantação de uma das joalherias mais antigas e luxuosas do planeta. Desde 1847, quando foi fundada, a marca apresenta relações íntimas com a realeza e grandes nomes mundiais, além de satisfazer os mais diversos gostos.

O início da saga de sucesso da família se deu quando Louis-François Cartier assumiu o controle de uma pequena oficina de joias de seu tio, mas foi apenas quando seus três netos, Louis, Pierre e Jacques, filhos de Alfred Cartier, assumiram o comando do negócio que ele ganhou as devidas proporções.

Feitos históricos

Ainda sob a batuta de Louis-François Cartier, em 1852, a Cartier deu seu primeiro grande passo. O cenário era o início do governo de Napoleão III, Imperador da França, e através da Condessa Nieuwerkerke, que admirava as joias da grife, a Cartier se tornou a fornecedora oficial da corte, vestindo toda a alta sociedade do país. Um ano depois, já com nome estabelecido, decidiu estreitar o laço com sua clientela através do atendimento personalizado.

No início do século XX, em 1902, com uma loja fixada em Londres, a marca recebeu um trabalho de peso quase tão grande quanto a honra da escolha. Um pedido de 27 tiaras e diademas para a coroação do príncipe de Gales, futuro Eduardo VII. A admiração do rei era tanta que foi de sua boca que saiu a ilustre frase: “Cartier, joalheiro dos reis, rei dos joalheiros”. Dois anos mais tarde, Eduardo VII ofereceu à grife a primeira patente de fornecedor da corte real da Inglaterra, data que marcou a imposição desta como a mais prestigiosa do mundo.

Já durante as décadas de 1920 e 1930, Louis, filho de Alfred, guiou a marca para mais um projeto de relevância: a produção de joias em estilo Arte Déco. A Arte Déco foi um movimento decorativo originado na França que tinha como preceitos as cores discretas, os traços retos e as formas geométricas. Inspirado pelo movimento e sedento por criações “exóticas”, Louis iniciou a produção de joias em que se enfatizavam as lapidações e cravações mais elaboradas. Nesta época, a Cartier chegou a ditar algumas tendências da moda junto com outras grandes, como Van Cleef & Arpels, Mauboussin e Boucheron.

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Grife foi fornecedora oficial de joias da corte inglesa durante o reinado de Eduardo VII, no início do século XX

Santos Dumont

Voltando para 1904, a Cartier ganhou destaque por uma inovação que contou com um “empurrãozinho” brasileiro. Santos Dumont, cansado da falta de praticidade dos relógios de bolso da época (até então a Patek Philippe só fazia relógios de braço femininos), pediu que seu grande amigo Louis encontrasse uma saída para sua limitação: os relógios da época, além de ficarem dentro do bolso, ainda eram protegidos por uma tampa que obrigava o aviador a fizer manobras quase que impossíveis para ver as horas enquanto voava.

O resultado dessa lamentação foi o primeiro relógio de pulso masculino, batizado de “Santos”, que só começou a ser fabricado comercialmente em 1911. Nas décadas seguintes, grandes nomes como Andy Warhol, artista que revolucionou a Pop Art, e Rudolph Nureyev, importante bailarino russo, adotaram o modelo, que é vendido até hoje, mantendo quase integralmente o formado inicial.

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