16. jan - O vinho e a guerra em Israel

O vinho e a guerra em Israel

Como a guerra em Israel afeta a produção de vinhos de toda a região

por Redação

Historias de vinho e guerra nem sempre andam juntas, mas nesta parte do mundo, os dois passaram a ser inseparáveis.

Atualmente, a cidade de Negev, no sul de Israel está sob os foguetes do Hamas. Sua mais famosa vinícola é a Yatir Winey, produtora do que é considerado o melhor vinho tinto de Israel, o Yatir Forest 2003, que atingiu 93 pontos na nova Parker's Wine Buyer's Guide. Mesmo não sendo a mira dos foguetes, esta vinícola, a nordeste do centro de Negev sofre os efeifetos. "Minhas filhas, de 7 e 9 anos, as vezes ficam no abrigo anti-bombas da escola, desde que as hostilidades começaram", é o que diz Etii Edri, gerente de projetos especiais da vinícola Yatir. "Tudo o que queremos é fazer o melhor vinho que pudermos, usando nosso terroir. No entanto, a preocupação com a segurança de nossas crianças, é algo que poderia ser evitado".

O lado oeste de Negev é a principal região das pequenas botiques de vinho. Uma delas, a LaTerra Promessa, é famosa por sua hospitalidade e boa comida . O produtor Irit Pellegrini diz: "Tirando a preocupação com os mísseis, a pior coisa é a quantidade de visitantes que não vem mais".

Na área que está sob ataques diários de foguetes, as pessoas têm comprado menos e o comércio fecha mais cedo. Vendedores não vão mais até as áreas de limite de segurança, porém as pessoas ainda estão bebendo vinho, ou seja, a população busca levar uma vida normal, mas sempre com um olho grudado no noticiário da TV para saberem dos alertas de bombardeio e onde os foguetes atingiram.

Israel é um país pequeno, onde muitas pessoas têm sofrido, durante anos, com uma guerra que parece não ter fim e com terrorismo. No entanto, o consumo de vinho continua, mais até nas casas do que em restaurantes. Há um mês atrás, a crise econômica era a principal preocupação dos israelenses, e vinicultores planejavam estratégias para se precaverem contra possíveis prejuízos. Hoje, isso já não tem i mais importância frente à preocupação com a sobrevivência de familiares e amigos.

O ataque ao norte do país, em Naharyia, lembrou a guerra entre Israel e Líbano, no ano de 2006, que afetou tanto a Galiléia  em Israel, quanto o Bekaa Valley, no país vizinho, as duas áreas produtoras dos melhores vinhos da região. Na realidade, o início daquelas hostilidades se deu em Zarit, na fronteira libanesa, conhecida principalmente por suas vinícolas.

A guerra ocorreu durante um período chave para a pré-colheita, que vai de julho até meados de agosto, e afetaram as vinícolas de Upper Galilee. Vinicultores e produtores foram impedidos de visitar as suas vinhas, algumas das quais danificados pela barragem antimíssil de Katyusha. Outras vinhas que se localizavam perto das fronteiras se tornaram zonas militares fechadas. Felizmente aquela guerra acabou com somente uma pequena parte da colheita danificada, principalmente a de uvas brancas.

Durante um atentado suicida há alguns anos, um ônibus cheio de passageiros foi atirado próximo a vinha de Mt. Meron, na Alta Galileia. Na ocasião, 18 pessoas morreram. Apesar do fato de que partes de corpos tiveram que ser retirados da vinha, os produtores não tiveram outra alternativa senão a de continuar a preparação para a próxima colheita. A vida continua.

A produção de qualquer tipo de vinho em meio a uma situação de segurança, já seria o bastante. Contudo, vinhos israelenses passaram por uma revolução da qualidade nos últimos anos e as recentes degustações feitas pela Wine Advocate mostram que eles têm recebido pontuações de classe mundial.

Os fundamentalistas são uma ameaça para todas as pessoas desta zona, sejam elas israelenses, libaneses ou palestinos. Além disso, esses terroristas são contra qualquer tipo de bebida alcoólica, como o vinho. Talvez, se os habitantes do Oriente Médio bebessem mais vinho e menos café, aquela fosse um lugar mais pacífico e sereno.

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