Preciosidades francesas

Descubra os vinhos do sul da França, como o Banyuls, o estilo ideal para harmonizar com chocolate

por Euclides Penedo Borges

fotos: Christian Burgos #R# Vimos como o Languedoc- Roussillon, no sul da França, está assumindo posição de destaque no mundo do vinho, com tintos de ótima relação custo-benefício, além de brancos e rosados delicados que evoluíram nos últimos anos. Sem falar nos magníficos vinhos de sobremesa tradicionais de Banyuls e Maury. Completemos, então, esta trilogia destacando peculiaridades do Languedoc e do Roussillon, com sub-regiões não abordadas nos artigos anteriores.

No Languedoc, em torno de Narbonne e Montpellier, encontram-se Faugères, Cabardès e Côtes de la Malepère com particularidades diferenciadas, pouco divulgadas entre nós. Acrescente-se também, por serem encontrados facilmente no Brasil, os chamados Vin de Pays d'Oc.

Com vista para o mar
Faugères, uma denominação de origem desde 1982, preserva sua distinção elaborando tintos de Syrah, Grenache, Mourvedre e da problemática Carignan, de um rubi brilhante fechado, nariz de frutas vermelhas, carnudos, mas com longevidade limitada a seis ou sete anos. Como exemplo das melhorias recentemente implantadas na AOC, a proporção da Carignan no corte foi restringida a quarenta por cento, no fim dos anos noventa.

Situados na altitude de duzentos e cinqüenta metros, dos terraços xistosos de Faugères, tem-se uma visão do Mar Mediterrâneo. Ali, o enólogo Phillipe Cauvy comanda a propriedade criada por seu avô durante a Segunda Guerra em uma garrigue, campo com ervas cujos aromas transferem para o vinho. Uma parcela do terroir dá nome ao seu tinto top, o Faugères "Le Malpas" Domaine de Cauvy. Companhia adequada para carnes de sabor marcante, o Faugère tinto tem como parceiro francês o "Daube de Boeuf", guisado de carne de boi cozido em vinho tinto. Entre os produtores confiáveis, além de Cauvy, estão Jacques Lésineau, o Château des Estanilles, Hecht & Bannier e Michel Louisson.

Fora dos muros históricos
A norte e sudoeste dos muros de Carcassonne encontram-se, respectivamente, os terroirs de Cabardès e de Côtes de la Malepère, que ainda são VDQS (vinho delimitado de qualidade superior), candidatos a AOC. Como situam-se nos limites de Bordeaux, essas sub-regiões podem utilizar-se tanto de Grenache e Cinsault quanto de Cabernet e Merlot.

Localizado nas colinas calcárias ao norte de Carcassonne, Cabardès sofre influência sensível do clima oceânico.A região produz vinhos tintos concentrados e cálidos, pouco longevos, com aromas de frutas maduras e nuances tostadas, adequado para um refogado de cordeiro ao tomilho. Um exemplar existente no Brasil é o "Cabardès Cirrus Domaine Abbots". As encostas de La Malepère espraiam-se a sudoeste de Carcassonne, protegidas do Mediterrâneo pelas montanhas de Corbièrs, mas expostas ao clima atlântico. Seus tintos, mais longevos que os de Cabardès, podem evoluir por cinco ou seis anos, apresentam-se com nariz de cassis e algo defumado, sugeridos para pratos de carnes delicadas como um coelho com ameixas.

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fotos: Christian Burgos
Fora dos muros de Carcassone, dois distintos terroirs

Vinho regional
Vinhos genéricos do Languedoc, de preços acessíveis, têm sido rotulados como Vin de Pays d'Oc. Encontramse por aqui, entre outros: o "Primo Palatum", o "Fortant de France Domaine Skalli" e o "Altera Schröder & Schyler". Estão nessa categoria, ainda que sejam Grand Crus, os brancos e tintos de Mas de Daumas Gassac.

Em Roussillon
Seguem-se, no extremo oeste da costa mediterrânea francesa, e portanto, com forte influência catalã, as sub-regiões do Roussillon, que inclui os tintos secos de Collioure e os magníficos vinhos doces, brancos da moscatel (Rivesaltes) e tintos da Grenache (Maury, Banyuls).

Colliure é uma região costeira com escarpas muito inclinadas que despencam em direção ao Mediterrâneo. Tintos de uvas supermaduras de Mourvedre e Grenache, carnudos, que se ajustam perfeitamente com codornas ou perdizes assadas. Entre os produtores, o Domaine du Mas Blanc, o Domaine de la Rectorie e os Celliers des Templiers.

Vinhos doces naturais
Quando se fala de Rivesaltes, ao norte da cidade de Perpignan, vem à mente seu vinho branco de sobremesa, o "Muscat de Rivesaltes".

Dois clones da Moscatel (Muscat à Petit Grains e Muscat d'Alexandrie), originam vinhos delicados, recendendo a mel, rosa, fruta cítrica e passas, para serem consumidos jovens, de preferência no primeiro ano. Os queijos azuis, o Roquefort em particular, têm no Muscat de Rivesaltes um companheiro de fé, como o "Muscat de Rivesaltes M. Chapoutier".

Na fronteira com a Espanha, na Catalunha francesa, encontram se Maury e Banyuls, pequenas denominações litorâneas produtoras de tintos doces da uva Grenache. Como peculiaridade, o estilo cozido ("vin cuit"), devido à exposição ao sol, em bombonas. Como resultado, ele fica parecido com um Porto, porém, mais delicado e menos alcoólico. Daí sua fama de bom companheiro de sobremesas com chocolate. No Brasil encontramos o "Banyuls Grand Cru l'Étoile", o "Maury Mas Amiel", o "Banyuls M. Chapoutier" e o "Banyuls Rimage do Domaine du Mas Blanc".

O Sul da França abrange uma gama variada de vinhos de qualidade, tintos, rosados e brancos de Corbiéres, Faugères, Fitou, espumantes de Limoux, brancos doces de Rivesaltes e do Minervois, tintos doces de Maury e Banyuls. Todos esses estilos estão à disposição dos consumidores brasileiros, e, o que é melhor, a preços bem acessíveis.

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