O vinho e a vela são duas paixões entre os velejadores. Juntos ou separados, os dois elementos não faltam na vida desses atletas.
por Gabriela Pasqualin
Torben Grael |
Antigamente, os marinheiros a bordo enrolavam oliveiras em suas cabeças, brindavam com vinho em homenagem às suas divindades, criavam um altar para um figurante representar Netuno e derramavam água pelo barco, antes de navegar.
Nos dias de hoje, a tradição consiste em batizar a embarcação regada a muito champagne. "Faz-se uma oferenda aos deuses do mar, em direção a barlavento (lado que entra o vento), com uma garrafa de champagne que deve ser quebrada na proa do barco. A bebida também deve ser servida aos amigos-testemunhas que participaram da ocasião solene", conta João Schimidt, velejador e autor de quatro publicações sobre navegação.
Lars Grael e seu proeiro |
Velejadores consagrados como Lars Grael, nada menos que dez vezes campeão brasileiro na classe Tornado, entre outros títulos, acreditam na crença e não deixam de batizar seus barcos para pedir proteção em alto-mar. "Sempre batizei meus barcos antes de velejar. Mas não ofereci apenas champagne aos deuses. Tiveram ocasiões que o batismo foi feito com cerveja e cachaça", revela Lars.
O velejador Roberto Pandiani também acredita no batismo com champagne. "Essa tradição já vem de tempos e eu respeito. Também costumo 'estourar' um champagne em ocasiões especiais, como na comemoração de um título", diz Betão, como é conhecido.
Robert Scheidt |
Os irmãos Torben e Lars Grael também apreciam mais o vinho tinto. "Bebo vinho apenas socialmente e de preferência tinto. Gosto bastante dos chilenos, já o meu irmão é um grande conhecedor de vinhos e curte muito a cultura da bebida", revela Lars sobre o irmão, já que Torben não pode nos conceder entrevistas, pois está a bordo do Brasil 1, participando da Volvo Ocean Race.
Beto Pandiani, em sua Travessia pelo Drake, além de velejar que é a sua maior paixão, teve a oportunidade de apreciar um bom vinho argentino durante os dias de frio. "Lembro que abastecemos o barco de apoio na Argentina com 180 garrafas de vinho tinto para nos aquecer diante daquele gelo todo", revela Betão.
É fato que a bebida de Baco está presente na vida dos navegantes desde a antiguidade, mas em competições, os atletas deixam o vinho apenas para a comemoração. Fora isso, não existe melhor combinação do que um brinde em alto-mar!
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