Vinho - 04.Nov - Polêmica

Vinicultores da Califórnia pedem água

por Redação

Rio Russian, na Califórnia
Uma verdadeira batalha está sendo travada entre os vinicultores da Califórnia e as autoridades do estado. O motivo? Água.

Para vinicultores, poucas coisas podem ser piores do que uma geada no final da primavera. O fenômeno pode matar os brotos das videiras em um momento em que a estação de crescimento está apenas começando. Normalmente, a maneira utilizada por eles para proteger a produção é pulverizar as vinhas com água continuamente. Mas e se não houver água?

A discussão entre produtores de uva da Califórnia e reguladores do governo está ficando cada vez mais polêmica. As vinícolas pedem autorização para que possam utilizar a água do rio Russian, que atravessa quase todo o norte do estado, para proteger suas videiras contra geadas. No entanto, as autoridades argumentam que os projetos apresentados pelas empresas possuem regras insuficientes para o controle da utilização da água.  

A precaução do governo californiano não é à toa. No último verão, partes do rio quase chegaram a secar, por causa de três anos consecutivos de estiagem no norte californiano. Além disso, o passado dos produtores de uva não é dos melhores. Em abril de 2008, a quantidade de água desviada por eles foi tanta, que o nível do rio baixou o suficiente para matar um número significante de salmões.

Após esse último acontecimento, diversas entidades governamentais e não-governamentais exigiram um melhor controle sobre a utilização do rio, principalmente no que se refere à sua utilização por vinicultores.

Em resposta, no final do mês passado, um estudo financiado por uma das produtoras de vinho da região mostrou que restringir a utilização de água contra geadas pode custar mais de dois bilhões de dólares por ano à economia da Califórnia. O valor foi calculado caso as vinícolas perdessem em média 10% de sua produção anual por causa do fenômeno, sem a ajuda da água do rio Russian.

John Dyson, co-proprietário da Williams Selyem que patrocinou a pesquisa, defende a necessidade das autoridades elaborarem um plano em que o uso da água possa ser equilibrado. "Nós dependemos do rio durante apenas 15 dias do ano", argumenta.

O Conselho da região de Sonoma, entretanto, não deu credibilidade ao estudo. Segundo seu representante, William Rukeyser, as conclusões do estudo de Dyson eram absurdas, porque foram baseadas na falsa ideia de que o conselho iria proibir completamente o bombeamento de água do rio para a época de geadas. "Se você fizer uma análise baseada em pressupostos errôneos, você obterá conclusões erradas", opinou.

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