Rica em legumes, cereais, frutas e vinho, a dieta mediterrânea é reconhecida pela UNESCO como Patrimônio Imaterial da Humanidade
Silvia Mascella Rosa Publicado em 18/04/2022, às 07h00 - Atualizado às 07h05
Desde meados do século passado muitos médicos, nutricionistas e cientistas estudam o que se convencionou chamar de "dieta mediterrânea".
Esse termo surgiu da observação de pesquisadores da Fundação Rockfeler (EUA) que fizeram vários estudos pois estavam intrigados com o fato de que populações de países como a Grécia e a Itália tinham maior longevidade e saúde do que pessoas dos Estados Unidos, com maior acesso às redes de saúde e aparentemente melhores condições de vida.
Os estudos demonstraram que o regime alimentar dessas populações europeias, localizadas nas beiras do Mar Mediterrâneo, favorecia a longevidade e a menor ocorrência de doenças coronárias, diabetes tipo 2, câncer e obesidade.
Entre os dias 6 e 7 de abril aconteceu, na Espanha, mais uma edição do Congresso Internacional da Dieta Mediterrânea, dentro do Salão Profissional Alimentaria 2022. Entre variadas evidências científicas sobre alimentos e a até sobre a ingestão de vinho, um novo dado foi pontuado por vários palestrantes, entre eles o Dr. Francesco Branca, Diretor do Departamento de Saúde e Nutrição da OMS: "A Dieta Mediterrânea é a que menos emite gases com efeito estufa, sendo, portanto, a mais sustentável também para o planeta, mais ainda do que a vegetariana", pontuou.
A dieta foi reconhecida pela UNESCO em 2010 como Patrimônio Imaterial da Humanidade e na declaração oficial do órgão ela é descrita como sendo: "(...)a dieta é caracterizada por um modelo nutricional que se mantêm constante no tempo e espaço e que consiste principalmente em azeite de oliva, cereais, frutas frescas e secas, vegetais (verduras e legumes), uma quantidade moderada de peixes, produtos lácteos e carne, e muitos condimentos e especiarias, tudo acompanhado por vinho ou chás, sempre respeitando as crenças de cada comunidade".
Durante muito tempo alguns pesquisadores questionaram tanto a presença de carne, de queijos e leite e também o consumo diário de vinho. Mas as novas pesquisas apontam que dentro dos parâmetros de moderação e preparação, esses alimentos são realmente importantes na dieta.
Os queijos por conta de serem alimentos fermentados e pelo fato da gordura neles ter efeito neutro sobre alguns aspectos da saúde podem ser consumidos, assim como a carne vermelha magra. O vinho, como parte da refeição, também segue sendo recomendado e apoiado pelos pesquisadores.
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A preocupação dos pesquisadores agora, revelada no Congresso, é com o excesso de comidas processadas e rápidas e com a perda de habilidades tanto de preparação dos alimentos quanto de passagem de conhecimento para as novas gerações que, mesmo preocupadas com a saúde, têm um estilo de vida onde o ato de cozinhar não é mais tão praticado quanto as gerações anteriores.
"Precisamos preservar o conceito e os valores dessa dieta, mesmo que seja necessário nos renovarmos em função das novas pesquisas e da evolução tecnológica do setor de alimentos", disse José Miguel Herrero, na abertura do Congresso. Ele é o Diretor Geral da Indústria de Alimentos do Ministério de Agricultura da Espanha.