Ribolla Gialla - conhece?

Uva branca natural da região italiana de Frilui, fronteira com a Eslovênia, faz sucesso entre os espumantes

Silvia Mascella Rosa Publicado em 24/03/2022, às 10h00

A história da Ribolla Gialla está ligada ao leste europeu e é conhecida como Rebula do lado esloveno -

Os apaixonados por vinhos brancos (e aqui em ADEGA somos vários) estão sempre buscando por vinhos de uvas diferentes, mais até do que os apreciadores das tintas.

Por isso resolvemos apresentar uma uva que você talvez não conheça (ou só conhece se teve contato com os vinhos laranja) e da qual a equipe da revista já provou alguns exemplares engarrafados. É a Ribolla Gialla, Ribolla Amarela, como fica fácil perceber olhando a cor da uva madura.

No nordeste da Itália, região conhecida como Friuli Venezia Giulia, que faz divisa interna com o Vêneto e externa com a Áustria e a Eslovênia, são produzidos alguns dos melhores vinhos brancos de todo o país, especialmente na divisa eslovena. Por lá são três zonas importantes: Collio, Colli Orientali del Friuli e Isonzo. A Ribolla Gialla não é a principal uva branca, embora esteja reconquistando muito do espaço que perdeu no passado. As principais uvas brancas da região, segundo o Catálogo Viti italiano, são a Pinot Gris, a Glera, Tocai Friulano, Chardonnay e Ribolla Gialla.

A Glera, uva utilizada para fazer o Prosecco, tem grandes áreas de cultivo no Friuli e produz espumantes sem a DOCG que pertence à região vizinha, do Vêneto. A Ribolla Gialla também entra em muitos espumantes e esse é um dos motivos de seu cultivo ter voltado a crescer. Segundo um estudo do ano de 2020, publicado na Nature.com, a Ribolla Gialla é uma variedade ancestral e muito importante na região, correspondendo hoje a 20% da viticultura da área. As menções históricas a essa uva datam de 1409 (um vinho de Ribolla de Rosazzo e o nome Vino ribolium), documentos como o inventário do conde Pietro di Maniago, que menciona as variedades Ribolla Gialla e Verde e também em livros deixados por religiosos que cultivavam uvas, como um de padre Matija Vertovec, que menciona a variedade em 1844.

Vinhedo da uva Ribolla Gialla na região italiana de Collio

A história da Ribolla Gialla está particularmente ligada a variedades do leste europeu, ela é conhecida como 'Rebula' do lado esloveno e tem parentesco direto com uvas que deram origem a muitas cultivares importantes (como a Chardonnay e a Gammay, por exemplo) e, mesmo com nome parecido, nada tem a ver com a Robola, cultivada na Grécia.

Walter Filiputti, vinhateiro e autor do livro "A Moderna História do Vinho Italiano" afirma que a Ribolla Gialla é a uva mais moderna que existe agora, simplesmente por ser a mais velha, com quase 800 anos de história em uma região. Ele conta que ela produz vinhos que foram se transformando e adaptando através dos séculos, e que é natural o declínio de algumas variedades que podem ser redescobertas. "O futuro dessa uva tão antiga depende muito do tratamento que os vinhateiros darão a ela e da reinterpretação de suas qualidades, seja para espumantes com capacidade de envelhecer bem (como já vemos aqui na região), seja em cortes com a Refosco e a Malvasia ou como varietal de estilos diferentes", explica Filiputti.

Para quem quer se aventurar e conhecer os vinhos feitos com a Ribolla Gialla, é bom saber que os aromas não são extremamente marcantes na maioria dos vinhos (embora seja comum encontrar notas de maçãs verdes, limão siciliano e notas florais) mas o estilo que pode ser fresco ou mais profundo, fácil de beber, e em alguns casos bem estruturados e com um componenete de mineralidade, podem encantar muita gente.

Ficou curioso? Acesse o Melhor Vinho e veja as resenhas sobre os Ribolla Gialla degustados pela equipe ADEGA.

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