As principais pragas que podem atrapalhar durante a elaboração de um bom óleo
por João Calderón
![]() |
| A mosca da azeitona é considerada a praga mais temível pelos produtores, sendo considerada a "filoxera das olivas" |
No final do século XIX, a filoxera se transformou no maior inimigo dos produtores de uva. Esta era a praga mais devastadora da viticultura mundial, responsável por alterar bruscamente a distribuição geográfi ca da produção vinícola, além de provocar uma crise global na produção e comércio dos vinhos, e que perduraria quase meio século.
Mas, por que falar de um assunto que todos nós já estamos cansados de ouvir? Simplesmente porque não é só de coisas boas que vive o óleo de oliva. É bem verdade que sua praga nunca causou um alvoroço tão grande quanto a filoxera, porém, uma delas poderíamos tratar, sim, como a filoxera das oliveiras: a mosca-da-azeitona.
Desde os tempos antigos as oliveiras sofreram diversos ataques de diferentes tipos de pragas, sendo eles insetos, fungos, ervas daninhas, parasitas e bactérias, que prejudicavam tanto o fruto como a própria planta e, consequentemente, o óleo de oliva. Dentre os insetos que interferem negativamente na produção das oliveiras estão a mosca-da-azeitona, a traça-da-oliveira, a cochonilha- preta, o algodão, o caruncho, o trips e a pirale-da-oliveira.
Estas moscas são pequenas e difíceis de serem vizualizadas. Quando põe seus ovos na oliva, ela faz diversos orifícios no fruto, destruindo sua polpa e permitindo que, por essas pequenas galerias, entrem outros tipos de infestações secundárias, como fungos e bactérias, que acabam por decompor o fruto de tal maneira que seu peso reduz e, dependendo de quanto o fruto for prejudicado, ele pode cair prematuramente.
Tais mutações que ocorrem na azeitona acabam prejudicando as características organolépticas de seu principal produto, o azeite de oliva. Atributos gustativos negativos podem ser percebidos em degustações, como uma acidez excessiva; notas de mofo, encontrado em frutos que caíram no chão antes da colheita e foram atacados por fungos e leveduras; ou ainda um sabor muito desagradável, lembrando literalmente verme, em azeites produzidos com azeitonas que tenham sido fortemente atacadas pelas larvas da mosca-da-azeitona.
Em algumas partes do mundo, onde existe a mosca-da-azeitona e onde ela não é controlada, ela reduz consideravelmente a quantidade e qualidade do óleo, e quando se trata de variedades de azeitonas de mesa, pode ser capaz de destruir toda a produção. Em algumas zonas europeias não é permitido plantar esses tipos de cultivar porque o controle desta peste não é economicamente viável.
#Q#
Outras pragas
Outro inseto que pode causar perdas consideráveis na produção de azeitonas é a traça-da-oliveira. Ela se desenvolve em três gerações sincronizadas com o cultivo da oliveira, cada uma delas agindo em uma parte diferente da planta: folhas, flores e frutos. Elas abrem orifícios no fruto e vão se instalar junto ao caroço. Quando a traça alcança o tamanho adulto, ela sai da oliva, só que, para isso, faz um buraco junto ao pedúnculo da azeitona, resultando no tombamento do fruto.
![]() |
| Em sua fase adulta, a mosca põe entre 50 e 400 ovos. Em geral, um em cada azeitona |
Além dela, existe ainda a cochonilha-preta, que atua em olivais mais úmidos, nas proximidades de rios. Ela suga a seiva das árvores e excreta uma substância que atrai as moscas-da-azeitona. Há ainda o algodão-da-oliveira, que também suga a seiva das oliveiras, causando a queda de flores e folhas. Tem-se também o caruncho, que hiberna em pequenas cavidades formadas na oliveira, podendo causar a morte de árvores já mais enfraquecidas. Já o trips hiberna nas fissuras do caule das oliveiras, pondo ovos nas fendas da árvore, de maneira que suas folhas se retorcem e os seus frutos ficam menores do que o normal. Isso pode afetar não só a colheita do ano, como também a dos anos subseqüentes. Por fim, a pirale-da-oliveira é um tipo de traça que se infiltra na base dos troncos, bloqueando a circulação das seivas e matando as extremidades das plantas.
Existem também algumas bactérias e fungos que podem vir a atacar a planta, como a gafa, que afeta as oliveiras e ataca as azeitonas no outono, quando acontece a maturação do fruto; o olho-de-pavão, que pode causar o desfolhamento da oliveira e seu consequente enfraquecimento; e a tuberculose da oliveira, que causa uma hipertrofia no tecido vegetal das plantas.
Por muitos anos, as pragas e doenças dos olivais foram consideradas sem qualquer possibilidade de serem solucionadas. Então, nada era feito para se obter um controle. Hoje, apesar de os olivais serem mais densos - o que favorece a propagação das pragas - e de a oliveira cultivada ser mais frágil do que as plantas espontâneas, já existem inúmeros remédios e produtos químicos para combater as pragas e acabar de uma vez por todas com a ameaça de uma nova filoxera.
+lidas

Alvarinho e queijos, várias possibilidades para ótimas harmonizações

Garrafas de plástico são cada vez mais frequentes no mundo do vinho

Quais são os blends mais famosos do novo mundo

Opus One processa fornecedor por contaminação

Baronesa com nome de rainha tem história fascinante e, hoje, grande vinho feito no... Chile!