Enquanto a Argentina confirma em 2022 uma série de safras histórica, a Nova Zelândia tem ano importante após queda na produção em 2021
por André De Fraia
Argentina e Nova Zelândia vivem cenários diversos no mundo do vinho, mas a safra 2022 veio para mostrar que os desafios – diferentes, mas presentes – estão aí para nenhum viticultor reclamar de marasmo.
Após as duas safras concluídas os relatórios e as impressões iniciais trazem uma primeira impressão sobre o que esperar dos dois países.
A principal região produtora argentina, Mendoza, é altamente dependente da neve dos Andes que, ao derreter, é utilizada na irrigação dos vinhedos. Esse já foi o primeiro problema. Uma primavera fresca e seca, com baixas taxas de queda de neve resultou em menos água disponível para os viticultores.
Mas mais drama ainda estava por vir. Cinco geadas foram registradas entre outubro e novembro, algumas delas bem severas, trazendo uma perda média nos rendimentos da produção de 10%. Mas alguns produtores relataram um prejuízo de até 25%.
O problema seguinte foi a chuva que, apesar de vir dentro da quantidade histórica para a região, ficou muito concentrada em dois períodos: primeiro em dezembro o que forçou as vinícolas a acelerar a colheita das uvas brancas e depois em março atrasando o amadurecimento das uvas tintas.
Porém, segundo diversos produtores, a colheita deve manter a qualidade dos últimos anos e se somar a um período de safras históricas, com os vinhos brancos de boa qualidade e excelente frescor, mas em menores quantidades e os tintos mais concentrados e com bom potencial de envelhecimento.
"Não há dúvida de que foi uma colheita muito incomum", diz Alejandro Vigil, presidente da Wines of Argentina e enólogo-chefe da Catena Zapata. “Mas o fato é que foi um dos melhores que já vi em termos de qualidade. Tenho certeza de que nos lembraremos dele como um dos melhores dos últimos anos”.
A Nova Zelândia tem vivido de altos e baixos em termos de colheita nos últimos anos. O volume total de uvas colhidas em 2020 atingiu 457.000 toneladas, um aumento de 11% em relação a 2019. Mas em 2021 a história foi diferente, queda de 19% com um total de 370.000 toneladas.
E a safra 2022 inicialmente não parecia tão animadora. A pandemia de Covid-19 que fechou a Nova Zelândia para o resto do mundo trouxe um problema de mão de obra que se tornou um gargalo para a produção. O aumento do custo de insumos também era visto com pessimismo pelos produtores que temiam perder mercado consumidor.
No entanto, após a safra estar finalizada as perspectivas são positivas. Apesar dos números finais ainda estarem sendo computados e com previsão de divulgação em meados de junho, os produtores já comemoram um retorno ao crescimento na produção e a esperança de um bom ano de 2022 nas vendas.