As restrições da pandemia diminuíram a circulação de mão de obra especializada
por Silvia Mascella Rosa
A promissora safra 2022 na Nova Zelândia está começando agora, com um desafio que nada tem a ver com a qualidade das uvas: mão de obra. Normalmente, grupos de trabalhadores especializados circulam entre as vinícolas que têm terroirs e momentos de colheita diferentes e até entre países 'vizinhos', como a Austrália, Nova Zelândia e Tasmânia. Mas as restrições de viagens impostas pela pandemia e recentemente, pela variante ômicron, levaram muitos donos de vinícolas a acessar a ajuda de amigos.
A Dog Point, produtora da região de Marlborough, está buscando todo par de mãos para auxiliar neste ano: "Nós vinhateiros estamos trabalhando duro, também nesta fase, para conseguir trazer trabalhadores especializados para a colheita, pagando até passagens internacionais para assegurar essas pessoas, mas há uma falta crônica de trabalhadores agora", diz Matt Shutherland, gerente geral da Dog Point.
É bem provável que no ano que vem, com as restrições caindo, a colheita seja mais fácil, mas para 2022 a busca foi até os amigos e pessoas da região que tenham alguma experiência em colher uvas. A vinícola começou a colheita de uma pequena parcela no dia 10 de março, apenas com um grupo de 30 pessoas que trabalha nos vinhedos e na cantina, mas nas próximas semanas - com o amadurecimento da Pinot Noir, Chardonnay e Sauvignon Blanc - eles precisarão de mais gente. "Estamos trabalhando com um plano de crise desde a safra de 2020, e temos tido que ser cada vez mais criativos ao longo dos anos" afirmou Shuterland, que disse que para essa fase precisaria de 120 pessoas, mas que ficará satisfeito se conseguir ao menos 80.
A Alapa Vineyard Services, empresa que presta serviços para as vinícolas na Nova Zelândia, busca mão de obra em vários locais e aponta que a crise de trabalhadores está forte: "Ano passado trouxemos 70 trabalhadores da Tailândia, mas 20 deles tiveram que retornar para seu país antes da safra. Deveríamos ter recebido 22 pessoas da Samoa em novembro, mas eles só puderam chegar no fim de fevereiro. Em números totais, deveríamos ter 250 trabalhadores sazonais agora e temos apenas 100, explica Alan Wilkinson, chefe da Alapa.
Outra mão de obra que está fazendo falta é a dos mochileiros, gente jovem que circula o mundo fazendo trabalhos que pagam pela estadia e pela próxima viagem deles, e embora essa turma pareça pequena, na Nova Zelândia eles respondem por um terço dos trabalhadores da colheita. E neste ano não há praticamente nenhum. Enquanto isso, as uvas seguem sua maturação final, numa safra que está bastante boa para algumas uvas e nem tanto para outras que sofreram com a chuva e o calor de dezembro último em algumas regiões.
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