Do terror ao frescor

Túneis do Hezbollah podem se tornar adegas de vinho

Deputado libanês gera polêmica ao defender uso turístico e econômico de infraestrutura militar no sul do Líbano

Proposta de converter túneis do Hezbollah no sul do Líbano em adegas de vinho planeja uso econômico e turístico das estruturas paramilitares desativadas - AI
Proposta de converter túneis do Hezbollah no sul do Líbano em adegas de vinho planeja uso econômico e turístico das estruturas paramilitares desativadas - AI

por Redação

O parlamentar independente cristão Adib Abdel Massih propôs que túneis escavados pelo Hezbollah no sul do Líbano sejam convertidos em adegas de vinho, em vez de destruídos. A sugestão, feita em uma publicação na rede X, surge em meio aos esforços do governo libanês para desmantelar a infraestrutura paramilitar não estatal após o acordo de cessar-fogo com Israel firmado em novembro.

“Garrafas, não bombas — esse é o Líbano com que sonhamos”, escreveu o deputado. Abdel Massih afirmou que apresentará uma proposta oficial ao Exército e ao governo para preservar os túneis, defendendo que eles poderiam ter “valor agregado” se adaptados para fins econômicos e turísticos.

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O parlamentar citou como exemplo os túneis de Milestii Mici, na Moldávia, construídos originalmente com fins militares durante a Segunda Guerra Mundial e hoje reconhecidos pelo Guinness World Records como as maiores adegas do mundo, com mais de 1,5 milhão de garrafas, algumas datadas de 1968.

A proposta surge enquanto o Exército libanês executa a decisão de agosto do governo de reforçar o monopólio estatal sobre as armas, medida vista como tentativa de limitar a presença militar do Hezbollah. A operação inclui o mapeamento e desmonte de túneis subterrâneos que, segundo Israel, eram utilizados pelo grupo para movimentar combatentes e armamentos.

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A ideia de Abdel Massih provocou controvérsia no país, cuja estrutura política é baseada em um delicado equilíbrio entre grupos religiosos. O Hezbollah, movimento xiita, proíbe o consumo de álcool, o que torna a proposta especialmente sensível.

Para o parlamentar, no entanto, a transformação dos túneis em adegas seria um gesto simbólico de reconstrução nacional. “Esse projeto converte locais controversos em símbolos produtivos e de unidade”, declarou. Ele argumenta que a iniciativa poderia gerar benefícios econômicos sustentáveis e promover uma nova imagem do Líbano, substituindo o simbolismo da guerra por um de criatividade e paz.

Os túneis atribuídos ao Hezbollah compõem uma complexa rede subterrânea, construída com maquinário pesado e engenharia avançada, utilizada para armazenar armas, movimentar suprimentos e realizar ataques contra Israel. Algumas passagens se estendem por vários quilômetros, conectando diferentes bastiões do grupo no sul do país.

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