Champagne ao lado do meio ambiente

Enólogos de Champagne se revoltam contra retrocesso ambiental

Em carta aberta publicada no Le Monde, os enólogos cobram que promessas ambientais feitas em 2018 sejam cumpridas

Enólogos de Champagne cobram que a política zero herbicida seja implementada
Enólogos de Champagne cobram que a política zero herbicida seja implementada

por André De Fraia

Os enólogos de Champagne iniciaram o primeiro movimento que está sendo acompanhado de perto por diversos players do mundo do vinho.

Em carta aberta ao jornal francês Le Monde, os enólogos cobraram a promessa feita em 2018 pela Union des Maisons de Champagne, órgão que representa as maiores vinícolas da região, de que os herbicidas químicos seriam erradicados dos vinhedos até 2025.

Segundo a carta aberta, em 2018 Jean-Marie Barillère, então presidente da Union des Maisons de Champagne disse: “Só há duas saídas possíveis: ou avançamos ou somos forçados a mudar, com todos os riscos que isso acarreta em termos ecológicos, em termos de imagem e, portanto, em termos econômicos para a nossa indústria e os nossos negócios. Prefiro abrir caminho para um Champagne virtuoso, em vez de ficar a remoer o passado". Ao seu lado estava Maxime Toubart, presidente do Syndicat General des Vignerons.

No entanto, após críticas severas quando os vinhedos chegaram a apresentar coloração laranja no início da safra 2022 devido ao uso desenfreado dos herbicidas químicos, Toubart disse em entrevista que não iria impor a política de herbicida zero no livro de regras da denominação de Champagne. E sem citar diretamente o movimento, disse em discurso na assembleia geral da Associação Vitícola de Champagne que “aqueles que afirmam trabalhar de maneira ambientalmente limpa, por definição, implicam que os outros trabalham de maneira prejudicial ao meio ambiente".

Segundo diretores e representantes do Syndicat General des Vignerons, Toubart não vê sentido em forçar a mudança e excluir da denominação produtores seculares que podem não seguir a diretriz por razões técnicas, financeiras ou mesmo que não acreditem que seja essa a solução.

No entanto, a carta aberta dos enólogos não deixa dúvida de que a briga está comprada: "Nós, produtores de Champagne, das Maisons de Champagne e membros de cooperativas, convocamos o Syndicat General des Vignerons e a Union des Maisons de Champagne a continuar implementando sua estratégia de progresso respeitando o prazo de 'Zero Herbicidas até 2025', abraçando uma compromisso efetivo e sustentável do nosso setor, no interesse de todas as partes interessadas na região de Champagne e nossos concidadãos."

E finaliza: "Somos os atores e guardiões de uma das denominações de vinho mais prestigiadas do mundo. Que tipo de Champagne queremos deixar para nossos colegas mais jovens, aos nossos filhos, aos nossos concidadãos de Champagne? 

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