Tinto ou branco? Segundo a pesquisa, cada estilo de vinho traz um benefício à saúde
por Silvia Mascella
Até algumas décadas atrás, a maioria dos estudos sobre vinho e saúde tinham foco na quantidade ingerida e nos malefícios que o consumo de bebidas alcóolicas poderiam causar. Com os evidências sobre a dieta mediterrânea, os pesquisadores começaram a compreender melhor que nem todo consumo é prejudicial, e o foco foi bastante direcionado aos vinhos tintos.
Logo se descobriu que uma série de compostos presentes nos tintos têm papel importante na manutenção de alguns aspectos da saúde. O mais estudado até agora é a saúde cardiovascular e sua relação com o resveratrol e os polifenóis e a questão ainda não plenamente respondida é qual é a quantidade ideal. Mas um estudo, publicado na revista científica Obesity Science and Practice, liderado pela Dra. Brittany Larsen da Faculdade de Iowa (EUA), revela que assim como a quantidade, o tipo de bebida alcoólica ingerida também faz diferença.
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A pesquisa foi realizada com base na análise de 1.869 participantes do Biobank Study, da Inglaterra, uma database biomédica que coleta informação detalhada sobre a saúde de mais de 500 mil pessoas no Reino Unido. Esse banco de dados é utilizado por pesquisadores de várias partes do mundo.
O primeiro resultado que chamou a atenção é que o consumo de vinho não leva ao acúmulo de gordura visceral, o tipo de gordura que, diferente da subcutânea, envolve os órgãos internos, tornando-a mais prejudicial e difícil de se livrar. Isso já não pode ser dito sobre outras bebidas pesquisadas, a cerveja e os destilados, esse elevam a quantidade de gordura visceral, o que pode aumentar o risco de doenças cardíacas e outros problemas de saúde.
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Já o resultado sobre o vinho tinto, especificamente, mostrou que o consumo por participantes adultos tem potencial para reduzir a gordura visceral, com dois efeitos: a redução da inflamação causada pelo acúmulo de gordura e pelo aumento das lipoproteínas – proteínas do colesterol bom.
Porém, e talvez o mais interessante, é que diferentes tipos de vinho possuem benefícios distintos para o organismo. Enquanto o vinho tinto diminui a gordura má, o vinho branco está ligado ao aumento da densidade óssea. “Encontramos maior densidade mineral óssea entre adultos mais velhos que bebiam vinho branco com moderação em nosso estudo. E não encontramos essa mesma ligação entre o consumo de cerveja ou vinho tinto”, disse a Dra. Brittany Larsen.
Segundo a pesquisa, o envelhecimento é acompanhado por um aumento da gordura visceral que pode elevar o risco de doenças cardiovasculares, além da redução na densidade mineral óssea. O estudo descobriu que o vinho tinto e branco podem ajudar a resolver esses dois problemas, atuando para melhorar a saúde da população. É claro que o consumo de bebidas alcoólicas só é indicado para pessoas que não tenham problemas prévios que impeçam esse consumo, e sempre em doses moderadas.
“O álcool tem sido considerado um possível fator determinante para a epidemia de obesidade. No entanto, o público muitas vezes ouve informações conflitantes sobre os potenciais riscos e benefícios do álcool. Portanto, esperávamos ajudar a desvendar alguns desses fatores por meio de nossa pesquisa”, acrescentou Larsen.