O momento do vinho

Pela primeira vez na Bienal, a Expovinis Brasil teve dificuldades de organização e infra-estrutura, mas atraiu um grande público, entre empresários e consumidores

por Fernando Roveri

ADEGA marca presença na Expovinis

O prédio da Bienal já pode ser considerado um "ponto de encontro" de alguns dos maiores eventos do país. Duas vezes por ano, o local recebe o São Paulo Fashion Week, o maior evento de moda da América Latina, além de eventos paralelos no decorrer do ano, envolvendo arte, cultura e negócios.

A Bienal recebeu, pela primeira vez, o maior salão internacional do vinho na América Latina. A 11ª edição da Expovinis abrigou 250 expositores e recebeu, em seus três dias, cerca de 21 mil visitantes, entre profissionais do ramo, enófilos esclarecidos e muitas pessoas curiosas, interessadas em conhecer um pouco mais o assunto.

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Os números iniciais são animadores. No entanto, a Expovinis Brasil apresentou uma série de problemas que os expositores não esperavam, muito menos os visitantes. A temperatura da cidade foi em média 30ºC durante a semana do evento, e era de esperar que o local estivesse com condições climáticas satisfatórias para abrigar a feira. No entanto, quem permaneceu no prédio da Bienal durante os três dias foi obrigado, literalmente, a suar a camisa. A degustação de vinhos, uma bebida que depende do ambiente para ser bem apreciada, foi bastante prejudicada. Expositores que não tinham estandes com ar condicionado foram obrigados a improvisar ventiladores e doses extras de gelo.

Corredores e entrada da feira: sucesso de público e crítica à organização

Apesar dos problemas, no entanto, a feira conseguiu atrair um alto número de visitantes. Empresários do setor aproveitaram a chance para conhecer o portfólio das principais importadoras do país e conhecer produtores que até então nunca haviam participado do evento. Também foi a oportunidade de produtores internacionais mostrarem seus vinhos pela primeira vez no mercado brasileiro e conferir a repercussão direta do público.

Painel da opinião dos expositores
fotos: Wellington Cerqueira● "Fiquei surpresa com o número de visitantes, mas muitos vêm aqui, provam o vinho e saem, quando o nosso interesse é que as pessoas perguntem, procurem conhecer". Gabriela Quinteros, responsável pela assessoria de imprensa - Fundación Pró-Mendoza com 23 expositores da região vinícola mais importante da Argentina.
● "Houve uma excelente procura, mas uma feira de vinhos sem ar condicionado é inadmissível. Quem veio no primeiro dia reclamou do calor e do estacionamento, fez propaganda negativa e influenciou as pessoas a não virem" - Aaron Bittencourt, departamento de marketing da Miolo.
●"A feira possibilita o relacionamento entre cliente, empresa e também a imprensa, mas o espaço precisa ser climatizado para receber esse tipo de evento" - Mônica Maia, gerente de marketing da Ana Import.
● "Apesar das críticas ao calor e à desorganização, as pessoas degustam e fazem perguntas, isso é bom porque os produtores vêem que há um bom retorno no investimento que fazem aqui" - Vera Villaça, gerente comercial da Adega Alentejana.
● "A vinda da Expovinis para a Bienal trouxe mais pessoas participativas este ano" - Bell Marques, produtor do vinho "Cantador".
● "Para nós, foi muito produtivo. Fizemos contato com clientes de varejo, consumidor final, todos os canais que nos proporcionam boa visibilidade" - José di Stasio, gerente comercial da Georges Aubert.
● "Trouxemos nossos produtores-chave para participar. Além disso, a Expand foi bastante procurada por ser a importadora responsável pelos vinhos oferecidos ao Papa Bento XVI durante sua visita ao Brasil. As pessoas ficaram curiosas e vieram saber quais eram os vinhos" - Tibor Sotkovski, diretor de marketing da Expand.
●"Foi uma péssima idéia trazerem a feira para a Bienal. Esse calor atrapalha completamente a prova dos vinhos" - Guilherme Corrêa, sommelier da Decanter.
● "Como se faz uma feira de vinhos sem climatização? Tive que improvisar ventiladores no meu estande. Para mim, a organização pecou feio em logística e comunicação visual" - Ivan Hannickel, diretor comercial da Vinea Store.

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Brasil Cachaça e Epicure 2007
No andar superior do prédio da Bienal, ocorreu a Feira Brasil Cachaça e a Epicure 2007, voltados para a divulgação do destilado mais famoso do país, e também de charutos e produtos para harmonização. Foi a oportunidade de mostrar a empresários e consumidores que o destilado tem conquistado um espaço cada vez mais crescente no mercado de bebidas, não somente no Brasil, mas também no exterior, com o investimento na produção de cachaças premium. Houve quem aprovasse e desaprovasse a idéia de envolver tais produtos com uma feira de vinhos.

● "Para mim, agrega produtos que têm o mesmo público, há harmonizações de charutos com vinhos mais fortes e também com cachaça" - Edna Pereira, distribuidora executiva da Davidoff
● "Em termos de público, superou comercialmente, apesar dos problemas da infra-estrutura. A junção de cachaça com charuto é uma boa idéia, só achei que faltaram outros tipos de bebidas" - Taíse Vale, gerente de promoção e marketing da Menendez Amerino
● "Não vejo problema em reunir cachaça e vinho no mesmo local. O importante é saber freqüentar e saber provar, é apenas uma questão de educação dos freqüentadores" - Guilherme Corrêa, sommelier da Decanter
● "Acho positivo, são dois meios distintos que não se confundem, e ambos estão em crescimento. Um bebedor de vinho toma cachaça, mas um bebedor de cachaça não toma vinho" - Bell Marques, produtor do vinho "Cantador"
. ● "Não acho que atrapalha, mas para mim, são coisas distintas, não sei se vinho tem a ver com cachaça" - Simone Siebert, responsável pela divulgação dos vinhos Herdade do Esporão e Quinta do Crasto.
● "Cada vez mais o charuto estál ligado à gastronomia e à degustação, e o charuto eh extremamente harmônico com cachaças envelhecidas" - Rodrigo Gorga, epicure sommelier da Lenat.

fotos: Wellington Cerqueira
Detalhe do stand da Revista ADEGA

Balanço final
Em sua 11ª edição, a Expovinis Brasil mostrou que é um evento de suma importância para o mercado vitivinícola no Brasil, destacando a posição do país no mercado interno e externo. O número de expositores cresce a cada ano, prova de que o investimento de vinícolas, comerciantes e importadores têm obtido resultados positivos. No entanto, a edição deste ano apresentou problemas que, infelizmente, refletiram na qualidade do evento. Nós, da Revista ADEGA, fizemos um balanço dos três dias do evento.

O RUIM
● A reclamação de 100% dos expositores e visitantes foi o calor implacável dentro do pavilhão pela falta de sistema de refrigeração. Isso foi desagradável a participantes e visitantes e prejudicial à degustação de vinhos;
● As rampas de difícil acesso e a falta de elevadores causaram grande transtorno a idosos e pessoas com dificuldade de locomoção, e também às montadoras de estandes;
● O trânsito caótico na região e a falta de estacionamento;
● Quem não levou as próprias taças para degustação dependeu das taças oferecidas pelo evento, que muitas vezes faltavam;
● A limpeza dos banheiros foi sofrível;
● A mistura de profissionais, vips e visitantes não permitiu que os expositores pudessem se organizar melhor, de acordo com o público.

O BOM

Pavilhões da Bienal: vinho, cachaça e charuto

● O número de expositores chegou a 250 este ano;
● Grande aumento no número de visitantes, que este ano,segundo a organização, superou 21 mil pessoas - prova de que o vinho está conquistando mercado;
● A localização central da Bienal estimulou a visitação;
● TOP 10 melhor que no ano anterior;
● A organização reconheceu os problemas e erros e está buscando alternativas de locais e infra-estrutura adequadas.

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