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Prestige

Quais grandes cuvées de Champagne todo enófilo deveria conhecer?

por Arnaldo Grizzo

Champagne

Quando chega o fim do ano, tempo de festas e comemorações, é difícil não pensar em espumante. Principalmente, Champagne. E para ocasiões verdadeiramente especiais, deve-se escolher um brinde compatível com a altura do acontecimento. É principalmente nessa hora que surgem em nossa mente alguns rótulos especiais de Champagne, as ditas cuvée prestige.

Há inúmeras casas de Champagne e a maioria delas, além do “básico”, geralmente oferece rótulos que vão além. Há quem ache que essas cuvées são uma moda relativamente recente, mas não. Devemos lembrar que as casas de Champagne são especialistas em marketing e souberam trabalhar com ele desde os primórdios, quando vendiam produtos exclusivos dentro e fora da França.

Louis Roederer certamente foi um pioneiro nesse aspecto. Ele já tinha seus espumantes bem estabelecidos na corte russa no século XVIII, mas, em 1876, a pedido do Czar Alexandre II, decidiu fazer um vinho especial, customizado para agradar o governante russo, seu principal cliente. A garrafa transparente, até então feita somente para consumo do czar, daria início a uma série de cuvées prestige das casas mais importantes, que se valeram de vinhedos únicos, assemblages especiais, maior tempo de envelhecimento, dégorgement recente de garrafas de safras singulares etc. – tudo para tornar a bebida mais rica e exclusiva.

Confira a seguir 10 cuvées prestige que acreditamos que todo enófilo precisa conhecer. Os apreciadores desses rótulos podem degustar um pouco do que há de melhor em espumantes no mundo.

Bollinger

Bollinger RD

A marca Bollinger está quase sempre associada ao famoso agente secreto 007, personagem de Ian Fleming. Mas a casa, fundada em 1829, teve seus momentos áureos durante a gestão da Madame Lilly Bollinger. Essa intrépida viúva criou uma linha que ficou conhecida como RD, abreviação para “Récemment Dégorgé”, ou seja, vinhos-base de longuíssima maturação recentemente desgorjados. A primeira cuvée RD foi criada em 1967 e causou uma revolução, levando cada vez mais casas a maturar seus Champagnes por muito mais tempo antes do lançamento.

Cristal

Cristal

Esta é outra garrafa inconfundível, por sua transparência e seu fundo liso (e não côncavo como as garrafas convencionais de Champagne). Acredita-se que tenha sido a primeira cuvée prestige, criada em 1876, a pedido do czar russo Alexandre II (reza a lenda que ele solicitou que as garrafas fossem transparentes por medo de haver bombas escondidas dentro delas). A produção da Cristal foi interrompida em 1917 após a revolução bolchevique, mas voltou anos depois. São mais de seis anos de amadurecimento nas caves.

Armand de Brignac

Armand de Brignac Ace of Spades

As inconfundíveis garrafas metalizadas do “Ás de Espadas” fazem sucesso no mundo todo e não somente por sua aparência. O líquido no interior é precioso. A marca Armand de Brignac, hoje gerida pelo rapper Jay-Z, é um projeto de cuvées prestige da Maison Cattier, que começou a selecionar vinhos de grandes safras do novo milênio e lançou a primeira Ace of Spaces, um blend de três grandes anos, em 2006 com seu inconfundível brilho dourado e o símbolo da carta de baralho. Depois surgiram as outras versões, rosé, demi-sec, Blanc de Blancs, Blanc de Noirs etc.

Deutz

William Deutz

Em 1838, em parceria com Pierre-Hubert Geldermann, o alemão William Deutz fundou a Champagne Deutz, em Aÿ. A cuvée prestige da casa foi lançada em 1961 e batizada em homenagem a seu fundador. O vinho, feito somente em safras especiais, permanece no mínimo cinco anos amadurecendo nas caves. Mais de 30 anos depois, a casa lançou outra grande cuvée, a Amour de Deutz, um Blanc de Blancs, com garrafa transparente e uma medalha com o símbolo do cupido feita pelo famoso designer francês Pascal Morabito.

Dampierre

Comtes de Dampierre Prestige

Um Blanc de Blancs com uvas Chardonnay dos mais famosos vinhedos da Côte des Blancs: Oger, Cramant e Mesnil-sur-Oger. A casa fundada foi em 1986 por Audoin de Dampierre, ou seja, é recente (tem pouco mais de 30 anos), mas cultiva tradições ancestrais, como, por exemplo, prender as rolhas com barbante (um método conhecido como “ficelage” – “amarração”). Até mesmo o rótulo é uma reprodução do século XIX. Esta cuvée permanece amadurecendo por mais de uma década antes de ser desgorjada.

Pol Roger

Pol Roger Sir Winston Churchill

Tão logo Paris foi retomada pelos aliados na II Guerra, o primeiro ministro britânico compareceu a uma festa onde foi servido um Champagne da safra de 1928 da casa Pol Roger. Desde então, a relação da empresa e do político somente se estreitaram a ponto de, em 1975, 10 anos após sua morte, a Pol Roger decidir lançar um rótulo em sua homenagem, envelhecido por quase uma década. O blend não é revelado pela família, mas sabe-se que há uma predominância de Pinot Noir de vinhedos Grand Cru.

Dom Perignon

Dom Pérignon P2

A linha P2 (Plénitude Deuxième) da Dom Pérignon veio para substituir o que antes era conhecido como Oenothèque, que era a série de Champagnes de longa maturação da marca que leva o nome do famoso monge a quem se atribui a “invenção do Champagne”. A “segunda plenitude” seria um dégorgement tardio, com uma janela de maturação entre 12 a 15 anos, superior aos cerca de oito anos que costumeiramente Dom Pérignon mantém seus espumantes envelhecendo antes do lançamento. Segundo o chef de cave, pode haver ainda uma terceira plenitude.

Piper

Piper-Heidsieck Rare

Diz-se que a primeira celebridade a apreciar os vinhos da Heidsieck & Cie, futuramente Piper-Heidsieck, foi Maria Antonieta. Mas deve-se dizer que os vinhos de Florens-Louis Heidsieck fizeram sucesso em muitos reinos na época, da Alemanha à China. A primeira cuvée prestige da marca teria sido no centenário da empresa. Na época, a garrafa foi adornada com ouro, diamantes e lápis-lazúli com ajuda de Pierre-Karl Fabergé. Mais recentemente, em 1976, criou-se a cuvée Rare, envelhecida por oito anos e com garrafa ornada com ouro.

Perrier

Perrier Jouët Belle Époque

O desenho das anêmonas japonesas visto na principal cuvée da Perrier Jouët foi elaborado pelo mestre Émile Gallé em 1902. Devido à fragilidade das garrafas da época, ela ficou “esquecida” até a década de 1960, quando ressurgiu na linha Belle Époque, que rememora os tempos da Art Nouveau. São cuvées com mais de cinco anos de amadurecimento. Recentemente, a Maison tem lançado versões especiais, algumas com mais de 30 anos sobre as borras antes de passarem por dégorgement.

Krug

Krug Grande Cuvée

Um dos primeiros a aperfeiçoar o Champagne para que ele atingisse um nível de qualidade acima da média foi Joseph Krug, que fundou sua empresa em 1834. Ele e seus descendentes aprimoraram tanto o blend de safras que até hoje um de seus mais cultuados vinhos é o “de entrada” Grande Cuvée, atualmente em sua 164a edição. A casa ainda possui raros Vintage, além de single vineyards espetaculares (e caríssimos) e ainda lançou sua linha Collection, com vinhos de mais de 20 anos de amadurecimento.

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