• APRENDER
  • CURIOSIDADES
  • PERFIL
  • SABOR
  • MERCADO
  • REVISTA
  • CLUBE
Assine
Facebook Revista ADEGAInstagram Revista ADEGA
  • APRENDER
  • CURIOSIDADES
  • PERFIL
  • SABOR
  • MERCADO
  • REVISTA
  • CLUBE
  • Escola do Vinho

    O que é Trockenbeerenauslese (TBA): a classificação máxima dos vinhos alemães

    Apesar do nome complicado, os míticos vinhos de TBA guardam segredos interessantes

    por Arnaldo Grizzo

    trockenbeerenauslese
    Como surgiu o Trockenbeerenauslese, o vinho doce mais exclusivo da Alemanha

    Quem conhece um pouco da língua alemã sabe que uma única palavra pode conter uma frase inteira. Trocken significa seco. Beeren, bagas. Auslese, seleção. Não devemos nos deixar enganar pelo Trocken, pois não significa que o vinho é seco, mas as uvas. Ou seja, o “palavrão” Trockenbeerenauslese, portanto, significa “seleção de uvas secas”. E esse termo está estampado em rótulos raríssimos, costumeiramente entre os mais caros do mundo.

    Trockenbeerenauslese (ou TBA, para facilitar) é a classificação mais alta dos vinhos ditos Prädikat (vinhos de qualidade superior) na classificação dos vinhos alemães. Isso não quer dizer necessariamente que eles são os melhores (apesar de geralmente serem os mais aclamados), mas que são os de maior concentração de açúcar no mosto (ou de maturação da uva, pois eles não podem sofrer chaptalização) – porque os diferentes níveis dos vinhos da Alemanha são definidos de acordo com o “peso do mosto”, numa escala chamada Oechsle (veja abaixo).

    Clique aqui e assista aos vídeos da Revista ADEGA no YouTube

    A escala dos Prädikat começa com os Kabinett, passando pelos Spätlese (literalmente “colheita tardia”), indo para os Auslese (seleção de cachos), em seguida para os Beerenauslese (seleção de uvas), Eiswein (vinho do gelo) e, finalmente, os Trockenbeerenauslese (seleção de uvas secas).

    Do Spätlese ao Beerenauslese

    Não se sabe exatamente quem cunhou ou onde nasceu o termo Trockenbeerenauslese, mas sabe-se como os vinhos alemães foram evoluindo até chegar a essa denominação. Acredita-se que a primeira safra de Spätlese (colheita tardia) tenha ocorrido em 1775, no famoso vinhedo de Schloss Johannisberg.

    Diz-se que, naquele ano, o administrador da propriedade, Herr Johann M. Engert, enviou um mensageiro para que o abade de Fulda, dono da propriedade, pudesse dar autorização para a colheita. Na época, somente o dono podia dizer quando as uvas seriam colhidas.

    LEIA TAMBÉM: Conheça a história e os vinhos da região de Pfalz, na Alemanha

    Fulda, porém, ficava a sete dias de cavalgada do local e, não se sabe exatamente o porquê, o mensageiro passou mais tempo do que o esperado na estrada. Quando voltou, todas as propriedades vizinhas já haviam colhido e as uvas do vinhedo Schloss Johannisberg já estavam todas podres.

    trockenbeerenausles
    Vinhedo de Schloss Johannisberg, onde teriam surgido os primeiros vinhos de colheita tardia (Spätlese)

    Ainda assim, foram colhidas e vinificadas. No começo do ano seguinte, Engert resolveu provar. “O novo vinho está quase todo turvo e parou de fermentar com uma aromática doçura. Estamos aguardando algo extraordinário!”, teria relatado.

    Meses depois, concluiu: “Este vinho de 1775 é tão esplêndido que, dos seus oito degustadores, só se ouviu um comentário: nunca tive na boca um vinho igual a este!”. Assim teria nascido o Spätlese, não o do sentido atual, mas o do conceito de uvas colhidas tardiamente para produzir um vinho naturalmente doce.

    LEIA TAMBÉM: Melhores vinhos do Mosel, região da Alemanha famosa pelos brancos

    O passo seguinte foi chegar aos Auslese ao perceber que as uvas mais podres (atacadas pela Botrytis cinerea) resultavam em vinhos mais “potentes”. Dessa forma, os cachos mais atacados foram separados dos demais e vinificados também à parte. O nome dado a esse vinho foi “Auslese” (seleção) no início do século XIX.

    E quanto mais cuidado se tinha nas plantações e na seleção, foram separando não somente cachos, mas uvas podres de cada cacho e assim, em meados de 1800, acrescentou-se o termo Beeren (bagas) ao Auslese, nascendo o Beerenauslese. Acredita-se que foi nessa mesma época que os châteaux de Sauternes aperfeiçoaram a técnica de seleção de grãos botrytizados.

    O Trockenbeerenauslese surgiu quando o termo Beerenauslese não era suficientemente enfático para expressar o quão raras eram as últimas bagas selecionadas em uma videira. Na época, apareceram termos como Goldbeerenauslese (seleção de uvas de ouro) e Edelbeerenauslese (seleção de uvas nobres), além do Trockenbeerenauslese, que hoje se consagraria e daria uma ideia melhor do tipo de seleção, pois são colhidos (manualmente) apenas os grãos completamente secos atacados pela podridão nobre.

    LEIA TAMBÉM: A dificuldade de classificar vinhos da Alemanha

    Requerimentos mínimos

    Os requerimentos mínimos para os vinhos Trockenbeerenauslese são de 150 a 154 graus na escala Oechsle, dependendo da região e da variedade da uva na Alemanha. Essa escala mede a densidade do mosto, que é uma indicação da maturação da uva e do teor de açúcar. Para se ter ideia dos diferentes níveis, os vinhos Kabinett precisam ter um mínimo de 67 a 82 graus, os Spätlese de 76 a 90, os Auslese de 83 a 100 e os Beerenauslese e Eiswein de 110 a 128.

    Raridade

    O clamor pelos Trockenbeerenauslese deve-se por sua qualidade e raridade. Para que sejam produzidos, é necessária uma conjunção de fatores, como a aparição da Botrytis cinerea e também, geralmente, uma onda de calor fora de época, que ajude a desidratar ainda mais as uvas, que são colhidas uma a uma dos cachos. Dessa forma, eles dificilmente são produzidos todos os anos, mas somente em safras favoráveis.

    Os TBAs possuem uma alta concentração de açúcar residual ao mesmo tempo que apresentam uma excelente acidez para contrabalanceá-lo. A graduação alcoólica costuma ser baixa, de cerca de apenas 5,5%. São vinhos tidos como etéreos e eternos, graças à capacidade de envelhecer em garrafa por tempo indeterminado.

    LEIA TAMBÉM: Hermitage, Priorato e Chianti: a história por trás de grandes vinhos

    Apesar de costumeiramente serem feitos com Riesling (pois é a casta mais susceptível à podridão nobre e com ciclo mais longo), outras variedades também podem ser usadas. E vale lembrar que esse estilo de vinho não é feito somente na Alemanha, mas também na Áustria – que possui classificação bastante similar à alemã em seus vinhos de topo de gama.

    Tem-se ideia do que são os Trockenbeerenauslese através de uma descrição de meados do século XIX de um conde que visitou a região do Rheingau, na Alemanha. “A descrição dos vinhos deveria ser deixada para Byron, Shakespeare ou Schiller, e nem mesmo esses gênios lhes fariam toda justiça até que tivessem absorvido umas duas taças cheias. Um bom gole, que desliza gota a gota pela garganta, deixa na boca o mesmo aroma que um buquê das mais selecionadas flores deixaria no olfato”, relata.

    E o mesmo conde já revela o quão caros eram esses vinhos desde aquela época: “Eles precisam ser degustados para que se conheça sua grandeza, pois não há palavras para descrevê-los. Esses vinhos são, às vezes, oferecidos em leilão para o público, mas a preços tão exorbitantes que nós, pobres republicanos, estremeceríamos só de pensar em beber um líquido tão caro como ouro derretido”, afirmou ao se referir aos vinhos do Schloss Johannisberg.

    Gostou? Compartilhe

    Facebook Revista ADEGAInstagram Revista ADEGA

    palavras chave

    Botrytis cinereavinhos alemãesTrockenbeerenausleseVinhos mais caros do mundoTBA vinhoclassificação Prädikatvinho doce alemãoRiesling TrockenbeerenausleseEgon Müllerescala Oechsle

    Notícias relacionadas

    dióxido de enxofre

    Estudo revela papel do dióxido de enxofre na composição das uvas

    Chateau La Lagune

    Château La Lagune: a evolução de um Troisième Cru de Bordeaux

    Imagem Antonio Banderas viraliza ao provar vinho histórico de 1728 em Jerez

    Antonio Banderas viraliza ao provar vinho histórico de 1728 em Jerez

    Imagem Abstinência de álcool cai entre Gen Z e reduz distância do consumo adulto

    Abstinência de álcool cai entre Gen Z e reduz distância do consumo adulto

    Imagem Treasury Wine Estates reduz em US$450 milhões o valor de seus ativos nos EUA

    Treasury Wine Estates reduz em US$450 milhões o valor de seus ativos nos EUA

    Cooper’s Hawk lança coleção Curated Icons com um Cabernet Sauvignon exclusivo criado pela Cakebread Cellars

    Cooper’s Hawk lança Curated Icons com Cakebread

    Barolo

    Barolo: a revolução do “vinho dos reis” no século XIX

    bebidas amargas

    O que são amaros? A história das bebidas amargas que dominaram a coquetelaria

    Brunello di Montalcino

    Brunello di Montalcino: Por que este "monumento italiano" é um fenômeno global?

    chardonnay

    Por que alguns vinhos têm aroma e sabor de manteiga?

    Top 100 Os Melhores Vinhos do Ano

    Escolha sua assinatura

    Impressa
    1 ano

    Impressa
    2 anos

    Digital
    1 ano

    Digital
    2 anos

    +lidas

    VÍDEO! A história do Vinho do Porto
    1

    VÍDEO! A história do Vinho do Porto

    A briga entre o vinho roxo e o legado de Prince
    2

    A briga entre o vinho roxo e o legado de Prince

    Vinhos de Portugal anuncia campanha de fim de ano
    3

    Vinhos de Portugal anuncia campanha de fim de ano

    Novo dispositivo mostra que Pinot Noir é a casta mais benéfica à saúde
    4

    Novo dispositivo mostra que Pinot Noir é a casta mais benéfica à saúde

    O vinho piemontese que é chamado do Barolo branco
    5

    O vinho piemontese que é chamado do Barolo branco

    Revista ADEGA
    Revista TÊNIS
    AERO Magazine
    Melhor Vinho

    Inner Editora Ltda. 2003 - 2022 | Fale Conosco | Tel: (11) 3876-8200

    Inner Group