As principais atrações que fazem da Cidade do México uma megalópole repleta de cultura e um dos seus próximos destinos
por João Calderón
O pouso de uma águia sobre um nopal (cacto) devorando uma serpente. Esta é a lenda que explica o porquê de a antiga capital asteca e atual Cidade do México ser onde é. Segundo a lenda, que está retratada na bandeira mexicana, isso ocorreu justamente no Zócalo, a praça central do Centro Histórico do município e um de seus pontos turísticos obrigatórios.
A maior aglomeração urbana do continente americano foi fundada por volta do século XIV onde costumava ser a capital do Império Asteca, Tenochtitlán, completamente destruída pelos colonos espanhóis em 1524. Foi somente no século XVI que a cidade, já quase em sua totalidade reconstruída, passou a ser conhecida como Cidade do México.
Não é de hoje que ela funciona como um importante centro financeiro e urbano. No século XVIII, figurava como uma das mais importantes colônias espanholas nas Américas, e mesmo quando ainda era Tenochtitlán, a capital asteca, já demonstrava uma notável influência intelectual em toda a América hispânica. Foi assim que a Cidade do México se transformou no que é hoje, uma cidade fervilhante em cultura, história e, consequentemente, repleta do que mais nos interessa, comer bem.
Antes de conhecer a cidade, vale lembrar de uma curiosidade geográfica peculiar. Quando ainda pertencia ao Império Asteca, a cidade, o que hoje seria o centro histórico, era uma ilha, um território que se formou na bacia do lago Texcoco. Tal peculiaridade nos ajuda a compreender um pouco das consequentes inundações ao longo de sua história, além de algumas de suas principais construções que, devido ao seu peso, vão, literalmente, afundando, com casos perfeitamente visíveis no Palácio de Bellas Artes e na Basílica de Nuestra Señora de Guadalupe.
Iniciamos nossa visita à capital mexicana pelo Zócalo, a praça central da cidade, no miolo do seu centro histórico, onde está hasteada uma enorme bandeira do país e onde começam os passeios turísticos obrigatórios, como a Catedral, o Palácio Nacional e o Templo Mayor, hoje Patrimônio Mundial da UNESCO e que foi um dos principais templos da capital asteca.
Deixando o Zócalo, entre na Avenida Madero, uma bonita avenida de pedestres que o levará ao Palácio de Bellas Artes. Antes de visitar o palácio, não deixe de admirar uma das últimas esquinas da avenida, “la Casa de los Azulejos”. Melhor ainda, além de admirar essa bela fachada barroca de azulejos espanhóis, entre no edifício para “desayunar” (tomar café da manhã) como um verdadeiro local. Experimente os Chilaquiles, que são nachos cobertos por chile verde, normalmente com queijo, creme e feijão, ou os Molletes, pão branco recheado com feijão refrito gratinado com queijo e jalapeño.
Depois de “desayunar”, podemos seguir para o Palácio de Bellas Artes, famoso por sua arquitetura externa em mármore de Carrara e por seus murais dos principais representantes do muralismo mexicano, Diego Rivera, Rufino Tamayo, David Alfaro Siqueiros e José Clemente Orozco. Quase em frente ao palácio está a Torre Latino-americana – o primeiro e, durante muitos anos, o mais alto arranha-céus do México e da América Latina. Também por ali está a Alameda Central, um parque onde se situa o Museo Mural Diego Rivera e a sua famosa obra “Sueño de una tarde dominicial en la Alameda Central”.
Seu passeio deve começar pela região do Zócalo, a praça central da cidade, onde está a Catedral (nesta foto), o Palácio Nacional e o Templo Mayor
ArredoresSe tiver tempo, vale uma visita a Teotihuacan, uma cidade pré-colombiana, localizada cerca de 50 km da capital mexicana, onde estão duas das principais pirâmides mexicanas: a Pirâmide da Lua e a Pirâmide do Sol. Esta última é a terceira maior pirâmide do mundo. Pergunte no seu hotel, normalmente são organizados passeios para lá que ainda incluem uma passagem pela Basílica de Nuestra Señora de Guadalupe. |
Seguindo o passeio pela antiga capital asteca, o próximo destino será o Bosque de Chapultepec. Mas, o trajeto por si só já é um dos importantes destinos da cidade, o Paseo de La Reforma. Uma das avenidas mais bonitas do Distrito Federal, ampla, com grandes rotatórias e arborizada. É em uma dessas grandes rotatórias que está a estátua de Diana, deusa da caça, outro dos importantes pontos turísticos.
Chegamos ao Bosque de Chapultepec, onde encontramos alguns dos importantes museus da cidade. Vá ao Museo Tamayo de Arte Contemporáneo, que possui em sua coleção permanente obras de Miró e Max Ernst, além de exposições itinerantes com o melhor da arte latino-americana contemporânea. Guarde tempo, no entanto, para o mais importante dos museus, um dos mais reconhecidos em todo o mundo, o Museo Nacional de Antropología – que seria mais ou menos o equivalente ao Museu do Vaticano sobre no que tange as civilizações pré-hispânicas do México.
A Cidade do México, enorme como é, lembra bastante a cidade de São Paulo e, exatamente como ocorre na capital paulista, cada bairro e canto da metrópole possui sua peculiaridade, parecendo, inclusive, uma cidade distinta. Um exemplo claro disso é a zona sul, Coyoacán e San Ángel. Coyoacán possui uma arquitetura colonial única com pitorescas praças, mercados coloridos, igrejas antigas e lindas casas. Um grande exemplo dessas casas e que o fará compreender um pouco do estilo de vida colonial mexicano é a casa onde nasceu Frida Kahlo, a famosa Casa Azul. Ela foi compartilhada também com seu marido Diego Rivera e, por um breve momento, abrigou León Trotsky, amigo pessoal do casal. Para os que estão surpresos com essa afirmação, vale conhecer um pouco mais da história desse revolucionário russo no Museo León Trotsky, casa onde viveu e foi assassinado.
A Cidade do México foi fundada onde era Tenochtitlán, a capital do Império Asteca
Para finalizar o passeio por essa charmosa parte da cidade, nada melhor do que uma boa refeição em um dos melhores restaurantes da zona, Los Danzantes. Se estiver na temporada, aproveite para provar o Chile en Nogada, uma espécie de pimentão verde recheado com carne e frutas e coberto por um suave creme de nozes branco. Tradicionalmente, o prato é finalizado com salsinha picada e romã, formando a bandeira mexicana.
Saindo da parte mais colonial da cidade, é interessante passar por Santa Fé para compreender um pouco mais dessa diferença que citamos. Santa Fé é a parte ultramoderna da cidade, edifícios com arquitetura contemporânea, diversas empresas internacionais, além de lojas e restaurantes importantes. Deixando Santa Fé, seguiremos para Polanco, considerado como a joia da coroa e um dos bairros mais bonitos. Sua arquitetura mescla um pouco construções em estilo colonial com prédios dos anos 1970 e 1980, além de algumas torres residenciais com desenho mais recente. Polanco, numa comparação aproximada, seria uma espécie de Jardins, com alguns dos melhores restaurantes da cidade. É justamente em Polanco que está a “Oscar Freire” da Cidade do México, a Avenida Presidente Masaryk. Voltando um pouco ao território da arte, vale a visita ao Museo Soumaya, com sua arquitetura deslumbrante e com toda a coleção do milionário mexicano Carlos Slim, repleta de esculturas de Dalí e Rodin, além do melhor da arte mexicana.
Por fim, há os dois charmosos bairros de Roma e Condesa, colados um ao outro. Ambos possuem edificações mais clássicas repletas de charme e que mais recentemente vêm sendo tomadas por jovens artistas e escritores, as transformando em uma das zonas mais agradáveis da cidade. Não deixe de passear pela Calle Colima, repleta de lojas de design e galerias de arte, e pela Avenida Álvaro Obregón para sentar em uma das “terrazas” dos muitos e atrativos bares e restaurantes.
Hotel Downtown fica em um palácio colonial
Apesar de não ser tão reconhecida como a hotelaria suíça, a hotelaria mexicana não irá decepcionar. Você será muito bem recebido pelos anfitriões mexicanos onde quer que se hospede. Um dos clássicos da cidade é o Hotel St. Regis, membro da Starwood e em frente à fonte de Diana, ou seja, além de impecável, está muito bem localizado. Caso a sua preferencia seja por ficar no centro da cidade, uma das melhores opções seria o Hotel Downtown. Um hotel com conceito boutique que fica no último piso de um palácio colonial. Outra opção que segue a mesma linha do Downtown é o Hotel de Cortés, também com localização central e situado em um remodelado convento do século XVII. Por último, o Condesa DF que está localizado no bairro de mesmo nome e que possui um desenho contemporâneo em um edifício de estilo neoclássico francês.
O melhor da capital mexicana está em sua comida e seus restaurantes. Deixe um pouco de lado aquela ideia que todos temos da cozinha mexicana encontrada por aqui – que, na verdade, nada mais é que a cozinha mexicana mais americanizada, o texmex.
Comece pelo tradicional Café de Tacuba, em pleno centro, onde você irá se familiarizar com toda a tradição da comida local, os tradicionais consomés de entrada, os tamales (espécie de pamonha salgada e recheada), os verdadeiros tacos, carne de cecina (algo que se assemelha um pouco à carne de sol), chiles recheados ou, caso prefira ir à noite, prove o Pozole, uma sopa revigorante de milho com carne de porco ou galinha, geralmente finalizada com fatias de abacate e queijo.
Outra excelente pedida é o restaurante Azul, o Azul Condesa ou o Azul Histórico, com uma comida tradicional autêntica, mas que já segue uma linha um pouco mais moderna. Entre uma refeição e outra, não deixe de provar os tacos al carbón. Aí, uma boa pedida é a taqueria El Farolito. Se for eleger apenas um, vá de taco al pastor, um taco recheado com uma carne que lembra um pouco as carnes de kebab e que normalmente é servido com abacaxi.
Ainda no segmento da cozinha tradicional, vá à uma das cantinas La nº 20, e se arrisque em algumas das exóticas iguarias mexicanas, como chapulines (gafanhotos secos e avinagrados) e sal de gusano (lesma), que servem de acompanhamento para o imperdível Mezcal, uma bebida que, como a tequila, também é destilada a partir do agave só que em uma versão um pouco mais rústica e que normalmente é produzido em regiões diferentes.
México GourmetNão deixe visitar o Mercado Roma, uma espécie de Mercado de San Miguel (Madri) na Cidade do México, com diversas “barracas” repletas de salgados, doces, refrescos mexicanos, enfim, uma verdadeira perdição. |
Não deixe de visitar o tradicional Café de Tacuba, bem no centro
Finalmente, temos três sugestões igualmente imperdíveis para a sua viagem. A primeira delas é o Biko, uma das cozinhas mais sofisticadas da cidade e que costuma aparecer na lista dos 50 melhores restaurantes do mundo da Restaurant Magazine. Com influência do país basco, você pode escolher entre a culinária dessa região espanhola ou, se preferir, por algo mais moderno, que mescla um pouco da cultura dos dois países. Agora, se estiver cansado da cozinha mexicana e de suas pimentas, a melhor pedida é o restaurante Rosetta, um restaurante italiano de cozinha extremamente fresca e técnica da recentemente premiada chef Elena Reygadas, eleita a melhor Chef da América Latina. A terceira sugestão e a melhor delas é o restaurante Pujol do chef Enrique Olvera, o maior expoente da culinária mexicana, que conseguiu, a partir de sua técnica, criatividade e utilização dos ingredientes locais, transformar o seu restaurante não só no sexto melhor da América Latina como um dos melhores do mundo. No seu menu degustação está o imperdível mole poblano, ou como ele prefere, mole madre, mole nuevo, o mais tradicional dos molhos mexicanos em dois tempos distintos de cocção – um novo, sempre feito no dia, e outro que já alcança mais de um ano e meio cozinhando em temperatura super baixa e “alimentado” diariamente.
AtraçõesTemplo Mayor Palácio de Bellas Artes Mural de Diego Rivera Casa Azul (Museo Frida Kahlo) Museo Nacional de Antropología Museo Tamayo de Arte Moderna Museo Soumaya HospedagemHotel St. Regis Hotel Condesa DF Hotel Downtown Hotel de Cortés Bares e restaurantesLos Danzantes Restaurantes Azul Cantina La nº 20 El Farolito Café de Tacuba Restaurante Biko Restaurante Pujol Mercado Roma |