Vinhedos em Ontario, no Canadá, são o local de nova pesquisa para tratar míldio sem fungicida
Sílvia Mascella Publicado em 29/05/2024, às 08h00
Há uma praga em comum que ataca (e assombra) vinhedos em todo o mundo, especialmente nas áreas onde há mais umidade, o míldio. Usualmente tratado com fungicidas que são aplicados nos vinhedos regularmente, há muito tempo os pesquisadores buscam maneiras mais naturais e sustentáveis de controlar essa praga.
É o que está acontecendo numa pesquisa de campo na Vineland Estates em Ontario, no Canadá, onde 2 hectares de vinhedos vêm sendo tratados com três elementos aplicados ao mesmo tempo: peróxido de hidrogênio, ozônio e luz ultra violeta.
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A pesquisa, conduzida e monitorada pelos cientistas da Universidade de Guelph, no sudoeste de Ontario, deve durar mais alguns anos (começou no ano passado) e o proprietário dos vinhedos onde os testes estão sendo feitos, Brian Schmidt, afirmou que até o momento o míldio foi contido, mesmo com o regime severo de chuvas que ouve na última estação.
Para aplicação da nova técnica a empresa canadense Clean Works modificou e adaptou uma colheitadeira que, ao atravessar os vinhedos solta uma nuvem úmida de peróxido de hidrogênio, ao mesmo tempo em que as plantas passam por um túnel de luz ultra violeta de painéis gigantes nas partes laterais internas do veículo.
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Diferentemente dos fungicidas tradicionais, que custam caro, necessitam de vários protocolos para aplicação por conta de sua toxicidade e ainda podem se tornar obsoletos com os organismos criando resistência a eles, a nova técnica ataca o míldio na superfície da vinha e o mata. A reação final da aplicação é apenas oxigênio e água, sem deixar nenhum produto químico no vinhedo.
Os pesquisadores estão otimistas, mas há algumas dúvidas sobre a possibilidade do uso continuado poder ou não afetar a genética das uvas e se esse tratamento é suficiente quando o míldio não está apenas na superfície da vinha. Para Wayne Wilxcox, professor e pesquisador sobre míldio e doenças de frutas desde a década de 1990 naUniversidade de Cornell (EUA), o método parece promissor: “Ele é efetivo ao esterilizar a superfície, e é bom por não deixar nenhum resíduo químico nas bagas e na planta. Mas é necessário muito mais tempo de pesquisa, especialmente para os patógenos que já estão dentro da videira”, explica o cientista.