Estudo da Universidade de Washington revelou que a língua eletrônica é mais rápida para detectar defeitos do que a língua humana
por Sílvia Mascella
Há muito tempo a ciência vem desenvolvendo maneiras de analisar alimentos e bebidas tanto para avaliar sua qualidade quanto para detectar defeitos e problemas que podem afetar a saúde dos consumidores. Quase todos eles são baseados em análises químicas e, muitas vezes, são acompanhados de análises sensoriais feitas por um grupo de degustadores.
A chamada “língua eletrônica” (e-tongue) não é uma novidade entre pesquisadores e a indústria alimentícia neste século. No entanto, com a evolução da inteligência artificial e a possibilidade de programar as máquinas com uma enorme variedade de dados, a avaliação sensorial está evoluindo muito e está alcançando o mundo do vinho, para melhor.
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É o que revela um estudo publicado no Journal of Food and Science no último mês de abril. Uma pesquisa da WSU (Universidade Estadual de Washington) mostrou que a e-tongue foi capaz de detectar sinais de contaminação por microorganismos apenas uma semana depois dela ocorrer em vinhos brancos. Para os pesquisadores e degustadores humanos, essa contaminação só foi detectada um mês depois.
Nos laboratórios das vinícolas as análises químicas são parte do cotidiano e são montadas muitas placas de petri para avaliar se há o crescimento de micróbios. Mas esse processo costuma levar um mês dentro das condições normais de um laboratório. O robô com a língua eletrônica fez essa análise muito antes.
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O estudo foi feito com quatro garrafas diferentes de vinho Riesling, que continham substâncias que contaminam o vinho, causando defeitos no aroma. Foram chamados 13 degustadores experientes em análise sensorial, mas a máquina foi mais rápida que todos eles. Segundo o estudo, a eficácia da língua eletrônica deverá complementar a degustação e os testes em laboratório, e não substituí-los.
A autora do estudo e professora de ciência alimentar, Dra. Carolyn Ross, programou a capacidade de análises da máquina especialmente para os enólogos, permitindo que eles obtenham uma digital única de cada vinho e que tenham informações úteis durante o processo de vinificação. “A língua eletrônica dá uma informação geral e precisa e será útil para entender a qualidade dos vinhos”, disse a pesquisadora.