Presidente da Associação Brasileira de Enologia, em artigo exclusivo para a ADEGA, fala sobre a safra Brasil 2020
por Redação
O que nós, enólogos do Brasil, anunciávamos no início de março se confirmou na taça durante a Avaliação Nacional de Vinhos – Safra 2020. Estamos vivendo a ‘Safra das Safras’, com todos seus aromas e sabores que uma colheita histórica tem a oferecer a todos que apreciam um bom vinho, o vinho brasileiro.
Com esta performance da mãe natureza e a mão do homem, viramos a página. Este é o nosso presente e não mais o futuro. Isso tudo porque o Brasil vitivinícola, do produtor de uva, passando pelos enólogos e técnicos agrícolas, até chegar aos vinhateiros, fez o seu tema de casa.
Há 20 anos, estamos vivendo uma revolução safra após safra. Todo investimento feito em tecnologia na vinha e na cantina, o aperfeiçoamento dos profissionais e o amadurecimento do mercado estão sendo decisivos.
Nunca o Brasil esteve tão preparado tecnicamente, com profundo conhecimento, precisão na Viticultura e Enologia, para receber e processar uma matéria prima de tamanha qualidade.
Esta vindima foi bela, uma escultura, um monumento que a natureza nos deu. Estamos tendo a oportunidade de colocar em prática tudo o que aprendemos na escola e com a experiência adquirida. É um misto de alegria e satisfação que emociona. Não se faz um vinho sozinho. E sem uvas de qualidade nada disso seria possível. E a Safra 2020 apresentou um comportamento climático determinante. O acúmulo de horas de frio no período de repouso da videira favoreceu o cultivo.
Em todas as regiões produtoras brasileiras, a maior parte das horas de frio foram acumuladas nos meses de julho e agosto, o que evitou o início precoce da brotação das videiras, reduzindo o risco potencial de danos por geadas tardias, resultando numa brotação com boa uniformidade.
Em outubro do ano passado, por exemplo, os dias foram quentes. Mesmo com chuva no período da floração, e diante do calor, não houveram perdas significativas de produtividade. Já em novembro, as chuvas ficaram abaixo da média, favorecendo a viticultura. Outro fator positivo foi a umidade do ar, também abaixo da média.
Com temperaturas médias e máximas do ar mais elevadas durante o ciclo vegetativo, a Safra 2020 teve um maior potencial de maturação das uvas. Menos chuva e maior insolação durante a maturação e colheita das uvas garantiu a excepcionalidade da safra. Esta qualidade se comprovou em todas as variedades de colheita precoce, intermediária e tardia, fato raro na vitivinicultura brasileira.
Assim, as uvas com elevada graduação de açúcares e sanidade, além dos avanços tecnológicos de elaboração, foram determinantes para que tenhamos vinhos excepcionais na cor, no aroma e no paladar.
Mostramos isso tudo na Avaliação Nacional de Vinhos, justamente num momento em que o brasileiro parece ter, definitivamente, descoberto qual é o seu vinho. O Vinho do Brasil. O vinho de um país que desbrava a produção como nenhum outro. Um país capaz de elaborar grandes produtos em regiões produtoras que estão a 4 mil quilômetros de distância uma da outra.
A Safra 2020 chega às nossas taças a partir de agora para marcar um momento histórico e resgatar a alegria e a união que são características do vinho.
Degustem com prazer único e descubram o Brasil vitivinícola sem sair de suas casas.
A Avaliação Nacional de Vinhos do Brasil 2020, a ‘Safra da Safras’, é a nossa porta de entrada para um mundo de descobertas, história, cultura e paixão. Deguste!
Daniel Salvador - Presidente da ABE – Associação Brasileira de Enologia
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