A revolução nas horas de Santos Dumont

Em parceria com Louis-François Cartier, o inventor do avião criou o relógio de pulso, utilizado até os dias de hoje

por Fernando Roveri

fotos: Cartier/divulgação
O Santos 100 foi elaborado para comemorar o centenário da invenção

Até o final do século XIX, os homens traziam seus patacões nas algibeiras ou suspensos em correntes nos bolsos dos coletes. Dizer as horas naquela época envolvia um breve, mas impressionante, ritual: retirar o relógio de seu compartimento, abrir a tampa e só aí anunciar as horas. O inventor Alberto Santos-Dumont, quando se encontrava no ar, encontrou dificuldades de acompanhar o tempo, pois só podia permanecer no ar por alguns minutos. Para retirar o relógio do bolso e controlar o avião ao mesmo tempo era algo extremamente difícil. Além disso, Santos Dumont queria checar seu tempo de vôo em testes de velocidade mais rapidamente do que seria capaz com um relógio de bolso. Ele chegou a improvisar um relógio de bolso amarrado ao pulso por um lenço, mas como era vaidoso e exigente, exímio em detalhes, queria ver as horas da forma mais prática possível, mas sem perder a elegância que lhe era habitual.

Santos-Dumont foi grande amigo de Louis-François Cartier, um dos mais renomados joalheiros da França. O genial inventor encomendou a ele um relógio mais fácil de usar do que o de bolso, e passou a idéia ao amigo. Cartier criou, no ano de 1904, algo que revolucionou o universo das jóias: o relógio de pulso. O modelo, batizado de Tank, tinha formato quadrado e pulseira revestida em couro.

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É claro que a invenção de Santos- Dumont, assim como o avião, atravessou os quatro cantos do mundo. Apesar de ser inventado em 1904, o relógio de pulso só começou a ser comercializado em 1911 pela casa francesa com o nome de "modelo Santos".

fotos: Cartier/divulgação
Tank: o primeiro relógio de pulso civil da história

Esse modelo é vendido até hoje com muito sucesso pelas lojas da Cartier em todo o mundo. Com o passar dos anos, o "modelo Santos" sofreu algumas transformações em seu design para atrair os mais diversos consumidores, porém, sem jamais perder a elegância. O preço varia, conforme o modelo, entre US$ 1.600 e US$ 2.500. Em 2004, para comemorar o centenário da invenção genial, a Cartier lançou o modelo "Santos 100".

O modelo comemorativo mantém as características do primeiro, produzido em 1904: caixa de aço em formato quadrado, pulseira revestida de couro e algarismos romanos negros. Há apenas algumas poucas diferenças entre o primeiro modelo e o "Santos 100", como o formato dos ponteiros fosforescentes, com design mais moderno, bisel em ouro amarelo e mostrador opalino prateado, além de um fecho desdobrável regulável em aço, banhado em ouro amarelo. O seu maior diferencial é ser à prova d'água com capacidade para até 100 metros. Uma novidade que Santos Dumont certamente adoraria, principalmente no dia em que se acidentou no Mediterrâneo.

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