Na extremidade climática da Califórnia, Dominus uniu beleza com equilíbrio rústico
por Claudia Manzzano
Apelidada de “stealth winery”, Dominus se perde na paisagem das vinhas por sua arquitetura diferenciada |
No caminho a Napa Valley, Califórnia, EUA, ao lado oeste, encontramos um lu-gar que se chama Napanook. Ele fica nos pés da Mayacamas Mountains, entre o solo do vale e o lado da colina que os nativos chamam de foot-hills. Exatamente ali pode se avistar a Dominus, uma vinícola que se perde na paisagem das vinhas por sua arquitetura inovadora e diferenciada. Por este formato inusitado para uma propriedade com estes fins, Dominus foi apelidada pelos moradores da região de “the stealth winery” – o adjetivo é usado em referência ao avião americano de guerra que não é detectado por radares.
A estrutura é feita de gabião: parede de aço inoxidável preenchido com rochas basálticas |
A construção da vinícola foi inspirada em um gabião, muro de sustentação feito de pedras arrumadas dentro de uma tela. Ela é formada por uma parede feita de aço inoxidável, no formato de rede, preenchido com rochas basálticas retiradas do American Canyon, que fica bem perto da região. Esta idéia não surgiu por acaso, a escolha foi pensada tanto pela estética com pela técnica. Os gabiões geralmente são usados para reter a terra acumulada no decorrer das rodovias californianas. Já na estrutura da Dominus, a junção de aço com pedras é útil para moderar as extremas temperaturas do Napa Valley.
Já os escritórios são envoltos de vidros por todos lados. Esse detalhe permite aos colaboradores o prazer de trabalhar apreciando vistas panorâmicas do local e, o mais importante, acompanhar as atividades no vinhedo em todos os momentos. O que eles acreditam ser a chave para produzir um grande vinho.
Com a integração da vinícola na paisagem, o vinhedo parece ser bem maior |
George Yount foi quem deu o nome para Yountville. Ele plantou suas primeiras vinhas no vale de Napanook ao chegar por ali, em 1836. Mas vendeu as terras em meados do século passado e, desde então, a propriedade já passou pelas mãos de diversos donos. Entre eles está Hugh La Rue, um dos pioneiros no uso de “rookstock”, e John Daniel, famoso pelo Inglenook Cask Selection.
A Dominus que conhecemos hoje começou muito antes de ser plantado o primeiro vinhedo. Christian Moueix era apaixonado pelo vale e suas vinhas ainda quando era estudante, no final da década de 60. Tempos depois, começou a procurar um local para ter seu próprio vinhedo e foi em busca de suas vinhas prediletas. Somente em 1983 Moueix pode colher a primeira safra. Até 1995, ele dividiu a vinícola com outros sócios, a partir de então, quando se tornou o único dono, começou a dar cara que a Dominus tem hoje.
Para transformar a vinícola em uma obra de arte, Moueix chamou os premiados arquitetos suíços Jaques Herzog e Pierre de Meuron. Eles são bastante conhecidos pelo trabalho realizado no Tate Modern, em Londres. Dominus, que concluíram em 1997, foi o primeiro projeto deles nos Estados Unidos. Herzog e de Meuron foram engrandecidos profissionalmente em 2001, quando ganharam o prêmio Pritzker Prize, a mais alta honra na arquitetura.
Jean Pierre Mouiex, dono da vinícula |
Os arquitetos vindos da Suíça são conhecidos pelo design arquitetônico inovador que empregam em seus projetos. A abordagem deles na Dominus foi integrar a vinícola na paisagem. Dessa forma, o vinhedo parece ser bem maior do que realmente é. De fato, se observado com distância, a estrutura de gabião se dissolve na paisagem.