A Safra 2005 está sendo considerada como a melhor dos últimos 30 anos, o que pôde ser comprovado durante a XIII Avaliação Nacional de Vinhos, na Serra Gaúcha.
por Dirceu Scotá*
Promovido pela Associação Brasileira de Enologia (ABE), o evento que aconteceu em 24 de setembro, em Bento Gonçalves, apresentou os vinhos eleitos como os mais representativos da safra, após análise feita por um quadro de 78 enólogos de todo o país. Das 368 amostras inscritas por 84 vinícolas, de 23 cidades brasileiras, foram selecionadas as 30% mais representativas (111 vinhos), conforme determina a Organisation Internationale de la Vigne et du Vin (OIV) e a Union Internationale des OEnologues (UIOE), entidades internacionais que regem o evento.
A qualidade da safra é resultado da sanidade da uva associada ao conhecimento do enólogo e à tecnologia de ponta, aspectos determinantes para a garantia da excelência dos vinhos. O comportamento meteorológico teve sua influência direta, contribuindo desde o repouso vegetativo da videira (inverno), brotação, floração, frutificação, crescimento das bagas (primavera), maturação (verão) até a queda das folhas (outono). Em cada fase evidenciou-se uma quantidade adequada de luz, água e calor para que a videira pudesse se desenvolver e produzir uvas de qualidade. As condições meteorológicas da vindima de 2005 foram excepcionais para as uvas precoces e intermediárias e muito boas (bem acima da média) para as uvas tardias. Além da maior quantidade de horas de brilho solar, menor precipitação pluviométrica e menor número de dias de chuva o subperíodo da maturação da safra 2005, quando comparado com a normal climatológica, se caracterizou pela sanidade das uvas e pela estiagem (restrição hídrica) que teve como conseqüência a redução do tamanho da baga (maior relação casca/polpa) e do peso médio do cacho. As condições climáticas permitiram o prolongamento da maturação das uvas o que possibilitou às bagas sintetizar e acumular mais açúcares, pigmentos, taninos, substâncias aromáticas e seus precursores.
É importante destacar que os vinhos dessa safra apresentam alta qualidade não somente pela contribuição da climatologia como também pelos constantes investimentos que as vinícolas têm feito tanto em tecnologia de equipamentos como enológica, além da participação direta do enólogo, profissional técnico responsável pela qualidade do vinho. Nos últimos anos, o setor tem investido no âmbito da viticultura na busca de novas variedades com a implantação de vinhedos com a máxima tecnologia. Os avanços também se voltaram para a correção e drenagem do solo, além da importação de mudas selecionadas a fim de garantir maior qualidade do produto final: o vinho. Fortes melhoramentos também foram feitos no sistema de condução dos vinhedos, adequado e voltado exclusivamente para a produção de uvas de qualidade sempre buscando menor produtividade por hectare garantindo assim maior qualidade da fruta e, conseqüentemente, dos vinhos e espumantes dela resultantes.
#Q#A XIII Avaliação Nacional de Vinhos, aguardada com expectativa por todo o setor vitivinícola, mostrou que o Brasil está caminhando a passos largos para o reconhecimento internacional. Com recorde histórico no número de amostras inscritas, a Avaliação se constitui no maior evento do gênero no mundo, especialmente pelo seu caráter educativo. Este ano, mais de 700 pessoas degustaram, simultaneamente, as amostras selecionadas, criando um cenário de aprendizado da arte de degustar. O evento, desde o início, contou com a integração de profissionais do setor colaborando para a qualificação e promoção do vinho brasileiro.
As 368 amostras foram coletadas pela Comissão Organizadora diretamente do reservatório nas vinícolas entre os dias 19 e 29 de julho. As empresas disponibilizaram 12 garrafas de cada amostra inscrita, sem rótulo ou marca que identificasse a vinícola. Depois de coletadas, as amostras foram avaliadas por um painel de 78 enólogos representantes das empresas vitivinícolas e órgãos ligados ao setor, indicados pela diretoria da ABE. A degustação, realizada no Laboratório de Análise Sensorial da Embrapa Uva e Vinho, aconteceu no período de 15 de agosto a 2 de setembro. Os enólogos foram divididos em três grupos, a fim de facilitar o processo. Antes da avaliação, foi realizada a degustação de confirmação, com a finalidade de esclarecer dúvidas e reafirmar o resultado dos 78 enólogos.
A partir daí, classificou-se os 30% mais significativos, selecionando 15 amostras a serem degustadas por um painel de 15 comentaristas e pelo público no dia 24 de setembro. Este ano, o painel foi formado por dez brasileiros e cinco estrangeiros, entre enólogos, enófilos, sommeliers e jornalistas especializados.
O sistema da degustação inicia com a primeira amostra sendo servida. Depois de degustada, cada participante dá sua nota e assinala seus comentários na Ficha de Degustação conforme regulamenta a OIV. Logo em seguida, é feita a análise do vinho por um dos 15 comentaristas, que apresenta os resultados de sua apreciação sobre o vinho em questão. As observações quanto aos aspectos visual, olfativo e gustativo apresentadas pelo comentarista podem ser anotadas pelo público servindo como referência para futuras interpretações. Em seguida, passa-se para outra amostra repetindo-se o mesmo procedimento.
Safra 2005
Confira as 15 amostras selecionadas para degustação
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Perfil da avaliação
Foram avaliados 263 vinhos tintos e 105 brancos, estes divididos em 78
não-aromáticos e 27 aromáticos. O número de amostras por variedade foi
o seguinte:
Cab.Sauvignon – 106; Merlot – 62; Chardonnay – 44; Tannat – 27; Ancellotta – 20; Riesling Itálico – 20; Cabernet Franc – 12; Moscato Giallo – 12; Carmenère – 9; Sauvignon Blanc – 6; Gewurztraminer – 5; Shiraz – 4; Touriga Nacional - 4; Marselan – 3; Moscato – 3; Moscato Itália – 3; Malbec – 2; Malvasia – 2; | Montepulciano – 2; Pinotage – 2; Prosecco – 2; Ruby Cabernet – 2; Teroldego - 2; Ugni Blanc – 2; Alfrocheiro –1; Arinarnoa – 1; Barbera – 1; Chenin Blanc – 1; Malvasia de Cândia – 1; Moscato Canelli – 1; Pinot Griggio – 1; Pinot Noir – 2 (1tinto + 1branco); Refosco – 1; Riesling Renano – 1. |
*Dirceu Scotá é Presidente da Associação Brasileira de Enologia (ABE).
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