No universo das aguardentes, o kirsch tem sabor suave e frutado - por isso é usado na elaboração de drinques e sobremesas
por Fernando Roveri
O destilado é uma bebida que agrada aos mais diversos paladares em todos os países. Produzidos de acordo com o gosto de cada população, a bebida também é feita conforme a matéria-prima de cada região. Recentemente, é possível ver, no mercado de bebidas, destilados produzidos com frutas como banana, ameixa e tangerina, entre outras. No entanto, o universo das aguardentes oferece bebidas centenárias pouco conhecidas pelos brasileiros, como é o caso do kirsch, produzida através da destilação da cereja.
Oriunda da Europa Central, o kirsch surgiu como atividade econômica por volta do século XVI. Seu nome vem do alemão, um resumo da palavra kirschwasser, que em português significa "água de cereja". A bebida é produzida principalmente na região da Floresta Negra, da Alemanha, em algumas regiões da Suíça, onde se fala o idioma alemão, e também na Alsácia, na França. Há, ainda, pequenos produtores na Itália, restritos à região do Alto Adige.
A bebida começou a ser produzida com o mosto fermentado de cerejas pretas cultivadas ao longo do Rio Reno, onde havia um grande número de cerejeiras. Com o passar do tempo, sua produção se dissipou para outras regiões.
O método de produção é feito de maneira tradicional, assim como são feitas as maiorias das aguardentes derivadas de frutas. As cerejas são colhidas bem maduras, para em seguida serem cuidadosamente lavadas. Depois são esmagadas em uma cuba de madeira até formar um mosto, que permanece nessa cuba para fermentação. Acrescenta-se açúcar para aumentar o teor alcoólico, e a destilação dupla é feita em alambiques revestidos de cobre. Finalmente, a bebida é transferida para barricas de madeira, cujo interior é revestido de vidro, pois, dessa maneira, a madeira não transmite nenhum tipo de cor ao líquido. Alguns produtores utilizam recipientes de cerâmica. Para produzir o equivalente a uma garrafa de kirsch, é preciso utilizar nove quilos de cereja. A bebida pertence à categoria das bebidas de álcool branco.
O kirsch foi amplamente produzido durante o período da Revolução Industrial, entre 1860 e 1914, quando surgiram diversas destilarias. Com a enorme crise financeira que se abalou sobre o mercado após a crise de 1929, nos Estados Unidos, e que atingiu diversos países, a produção da bebida foi quase extinta, mas voltou a crescer após a Segunda Guerra Mundial.
Primeiramente, o método de colheita da cereja era artesanal. No início da década de 70, com o avanço da tecnologia, foi implantada a colheita mecanizada, o que facilitou a produção da bebida. A plantação se adaptou tecnicamente a esse tipo de colheita, pois, antes disso, a produção da cereja não tinha um período certo. Hoje, os produtores já sabem a data correta para colher a fruta e produzir a bebida e o kirsch é produzido em larga escala por algumas grandes empresas, mas ainda existem pequenos produtores, em sua maioria aposentados, que cultivam suas próprias cerejas em uma escala muito menor. Eles ainda produzem a bebida de forma artesanal, como era feito antigamente. Poderíamos chamar o produto de alguns desses tradicionalistas de kirsch de garage.
O teor alcoólico do kirsch chega a 45%, e a melhor maneira de consumi-lo é gelado, como digestivo. Seu sabor é meio seco e frutado, e a cor tem leves toques amarelados. A bebida é utilizada na produção de drinques diversos, mas também é bastante utilizada na culinária, principalmente para flambar sobremesas e servir de ingrediente em receitas de mousses e bolos, principalmente o Floresta Negra.
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