Cinquentões

ADEGA provou, com exclusividade, Portos históricos para comemorar os 150 anos da Krohn e os 10 anos da revista

por Por Eduardo Milan

Para comemorar um século e meio de história da Wiese & Krohn, ADEGA foi convidada com exclusividade para provar, pelas mãos de Fernando Seixas – do grupo Taylor’s, que adquiriu a Krohn em 2013 – algumas preciosidades da casa, dentre elas, o recém lançado Porto Krohn Vintage 1965 – safra que marcou sua comemoração de cem anos. A colheita do ano foi de ótima qualidade, resultando em 2.600 garrafas, parte delas destinada a envelhecimento prolongado. Em 2015, cinquenta anos depois, 300 garrafas vieram para o mercado brasileiro.

A Wiese & Krohn começou como uma pequena empresa, fundada em 1865 pelos noruegueses Theodor Wiese e Dankert Krohn, cuja atividade baseava-se na exportação de Vinho do Porto para os mercados escandinavos e para a Alemanha. Mas, afinal, como dois noruegueses se relacionam com Vinho do Porto? Simples, na Europa do século XIX, o Porto era usado como moeda de troca por bacalhau. Hoje, a vinícola produz seus próprios Portos a partir de uvas de sua Quinta do Retiro Novo, e também mantém parcerias com fornecedores tradicionais do Douro, adquirindo volumes adicionais de Vinho do Porto para envelhecimento e engarrafamento. Com isso, seus estoques chegam a mais de 5 milhões de litros.

Além do Vintage 1965, foram servidos mais quatro rótulos do portfólio: dois Colheitas (produzidos com uvas de uma só safra, geralmente de qualidade superior e que passam por longo período de estágio e evolução em barris de carvalho antes de serem engarrafados) e dois Vintages (obtidos de uma única colheita, em anos excepcionais, a partir de uvas selecionadas, que são engarrafados jovens e que têm todas as condições de evoluir excepcionalmente em garrafa por décadas a fio).

Primeiro, degustou-se um Colheita e um Vintage, ambos da ótima safra 2000, proporcionando a experiência única de verificar suas semelhanças e diferenças. Em seguida, provou-se uma grande surpresa: o pouco comum Porto Branco Colheita 1964 (é difícil provar Colheitas brancos antigos, ainda mais dessa categoria). Incrível qualidade e vivacidade. O próximo da lista foi o Krohn Vintage 1963 – de acordo com Fernando Seixas, safra considerada uma das melhores do século, ao lado de 1994. Infelizmente, a garrafa estava um pouco comprometida, embora o vinho tenha se mostrado muito bom depois de um tempo na taça. O fato fez lembrar que, para vinhos antigos, vale a máxima do crítico Hugh Johnson: não há grandes vinhos, sim grandes garrafas.

O auge foi reservado à estrela da noite. O Krohn Vintage 1965 estava fabuloso, vivo em todos os sentidos (cores, aromas e sabores), pura cereja e final lembrando licor de ginja. Uma safra excelente, que demonstrou de forma inquestionável porque vale tanto guardar um Porto Vintage por décadas. É para isso, para se ter a chance de provar um vinho como esse, que une de modo sublime e harmônico características muitas vezes antagônicas na maioria dos vinhos, como potência, concentração, intensidade, frescor, sutileza e elegância.

AD 94 pontos
KROHN PORTO COLHEITA 2000
Wiese & Krohn, Douro, Portugal (World Wine R$ 251,90). Nariz exuberante, cheio de notas florais e de ervas secas, que acompanham os aromas de ameixas, figos e cassis. Depois aparecem frutos secos e em compota. Intenso, ainda jovem, mostrando bom volume e textura, tudo bem sustentado por vibrante acidez. Tem final longo, com toques de ameixas secas, melaço e tabaco. Álcool 19%. EM

AD 92 pontos
KROHN PORTO VINTAGE
QUINTA DO RETIRO NOVO 2000
Wiese & Krohn, Douro, Portugal (World Wine R$ 1.281,50). Fechado no primeiro momento, depois apareceram aromas de ameixas e cerejas, seguidos de notas florais e de especiarias doces, que se confirmam deliciosamente na boca. Apesar de ainda muito jovem, tem ótima textura, complexidade e final longo, com toques minerais. Intenso, cativante e gostoso, super frutado e com muitos anos pela frente. Álcool 20%. EM

AD 95 pontos
KROHN PORTO COLHEITA BRANCO 1964
Wiese & Krohn, Douro, Portugal (World Wine R$ 1.023,00). Nariz impressionantemente vivo, cheio de notas de frutos secos e herbáceas associadas a notas oxidativas, que trazem complexidade ao conjunto. Depois aparecem aromas de figos secos por todos lados, seguidos de toques de gengibre. Mostra ótima acidez e final longo e profundo, com traços salinos e de amêndoas. Notável, raro e inesquecível por conjugar frescor, complexidade e potência. Álcool 20%. EM

AD 91 pontos
KROHN PORTO VINTAGE 1963
Wiese & Krohn, Douro, Portugal (World Wine R$ 4.142,60). Seguramente entre as melhores safras do século passado, mas lamentavelmente essa garrafa mostrou-se com uma evolução acima da média, tanto em cor quanto em aromas. Certamente um problema da garrafa e não do vinho, coisa que acontece com vinhos antigos. Âmbar com reflexos esverdeados. Um pouco cansado no nariz, muito de evolução, algo de iodo, acetona, medicinal. No palato, tem ótimas acidez e textura de taninos, bom volume e final persistente. Depois de um tempo, foi apresentando mais fruta e intensidade, mas, em comparação com os outros cinquentões provados, acabou ficando para trás.  Álcool 20%. EM

AD 96 pontos
KROHN PORTO VINTAGE 1965
Wiese & Krohn, Douro, Portugal (World Wine R$ 1.100,00). Vivo em todos os sentidos, desde a cor vermelho-rubi translúcido, com leves reflexos acastanhados, passando pelos aromas super frutados lembrando cereja e licor de ginja, até a boca, cheia de frescor, intensidade, textura, tudo num contexto de elegância e finesse. Mostra porque faz tanto sentido guardar os Vintage por décadas. Sem dúvida, um grande vinho quando jovem, mas que com 50 anos adquiriu uma dimensão e um equilíbrio notáveis. Álcool 20%. EM

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