Lançamento do Guia Descorchados 2014 no Brasil reuniu os mais importantes produtores e enólogos de Argentina, Chile e Uruguai
por Por Arnaldo Grizzo
Lançamento do Descorchados é um dos eventos mais relevantes de vinhos sul-americanos no Brasil, reunindo quase 1.000 pessoas que puderam provar os melhores rótulos produzidos na América do Sul na presença de seus enólogos
Saberia me apontar quem é o Patricio Tapia?”, perguntam duas moças tão logo recebem suas credenciais para o lançamento do Guia Descorchados 2014 no último dia de março deste ano. Assim que reconhecem o autor do mais importante guia de vinhos da América Latina, vão até ele com seus exemplares em mãos, pedem autógrafos na folha de rosto do pesado livro de 900 páginas e, não contentes, querem uma foto com ele, ao que são atendidas prontamente. O sorriso no rosto dos três, que ficou gravado na tela do celular, denota o quão especial foi o evento.
“O lançamento foi um grande êxito, não só pela grande quantidade de pessoas que compareceu, mas também porque os vinhos estavam ótimos. As pessoas que foram ao evento devem ter ficado com uma ideia muito clara do que é o vinho sul-americano. Todos, público, enólogos, produtores, estavam muito felizes”, afirmou Tapia, sempre procurado para fotos e autógrafos, por muitas das quase 1.000 pessoas que prestigiaram o evento.
Mas não foi somente o jornalista chileno o único a estar sempre requisitado pelos “fãs”. O lançamento do guia, um evento inédito no Brasil, reuniu 35 dos principais produtores da Argentina, Chile e Uruguai que apresentaram os vinhos que Tapia elegeu como os melhores nesta edição 2014. “Temos aqui a maior parte dos vinhos premiados desta versão do Descorchados e, mais do que isso, também os enólogos responsáveis por eles. Ou seja, é uma grande oportunidade não só de provar, mas entender o que está por trás de um grande vinho”, disse Tapia.
Edição 2014 também abarca vinhos do Uruguai pela primeira vez e possui 900 páginas
Assim, a nata dos enólogos da América do Sul estava reunida no Hotel Tivoli, em São Paulo, explicando seus vinhos para um público sedento por informações, composto de profissionais do setor e também por enófilos que compraram o livro com antecedência. Todos, mais do que buscar os sabores e aromas dos vinhos premiados, recorriam aos seus enólogos para lhes explicarem aquelas sensações, pois, convenhamos, não é sempre que se tem a oportunidade de degustar alguns dos melhores vinhos da América do Sul, sendo comentados por quem os produziram.
“Foi um evento muito interessante, porque permitiu o contato direto com o consumidor. Alegro-me muito com a boa recepção que têm os vinhos chilenos no Brasil, o quão são apreciados e me surpreende o grande conhecimento que os consumidores têm deles. São muito fieis e agradecem muito o fato de passarem um momento com o enólogo e receberem informação dos vinhos por parte de quem os faz. No Descorchados, os principais jogadores são o produto e a paixão”, contou o requisitadíssimo Francisco Baettig, diretor técnico da Viña Errázuriz, responsável por nada menos que o melhor tinto chileno do Guia 2014, o Red Blend 2011.
Além de Baettig, que, mais do que o grande vencedor, trouxe ainda outros ícones de sua vinícola como Don Maximiano e Viñedo Chadwick, todos os principais premiados estiveram presentes. Alejandro Vigil, enólogo responsável pelos vinhos de Catena Zapata, por exemplo, apresentou o melhor branco da Argentina, seu White Bones Adrianna Vineyard Chardonnay 2011. Já Santiago Achaval, da Achaval Ferrer, trouxe nada menos que o Finca Bella Vista Malbec 2011, tinto de maior pontuação na história do Descorchados e obviamente eleito o melhor da Argentina neste ano. De volta ao Chile, Marcelo Papa, da Viña Concha y Toro, foi um dos enólogos mais “tietados”, pois estava com os grandes Don Melchor e Carmin de Peumo, mas também com o premiado Marqués de Casa Concha Edición Limitada 2010, melhor Cabernet Sauvignon do Chile nesta edição.
Aliás, para o Guia Descorchados 2014, o jornalista chileno degustou cerca de 3 mil vinhos de 350 vinícolas e, pela primeira vez, o livro contemplou, além dos produtores argentinos e chilenos, também os uruguaios. “É um acréscimo importante, pois a vitivinicultura do Uruguai vem se destacando há anos”, contou o autor. E, no lançamento no Brasil, os principais produtores do país celeste também estavam presentes, como Pizzorno, Viñedo de los Vientos, Bouza e Juanicó.
Viña Errázuriz Red Blend 2011 foi considerado o melhor vinho chileno no Guia Descorchados 2014
35 dos melhores produtores de Argentina, Chile e Uruguai apresentaram seus vinhos premiados
O evento foi dividido em duas partes. A primeira contou com uma disputada degustação com troca de informações entre enólogos e imprensa especializada. Em seguida, iniciou-se a degustação para o trade e enófilos com a presença dos enólogos, que esteve lotada do começo ao fim. “A importância dos produtores na sala, podendo trocar opiniões, é o que faz a diferença”, disse Gabriel Bosso, que coordena as degustações do Descorchados na Argentina. “E podia ter ainda mais enólogos se não estivéssemos em época de colheita”, apontou.
Mas a relevância do Descorchados e também do mercado brasileiro fez com que muitos deles deixassem de lado a vindima por um dia para estarem aqui. “O mercado brasileiro e seus consumidores sempre foram extremamente generosos com os vinhos sul-americanos”, afirmou Tapia, entusiasmado com a recepção que o evento teve e o número de pessoas presentes. “Teve um público excelente, mas, mais do que isso, pode-se dizer também que compareceu quem deveria comparecer”, atestou Francisco Torres, diretor da VCT Brasil, lembrando que estavam presentes os principais formadores de opinião, assim como personagens importantes do trade.
A verdade é que, diante de tudo isso, o lançamento do Guia Descorchados 2014 se tornou um dos mais relevantes eventos de vinhos sul-americanos já ocorridos no Brasil. Em um único dia, reuniram-se 35 dos principais produtores de Argentina, Chile e Uruguai, que trouxeram somente seus vinhos premiados, o melhor de sua produção. Além disso, estavam presentes alguns dos enólogos mais influentes da América do Sul, como Marcelo Papa, Alejandro Vigil, Pablo Morandé, Matias Michelini e tantos outros, só a nata do vinho sul-americano.
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