Diretrizes Alimentares

Congressistas dos EUA questionam viés em estudo sobre consumo de álcool

Mais de cem congressistas dos EUA pediram ao governo mais detalhes sobre os estudos sobre o consumo de álcool

Congresso dos Estados Unidos solicitaram o encerramento de um estudo sobre o consumo de álcool - U.S. Capitol
Congresso dos Estados Unidos solicitaram o encerramento de um estudo sobre o consumo de álcool - U.S. Capitol

por Redação

Mais de 110 membros do Congresso dos Estados Unidos solicitaram ao governo o encerramento de um estudo sobre o consumo de álcool, realizado como parte da revisão das Diretrizes Alimentares para Americanos (DGA).

A cada cinco anos, o governo norte-americano revisa as diretrizes que são elaboradas pelo Departamento de Saúde e Serviços Humanos (HHS) e pelo Departamento de Agricultura (USDA). Elas  têm como objetivo orientar os americanos sobre padrões alimentares saudáveis e, por lei, devem ser baseadas nas melhores evidências científicas disponíveis.

Clique aqui e assista aos vídeos da Revista ADEGA no YouTube

Desde a primeira edição das DGA em 1980, a recomendação sobre o consumo de álcool sempre esteve presente. Atualmente, a orientação define como seguro para até duas doses diárias para homens e uma para mulheres. No entanto, as recomendações são revisadas periodicamente conforme novas evidências científicas surgem.

O processo de elaboração das diretrizes de 2025-2030, que deve ser concluído até o fim do ano, tem gerado controvérsias. Em fevereiro de 2022, o HHS transferiu a responsabilidade pelo estudo sobre o consumo de álcool para o Comitê Coordenador Interagências para a Prevenção do Consumo de Álcool por Menores (Iccpud). Este comitê tem como missão principal a prevenção do consumo de álcool por menores de idade, o que levantou questionamentos sobre a escolha.

LEIA TAMBÉM: Quanto mais álcool, melhor o vinho?

A transferência duplicou o trabalho que já estava sendo conduzido pela Academia Nacional de Ciências, Engenharia e Medicina (Nasem), que havia recebido uma verba de US$ 1,3 milhão do Congresso para estudar a questão.

O Iccpud, então, propôs a realização de um "estudo sobre consumo de álcool e saúde". No entanto, especialistas criticaram a proposta, apontando "metodologias incomuns que introduzem potenciais vieses" e considerando o estudo "desnecessário e inadequado".

LEIA TAMBÉM: Estudo revela benefícios no consumo de vinho na saúde dos astronautas

Outro ponto de crítica foi o fato de o estudo incluir resultados como acidentes de trânsito, que, embora prejudiciais à saúde, não estão diretamente relacionados à nutrição. Além disso, a ausência de especialistas em saúde cardiovascular no comitê foi considerada uma omissão importante, dado o impacto bem documentado do consumo de álcool no coração.

Toda a indústria de bebidas alcoólicas expressou preocupação com as irregularidades no processo, enviando cartas conjuntas a autoridades governamentais, criticando a falta de transparência e a seleção dos membros do comitê.

LEIA TAMBÉM: Consumidores ainda têm suas dúvidas quanto a vinhos de baixo teor alcoólico

Em abril, o presidente do Comitê de Supervisão e Responsabilidade da Câmara dos Representantes, James Comer, enviou cartas ao HHS e ao USDA pedindo mais informações sobre o processo. Após não receber os documentos solicitados, Comer emitiu intimações no início de outubro.

Ontem (7), um novo grupo de congressistas se manifestou. Em carta assinada por 113 membros do Congresso, os representantes Mike Thompson (D-Napa) e Dan Newhouse (R-WA) questionaram o redirecionamento de recursos do Iccpud.

LEIA TAMBÉM: Vinícola australiana lança linha de vinhos com baixo teor alcoólico

Segundo eles, "o processo secreto e o conceito de uma pesquisa original sobre o consumo de álcool por adultos, conduzida por um comitê responsável por prevenir o consumo de álcool por menores de idade, comprometem sua credibilidade e sua capacidade de continuar seu papel principal de ajudar a nação a prevenir o consumo de álcool por menores de idade."

A carta também solicita o encerramento do estudo. O Instituto do Vinho da Califórnia, um dos apoiadores da carta, elogiou a medida, alegando que o processo está contaminado pela falta de transparência e por um viés evidente.

palavras chave

Notícias relacionadas