Inúmeros estudos acadêmicos provam que o consumo de vinho faz bem à saúde. Saiba como as mulheres se beneficiam nessa relação com Baco
por Cláudia A. Stefenon (*)
Comparar homens e mulheres, como se fossem adversários, é coisa do passado. Existem diferenças sim, o que não torna ninguém melhor, apenas faz com que os sexos sejam diferentes, exatamente como os vinhos. Portanto, alguns aspectos referentes à mulher e ao vinho devem ser abordados de forma diferenciada. Nós sabemos que as opções de escolha são muitas, como por exemplo, em relação à idade (jovens ou maduros), apresentação (brancos, rosados e/ou tintos), perfil (tranqüilos, espumantes, licorosos, secos ou suaves etc). Estas características mudam os compostos presentes em cada classe de vinho, entre as quais poderíamos citar a uva (terroir), o processo de elaboração (tecnologia), o contato com a madeira (reações de oxidação) e o tempo de garrafa (reações de redução). Por isto, o vinho possui estrutura complexa e viva, em constante evolução nos diferentes momentos de sua jornada.
Em tempos em que a sociedade volta-se para um estilo de vida mais saudável e se pergunta como atingir este objetivo, o vinho é visto como sinônimo de cultura e do “saber viver”. Alguns elementos de sua composição fazem parte da dieta normal e necessária para o ser humano.
Estes elementos, aliados ao ritmo de vida, ao sexo, a idade, ao regime alimentar, a prática de exercícios físicos, entre outros fatores, são importantes na manutenção do equilíbrio do organismo humano, que por si só é uma máquina auto-ajustável, modificando seu metabolismo em função de diversas situações. Além disto, nunca é demais lembrar que o consumo de álcool deve ocorrer de forma moderada, regular e durante as refeições (intervalo mínimo de 8 horas), pois inúmeros trabalhos científicos já comprovaram que a incidência de doenças é, em geral, alta para os abstêmios e bebedores pesados, e baixa para os que consomem vinho com moderação. Mesmo assim, ainda não existe unanimidade sobre a quantidade segura de ingestão de álcool, embora para as mulheres, uma dose de 24 gramas parece não conter riscos. Para visualizar melhor, podemos usar como exemplo um vinho com 12% de álcool, o que significa que a cada 100ml, 12ml são de álcool, logo, 200ml seria uma quantidade segura.
O papel benéfico do vinho como auxiliar na prevenção do surgimento de doenças, principalmente cardiopatias, neuropatias e neoplasias é alvo de estudos no mundo inteiro. Neste contexto, sabe-se que o estresse oxidativo – desequilíbrio entre as defesas do organismo e a formação de espécies reativas – está associado à maior incidência de casos e os polifenóis, quando presentes na dieta, exercem uma função importante como auxiliares das defesas do organismo. Em relação aos polifenóis do vinho, as pesquisas têm mostrado que este efeito positivo é resultado das interações e do sinergismo entre os diferentes grupos fenólicos, aquém da concentração, o que de certa forma desmistifica a idéia de que somente os vinhos tintos seriam capazes de trazer benefícios.
Para falar um pouco sobre os polifenóis, pode-se dizer que eles atuam como queladores de íons metálicos, seqüestradores de espécies reativas, varredores de radicais livres e coadjuvantes no transporte de íons. Além disto, possuem propriedades antiinflamatórias, antioxidantes e indutoras de apoptose celular. Estas ações isoladas conduzem a um conjunto de benefícios, como o aumento da resistência das fibras colágenas, exercendo efeito protetor sobre as paredes dos vasos sangüíneos; menor formação de coágulos, diminuindo a formação de placas arteriais; menor formação de radicais livres, reduzindo a oxidação dos lipídeos; proteção dos linfócitos, preservando o sistema imunológico; favorecimento das funções digestivas; retardo do envelhecimento celular e orgânico, etc.
Testes in vitro, ensaios in vivo e estudos epidemiológicos realizados no mundo inteiro têm comprovado os efeitos benéficos do vinho. Em relação ao câncer de mama, que mata mais mulheres do que outras doenças e tem relação direta com a ingestão de álcool, o vinho também age de forma protetora, segundo inúmeros estudos realizados no mundo com mais de 20.000 mulheres. Para o câncer de ovário, os resultados foram similares em pesquisas realizadas com mais de 600.000 mulheres no Departamento de Nutrição da Escola de Saúde Pública de Harward, na Universidade do Hawaii, nos Estados Unidos e no Departamento de Epidemiologia, Nutrição e Toxicologia do Instituto Maastricht, na Holanda. Um acompanhamento de mais de três mil mulheres durante oito anos, conduzido no Departamento de Nutrição do Simmons College, em Boston (EUA), demonstrou o mesmo quadro no que diz respeito ao câncer de pele. Os resultados continuam se repetindo quando o assunto é pressão arterial elevada, mal de Alzheimer, derrame cerebral, infertilidade feminina, climatério e menopausa, osteoporose e diabetes Mellitus tipo 2. Considerando essas doenças, outras 300 mil mulheres fizeram parte de diversos estudos realizados em institutos e universidades ao redor do mundo.
Enfim, as evidências são muitas, alicerçadas no universo significativo amostrado e nas diferentes metodologias que embasaram os inúmeros estudos desenvolvidos mundo afora de que o vinho é benéfico à saúde feminina. Afinal, o vinho pede companhia. É importante salientar que o néctar de Baco não opera milagres, e deve fazer parte de um estilo de vida que contempla dieta equilibrada, prática de exercícios físicos, ausência de tabagismo, especificações particulares e/ou contra-indicações médicas (quaisquer que sejam elas), controle do estresse e, indiscutivelmente, consumo moderado e regular durante as refeições. Saúde!!!
+lidas
1000 Stories, história e vinho se unem na Califórnia
Vinho do Porto: qual é a diferença entre Ruby e Tawny?
Pós-Covid: conheça cinco formas para recuperar seu olfato e paladar enquanto se recupera
Os mais caros e desejados vinhos do mundo!
Notas de Rebeldia: Um brinde ao sonho e à superação no mundo do vinho