• APRENDER
  • CURIOSIDADES
  • PERFIL
  • SABOR
  • MERCADO
  • REVISTA
  • CLUBE
Assine
Facebook Revista ADEGAInstagram Revista ADEGA
  • APRENDER
  • CURIOSIDADES
  • PERFIL
  • SABOR
  • MERCADO
  • REVISTA
  • CLUBE
  • O mundo é uma ânfora

    Enquanto alguns enólogos vão atrás das últimas tecnologias, outros preferem voltar no tempo

    por Patricio Tapia

    E as ânforas entraram na moda. Marcelo Retamal, enólogo da prestigiada vinícola De Martino, no Vale do Maipo, acaba de lançar no mercado uma pequena produção de seu "Viejas Tinajas Cinsault 2011", um vinho que tem duas características centrais. A primeira é que ele resgatou uma cepa esquecida no Chile. A Cinsault se concentra principalmente no sul e até pouco tempo atrás era considerada uma casta menor por sua tendência de dar quilos demasiados por planta. Retamal, em troca, trabalhou-a com cuidado e obteve um vinho delicioso com ela, direto, desses tintos fáceis de beber e que acabam rápido.

    Voltar às raízes representa uma forma de sair da mesmice: "Hoje todos os vinhos parecem iguais, pois usam as mesmas leveduras, as mesmas barricas, as mesmas técnicas. O que buscamos é fazer um vinho o mais natural possível", diz Marcelo Retamal

    A segunda característica é da famosa jarra, um recipiente que foi usado por milhares de anos na produção de vinhos. Desse modo, de novidade não tem nada. "Preocupa-nos hoje a questão de que todos os vinhos parecem iguais, pois usam as mesmas leveduras para fermentar, as mesmas barricas, as mesmas técnicas. O que buscamos é fazer um vinho o mais natural possível, e o que é mais natural do que fazê-lo em ânforas de argila, de terra?", aponta Retamal.

    Cheguei ao tópico das ânforas no vinho moderno pelas mãos dos italianos, mestres nesses temas de involução tecnológica. O pioneiro nessas "involuções" é Josko Gravner, no Friuli. Um dia, por acidente, Gravner se deu conta de que os computadores, o aço, as leveduras de laboratório, nada disso tinha sentido na sua vinícola. Desse modo, decidiu voltar aos primórdios e foi à Geórgia para ver como se fazia um vinho por lá, respeitando técnicas milenares. Encontrou as respostas que buscava, além de comprar ânforas de terracota para sua nova vinícola. Guttarolo, Azienda Coz e Vodopivec são outros que seguiram o rumo de Gravner e todos, sem exceção, fazem vinhos riquíssimos.

    Experiência pessoal
    Tenho que confessar que também fiz tentativas com as ânforas. Há três anos, minha primeira e novíssima ânfora se arrebentou enquanto suportava os 300 quilos de Syrah em fermentação. Faz duas colheitas, o vinho se converteu em vinagre graças à minha ideia, bastante ingênua, de que o vinho se faz sozinho. Nesta colheita a questão foi mais organizada, então, se tudo ocorrer bem, meus amigos e eu teremos muito tinto feito em ânforas para saborear durante o ano. Meus dedos seguem cruzados... e os dos meus amigos também.

    Fazer vinhos em ânforas é uma das formas mais naturais de enfrentar a produção enológica. E também trata-se de uma forma bastante barata

    Fazer vinhos em ânforas, como disse Retamal, é uma das formas mais naturais de enfrentar a produção enológica. E também, pelo menos do meu lado, trata-se de uma forma bastante barata, pelo menos pela lógica da enologia. Uma ânfora de quase 100 anos, como a que comprei no ano passado (uma peça de museu, se apurarem), custou algo em torno de US$ 500, o que, no mundo do vinho, é pouco. Com isso, faço 600 garrafas, o que é mais do que suficiente para saciar a sede de qualquer mortal nessa terra.

    De volta para o passado
    Mas, voltemos aos profissionais. Pablo Morandé, um dos próceres da enologia chilena, comprou um par de ânfora para a colheita 2011 e o resultado que obteve o agradou muito, tanto que acabou de terminar uma vinícola - dentro de seu projeto familiar - em que uma grande sala está ocupada com uma enorme ânfora, desta vez de cimento. A visão é maravilhosa. Essas vasilhas gordas, enormes e majestosas, são como gigantescas barcas, esperando o vinho da nova colheita. "Pode ser que quando alguém fica velho, queira também recorrer a técnicas antigas", disse Morandé. E acrescenta que essa forma de involução também vai atrás de resgatar o que faziam os avós, mas agora com muito mais conhecimento do processo que leva da uva ao vinho. "Antes, as pessoas faziam vinhos, mas os vinhos se faziam sozinhos. Hoje conhecemos muito mais do processo, portanto temos muito mais armas para controlar, por exemplo, a questão sanitária para que o vinho não oxide", conta.

    Os novos caminhos do vinho têm direções surpreendentes, inesperadas. Quem pensaria que, no meio de uma corrida frenética para obter as últimas tecnologias, haja gente que segue em direção oposta, que toma outro rumo. E que faz vinhos deliciosos.

    Gostou? Compartilhe

    Facebook Revista ADEGAInstagram Revista ADEGA

    palavras chave

    Notícias relacionadas

    Clima desértico é propício para o cultivo de uvas

    Região de Salta vem renovando seus vinhos nos últimos anos

    Foto: Divulgação.

    Sauvignon Blanc: a fantástica uva branca

    Imagem Grande edifício da Baga

    Grande edifício da Baga

    Imagem O poder da Syrah

    O poder da Syrah

    Imagem Divagações sobre o Cabernet chileno

    Divagações sobre o Cabernet chileno

    Imagem Merloteando pelo Cone Sul

    Merloteando pelo Cone Sul

    De Rías Baixas até Valdeorras, a paisagem é de montanhas, dias nublados, colinas com inclinações impossíveis

    Os encantos dos vinhos da Galícia

    Imagem Clássicos infantis

    Clássicos infantis

    Imagem Argentina e Chile 2013 e além

    Argentina e Chile 2013 e além

    Imagem Os outros vinhos chilenos

    Os outros vinhos chilenos

    Top 100 Os Melhores Vinhos do Ano

    Escolha sua assinatura

    Impressa
    1 ano

    Impressa
    2 anos

    Digital
    1 ano

    Digital
    2 anos

    +lidas

    Dom Pérignon lança Rosé 2008, o vinho que marca a \u0022nova era\u0022 da Maison
    1

    Dom Pérignon lança Rosé 2008, o vinho que marca a "nova era" da Maison

    Arqueólogos encontram vestígios de viticultura com mais de 8 mil anos
    2

    Arqueólogos encontram vestígios de viticultura com mais de 8 mil anos

    Por que as garrafas de vinho têm 750 ml?
    3

    Por que as garrafas de vinho têm 750 ml?

    Crljenak Kaštelanski conheça a casta croata e seus diversos nomes
    4

    Crljenak Kaštelanski conheça a casta croata e seus diversos nomes

    Por que o termo “claret” virou sinônimo do vinho de Bordeaux?
    5

    Por que o termo “claret” virou sinônimo do vinho de Bordeaux?

    Revista ADEGA
    Revista TÊNIS
    AERO Magazine
    Melhor Vinho

    Inner Editora Ltda. 2003 - 2022 | Fale Conosco | Tel: (11) 3876-8200

    Inner Group