Azeite de oliva é parte importante de uma das dietas mais famosas do mundo, a Mediterrânea
por João Calderón
Quando pensamos em dieta, pensamos sempre em algo que nos fará sofrer, que eternamente adiaremos o começo para a próxima segunda-feira. Mas, se você vai a algum médico (ou nutricionista) que lhe diz para utilizar o óleo de oliva e tomar uma taça de vinho todos os dias, com certeza não associará isso a uma dieta saudável.
"Quando uma alimentação benéfica para a saúde pode ser saborosa?" Justamente com a dieta que sempre sonhamos, a Mediterrânea. Nos anos 50, um cientista norte-americano, o professor Ancel Keys, começou a estudar mais de perto a dieta dos povos da região do Mediterrâneo e foi, aos poucos, percebendo que italianos e gregos - e particularmente os habitantes da ilha de Creta - possuíam um índice muito baixo de doenças cardiovasculares e expectativa de vida elevada.
O que foi muito curioso - uma vez que se acreditava que qualquer tipo de gordura era prejudicial à saúde -, foi descobrir que os cretenses ingeriam muita gordura (representando cerca de 40% do total das calorias ingeridas) e que ainda assim possuíam uma expectativa de vida muito alta.
Não pense, porém, que eles já nasceram sendo grandes conhecedores nutricionais. Eles adotaram a dieta simplesmente porque lhes era mais cômodo geograficamente e acabaram por descobrir um modelo de alimentação saudável, com produtos ainda que ricos em gordura (quase sempre gorduras insaturadas) e, em alguns casos, fazendo inclusive bem à saúde - como o óleo de oliva utilizado para tudo.
Keys passou cerca de 20 anos estudando a alimentação desses povos que vivem às margens do Mar Mediterrâneo e, nos anos 70, publicou o livro "How to Eat Well and Stay Well: the Mediterranean Way" ("Como alimentar- se bem e sentir-se bem: a maneira Mediterrânea"). A partir de então, foi ganhando alguns adeptos ainda que distantes geograficamente dali, como o próprio professor, que morreu com quase 101 anos.
A Dieta
O resumo da dieta - com suas principais características - é ilustrado por uma pirâmide indicando as proporções e quantidades a que cada tipo de alimento pode ser consumido de maneira mais equilibrada.
Os alimentos mais próximos à base são os que podem, e devem, ser consumidos em maior quantidade. Na base da pirâmide, encontram-se os alimentos que fornecem energia ao nosso organismo: os carboidratos, que devem constituir cerca de 60% das refeições.
São eles: pão, macarrão, arroz e cereais em geral. Depois da energia, vêm as vitaminas e sais minerais, encontrados principalmente nos vegetais, legumes, frutas, verduras e leguminosas. No quarto nível da pirâmide está a nossa fonte de cálcio, que são todos os laticínios de maneira geral.
Na quinta e última camada da pirâmide, que aconselha comer diariamente determinados alimentos, encontra-se o azeite de oliva - responsável por ser a principal fonte de gordura -, o vinho - rico em flavonóides e antioxidantes -, além de peixe.
A importância do óleo se dá por diversos fatores, entre eles: por ser rico em vitamina E e ácidos gordos monoinsaturados, ele favorece a mineralização óssea, retarda o envelhecimento, contribui para o bom funcionamento do aparelho digestivo, ajuda a prevenir doenças cardiovasculares, diabetes, obesidade e suas propriedades antioxidantes diminuem o risco de alguns tipos de câncer.
O consumo de azeite aumenta os ácidos graxos monoinsaturados no organismo (o que ajuda na manutenção dos níveis de HDL - bom colesterol) sem elevar significativamente os ácidos graxos saturados e também assegura uma ingestão apropriada de ácidos graxos poli-insaturados essenciais.
A partir do sexto nível estão os produtos que não devemos ingerir todos os dias. Primeiramente, as carnes brancas e os ovos, fontes de proteína animal, que devem ser consumidos pelo menos uma ou duas vezes por semana.
Em segundo lugar, estão os doces. Importantes, pois fornecem energia para o nosso organismo rapidamente. Contudo, como também possuem muitas calorias, devem ser consumidos em pequenas porções. E, por último, no alto da pirâmide está a carne vermelha que, teoricamente, não deveria estar no cardápio mais de uma vez por mês, porque, apesar de rica em proteínas, possui alto índice de gorduras saturadas.
Esta é uma dieta que possui excelentes efeitos para a nossa saúde. Claro que nunca conseguiremos seguir toda ela, mas é uma dieta muito fácil de ser adotada, uma vez que é baseada em produtos encontrados em todo o mundo. Apesar de alguns sacrifícios, quem não gostaria de ouvir de seu médico que ingerir o óleo de oliva e o vinho todos os dias faria bem à saúde? Só nos resta aproveitar o que há de bom nisso tudo, mas, claro, com moderação.
#Q#Avaliação de azeites:
1 Aloia Olio Extravergine di oliva
Produtor: Azienda Olearia Eredi T. Aloia
Região: Colletorto, Itália
Importador: Costazzurra
Blend: não informado
Acidez máxima: 0,6%
Preço: R$ 50 (250 ml)
Um frutado leve, com boa presença de aromas com tons herbáceo, de frutas verdes. Possui boa picância, de leve para moderada. Este óleo de oliva ainda apresenta amargor bem forte (lembrando que isso não é defeito, mas qualidade). Tais características fazem dele uma boa companhia para vegetais amargos como endívia e rúcula, por exemplo. Contudo, ele ainda pode acompanhar bem um peixe e legumes (não adocicados), assim como um filé de frango com molho à base de limão.
2 Crudo Olio Extra Vergine D'Oliva
Produtor: Schiralli Srl
Região: Bietto, Itália
Importador: La Pastina
Blend: Ogriarola
Acidez máxima: 0,3%
Preço: R$ 28 (500 ml)
Frutado médio. Azeite com bom aroma, apresentando tons herbáceos de frutos verdes (um dos avaliadores diz lembrar tomate francês). Um óleo com amargor médio e bastante picante. No sabor, também remete a um tomate verde. Pode acompanhar tranquilamente um molho pesto e também harmoniza facilmente com carnes de aves.
3 Santiago Premium Azeite de Oliva Extra Virgem
Produtor: Òlisur
Região: Fundo de San José de Marchigue, Chile
Importador: D'olivino
Blend: Arbequina, Leccino e Frantoio
Acidez máxima:
Preço: R$ 39 (250 ml)
Um médio frutado para forte. Um óleo de oliva rico em sabores e aromas. Interessante notar que, no nariz, ele apresenta tons aromáticos mais verdes e, por outro lado, na boca, o sabor é mais amendoado, lembrando fruta madura e até manteiga, segundo um dos avaliadores. Sua picância e amargor são moderados. Um azeite que pode combinar bem com diversas receitas, especialmente um peixe (uma truta, por exemplo) e pratos de condimentos mais amendoados. Até em um caldo de feijão pode ir bem.