Os Estados Unidos, um (ainda) pequeno produtor, cada vez mais se torna um grande adepto do óleo de oliva
por João Calderón
Conhecido principalmente pelo consumo excessivo de gorduras saturadas, os Estados Unidos são o país do fast-food. Aliás, o famoso “paradoxo francês” se baseou em uma comparação entre a dieta norte-americana e a francesa. Um dos pontos centrais do estudo foi a constatação de que o tipo de gordura ingerido pelos franceses – em especial no azeite – era benéfi ca ao organismo. O que não acontecia com a consumida pelos ianques. Contudo, com o passar do tempo, eles também passaram a gostar de se cuidar e a conhecida dieta do mediterrâneo cada vez mais vem se popularizando por lá. Consequentemente, o consumo do óleo de oliva cresceu.
A indústria do azeite nos Estados Unidos ainda é bastante pequena, representando aproximadamente 0,1% da produção mundial, o que não os tornam irrelevantes para o mercado internacional do óleo de oliva, já que, fora da Europa, os norte-americanos são seus maiores consumidores, e, como pouco produzem, são também os maiores importadores, sendo cerca de 80% do óleo vindo do Mediterrâneo. E é na Califórnia que sua pequena produção vem sendo levada mais a sério, principalmente em Sonoma e Napa Valley, onde essa indústria, ainda um pouco experimental, cresce rapidamente.
O cultivo de olivas nos Estados Unidos começou com as missões franciscanas, que as plantavam essencialmente para suprir suas necessidades sacramentais
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História
A história das oliveiras nos Estados Unidos, ou melhor, na Califórnia, foi iniciada com as missões franciscanas dos espanhóis que, ao fi nal do século XVIII, vieram desde a baixa Califórnia peregrinando rumo ao norte. Foi nessa época que eles trouxeram as primeiras oliveiras que, em um primeiro momento, serviam para suprir suas necessidades sacramentais, mas que também eram utilizadas para a produção de sabão, no preparo das refeições e como combustível de lampiões. Os principais cultivares desse período eram Manzanillo, Sevillana e Cornicabra.
No início do século XX, as oliveiras foram se espalhando e alcançaram o Central Valley, onde se produzem as azeitonas de mesa. E é nos anos de 1930, com a imigração italiana, que se inicia a produção do óleo de oliva, sendo em sua maioria para o próprio consumo. O azeite então era extraído do fruto das antigas oliveiras de Sevillana e Manzanillo. Em 1936, a empresa Sciabica torna-se a primeira companhia a vender o óleo de oliva e, a partir desse momento, sua produção começa a crescer.
Já nos anos de 1990, azeite passa a ser um produto de alta qualidade, um símbolo da civilização mediterrânea, de saúde e de um desejável status. Também nesse período, vinhedos de Napa Valley e Sonoma começam a dividir espaço com oliveiras que produzem pequenas quantias de olivas. Sua produção hoje se prolifera nas mãos de alguns entusiastas, fazendeiros que tentam diversifi car seus produtos, investidores que acreditam em um possível retorno ou até amadores, mas quase todos operando em pequenas escalas.
Azeitonas de mesa californianas
Esta é uma especialidade norte-americana. Existem cerca de mil produtores e aproximadamente 14 mil hectares de plantação dedicados à azeitona negra californiana, em sua maioria Manzanillo. O interessante em seu processo é que as azeitonas pretas são colhidas ainda verdes e depois mergulhadas em uma solução de lixívia, retirando seu amargor e transformando-as em verdadeiras pérolas negras.
Tipos de óleo
São três os tipos de óleo de oliva principais produzidos na Califórnia. O mais popular deles é chamado Toscano. Elaborado a partir dos cultivares Frantoio e Leccino, o óleo Toscano é, muitas vezes, questionado, já que essas olivas estão mais adaptadas ao clima de sua região de origem, a Toscana, que é mais fresco. E no quente norte da Califórnia, elas não atingem o legítimo estilo toscano desejado.
O segundo é o Provençal. Para os norte-americanos que não se identifi cam com o estilo do primeiro, este óleo é mais intenso, amargo e picante. É elaborado a partir das olivas e Bouteillan.
Já o terceiro tipo de azeite é tido como o mais autêntico sabor norte-americano: mais suave e mais doce, é um colheita tardia, elaborado a partir dos tradicionais cultivares espanhóis Missión e Sevillana, alcançando, por vezes, um óleo mais complexo.
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