A uva branca alemã Riesling é uma casta poderosa, capaz de produzir vinhos, espumantes e muito mais
por Redação
A maioria dos principais críticos de vinho aponta a Riesling como a principal uva branca do mundo, suplantando até mesmo a famosíssima Chardonnay e a clássica Sauvignon Blanc.
Essa casta de origem alemã, cujos primeiros registros são da Idade Média, é capaz de produzir grandes vinhos desde secos até doces, sendo boa parte deles com enorme potencial de envelhecimento.
Outro fator que encanta os críticos é a capacidade dessa cepa de traduzir o terroir em que está plantada. Ela reflete o vinhedo com transparência, de uma forma que nenhuma outra variedade é capaz.
Definir aromas e sabores não é tarefa simples, mesmo em lugares onde seu cultivo é tradicional, como nos vales dos rios Reno e Mosel, na Alemanha e na Alsácia, regiões muito próximas mas que produzem Rieslings com personalidades bastante diversas.
Os alemães costumam ser mais leves e com tons florais. Já os franceses tendem a um vinho mais denso e complexo. Contudo, a Riesling pode apresentar aromas minerais bem marcados, algo terroso, muitos tons florais e até algumas especiarias e notas apimentadas. Na boca, pêssego e maçã-verde, além de frutas cítricas, costumam aparecer.
Rieslings doces terão um aroma de mel maravilhoso, além de sugerir damascos, marzipã e uva-passa. Com o envelhecimento em garrafa, muitos vão apresentar um aroma de petróleo bastante típico.
Conheça os melhores Riesling já degustados pela ADEGA
A Alemanha é o berço da Riesling, mas ela se espalhou pelo mundo, pois é uma vinha muito estável. Mesmo havendo mais de 60 clones diferentes disponíveis, eles não apresentam grandes diferenças entre si, e a capacidade de produzir vinhos desde secos até doces (incluindo espumantes) é um grande atrativo.
Suas principais regiões produtoras dentro da Alemanha são: Mosel, Pfalz, Rheingau e Nahe.
Depois da Alemanha, a Alsácia é a zona mais tradicional da casta. Em seguida, podemos encontrar grande produção de Riesling na Austrália, Áustria, Nova Zelândia, Canadá e Estados Unidos, com presença em algumas regiões do Chile. Não deve-se confundi-la com Riesling Itálico, que é outra variedade.
Essa cepa é considerada de maturação precoce, especialmente em climas quentes. A madeira de sua vinha é bastante dura, o que faz com que ela seja extremamente resistente ao frio invernal de lugares como Canadá e norte da Alemanha, por exemplo. Frio, aliás, que é capaz de congelar seus grãos, que vão gerar os famosos Icewines, os vinhos do gelo.
A Riesling raramente é vista em blends. Um dos motivos é a tradição alemã e alsaciana de fazer vinhos varietais, mas outro é o fato de ela ser considerada uma variedade completa em si mesma, que não precisa de adições de outras, pois, nas misturas, pode perder aroma, complexidade e elegância.
Um dos pontos-chave da Riesling é sua acidez, o que, junto com a concentração e o açúcar residual – no caso dos doces –, fará com que seus vinhos sejam extremamente longevos. Essa alta acidez a torna capaz de produzir bons espumantes – chamados Sekt, na Alemanha – e também dá equilíbrio, frescor e elegância aos vinhos mais adocicados, fazendo com que eles não fiquem enjoativos.
Tradicionalmente, tanto a Alemanha quanto a Alsácia produzem alguns dos melhores exemplares de vinhos doces brancos do mundo, a maioria feito com Riesling. Tanto que, nos rótulos dos vinhos alemães, as principais indicações são do grau de doçura, que vão desde os Trocken (secos) até os Trockenbeerenauslese (mais alto nível de açúcar residual).
Os vinhos doces podem ser feitos ao cessar a fermentação, antes que todo o açúcar seja consumido. Os melhores, todavia, geralmente são feitos com ajuda da Botrytis cinerea, a chamada “Podridão Nobre”. Ou seja, um fungo ataca os grãos, concentrando açúcar e acidez.
Outro método, já mencionado, é o dos Icewines, quando o mosto se concentra devido ao congelamento da água da uva. Todos esses vinhos são capazes de envelhecer por muito tempo, e podem em alguns casos ser guardados por décadas a fio.