Donos dos Châteaux Angélus e Trotte Vieille estão sob investigação
por Arnaldo Grizzo
Philippe Castéja, négociante proprietário do Château Trotte Vieille, e Hubert de Boüard, antigo coproprietário do Château Angélus, estão sendo investigados por possivelmente terem usado seus cargos nas organizações responsáveis pela Classificação de Saint-Émilion de 2012 para ganhos pessoais. O caso ameaça acabar com a classificação, colocando em questão o status de Angélus como um dos quatro Premier Grand Cru Classé A na denominação.
O ranking foi oficializado na década de 1950 e é revisado a cada 10 anos. A lista de 2006 foi anulada depois de ações judiciais por châteaux cujos proprietários afirmaram que o ranking era injusto e tendencioso. A lista de 2012 – que inclui 82 – foi projetado para ser à prova de processos e atraiu a curiosidade de todos quando Angélus e Château Pavie foram promovidos para se juntar a Ausone e Cheval Blanc no patamar mais alto.
A investigação atual decorre de uma queixa apresentada no início de 2013 pelos proprietários de três châteaux (Corbin Michotte, Croque-Michotte e La Tour-du-Pin-Figeac) que não conseguiram se enquadrar no ranking de 2012. Eles se opuseram aos critérios usados e alegaram que os juízes tinham conflitos de interesse. Segundo a lei francesa, é crime que os funcionários usem sua posição em um órgão público com fins lucrativos ou participem de decisões nas quais tenham interesse pessoal. No caso de Saint-Émilion, o ranking está sob os cuidados do Institut National des Appellations d’Origine (INAO), órgão nacional que supervisiona as denominações de origem. De Boüard e Castéja ocuparam, durante muito tempo, cargos influentes dentro do INAO.
Ambos negam qualquer participação no ranking, no entanto, falando em nome do pai, Stéphanie de Boüard-Rivoal, coproprietária do Château Angélus, disse que “esta é uma investigação com a presunção de inocência”. “Esta é uma etapa do processo judicial, mas eles não foram considerados culpados”, disse Franck Binard, diretor do conselho de vinhos de Saint-Émilion.
Se considerados culpados, eles podem ser condenados a penas de prisão e multas. Ambos, porém, afirmam que se ausentaram da tomada de decisões relacionadas ao ranking e pediram ao tribunal de Bordeaux para rejeitar a investigação.