Côte-d’Or lidera valorização imobiliária vitivinícola na França, enquanto Bordeaux e outras regiões enfrentam queda nos preços
por Redação
O preço médio do hectare de vinhedo na Côte-d’Or, região central da Borgonha, superou pela primeira vez a marca de €1 milhão em 2024, estabelecendo um novo recorde no mercado francês de terras com denominação de origem protegida (AOP). Os dados são da agência estatal francesa Safer (Société d’Aménagement Foncier et d’Établissement Rural).
O aumento de 11% no valor médio por hectare contrasta com a tendência nacional, que registrou queda de 1,1% no mesmo segmento. A valorização reflete a escassez de oferta e a demanda elevada por vinhedos nas prestigiadas sub-regiões Côte de Nuits e Côte de Beaune, responsáveis por alguns dos vinhos mais caros do mundo. Segundo Loïc Jégouzo, da Safer, a valorização na Côte-d’Or é contínua há 28 anos, sustentada por um mercado estruturalmente limitado.
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O destaque vai para as parcelas classificadas como premier cru e grand cru. Os vinhedos premier cru com Chardonnay subiram 13% e alcançaram €2,55 milhões por hectare. Já os com Pinot Noir registraram valorização de 9,5%, atingindo €1,04 milhão por hectare.
Enquanto a Borgonha quebra recordes, outras regiões enfrentam retração. Bordeaux, por exemplo, teve queda de 18% nos preços em 2024, com média de €112.500 por hectare. Apelações de renome como Pauillac e Margaux recuaram 17% e 7%, respectivamente.
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A escassez de terras na Côte-d’Or — com apenas 9.500 hectares plantados, menos de 10% da área de Bordeaux — impulsiona a valorização. Transações de destaque em 2024 incluem a compra de 1,3 hectares em Aloxe-Corton pela LVMH, por €15,5 milhões, e aquisições em Gevrey-Chambertin lideradas por Joe Tsai, cofundador do Alibaba.
O cenário de valorização acarreta desafios sucessórios. O aumento no imposto de herança tem forçado a venda de propriedades familiares. Em resposta, o parlamento francês aprovou em fevereiro medidas que ampliam isenções fiscais para a transferência de vinhedos.
Champagne também apresentou alta de 1,7% (€1,12 milhão/ha), enquanto regiões como Loire, Cognac, Rhône e Languedoc-Roussillon registraram queda. O volume total negociado permaneceu estável em 16 mil hectares, com valor total de €1,1 bilhão.
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