Garrafas rearrolhadas pelos produtores, procedimento conhecido como recork, é realizado por grandes vinícolas, sobretudo em Bordeaux
por Christian Burgos
Recentemente, em uma degustação de Don Melchor, deparamo-nos com uma rolha nova ao abrir uma garrafa de Don Melchor 1989. Com uma onda avassaladora de vinhos de procedência duvidosa, essa é uma situação que chama a atenção. Afinal de contas, o vinho do descaminho muitas vezes vai além da sonegação e adentra a falsificação.
Exceto quando ocorre o que aconteceu nesta degustação: a garrafa em questão havia sido rearrolhada pelo produtor. Esse procedimento conhecido como “recork” é realizado por produtores de grandes vinhos, sobretudo em Bordeaux.
Com o tempo, as rolhas vão se deteriorando, perdem a capacidade de vedação perfeita –você já deve ter encontrado rolhas que estão úmidas e se desfazem quando retiradas ou simplesmente caem para dentro da garrafa... Por isso, preventivamente, grandes colecionadores ou a própria vinícola substituem a rolha de seus tesouros, usualmente quando os vinhos ultrapassam 25 anos de idade.
O processo é muito delicado e consiste em retirar a rolha antiga, avaliar o vinho, completar com o mesmo vinho da mesma safra se o nível da garrafa estiver baixo e vedar novamente a garrafa com uma rolha nova.
Foi a primeira vez que vimos esse processo feito com uma garrafa sul-americana. Posteriormente, a importadora VCT esclareceu que o processo é supervisionado pelo enólogo de Don Melchor, Enrique Tirado, e a rolha, como você pode ver, indica que foi rearolhado na própria vinícola no ano de 2004. Acreditamos que isso tenha contribuído para o vinho chegar perfeito para nossa degustação e também para quem comprou este pequeno lote de safras antigas que recentemente chegaram ao Brasil diretamente da Viña Don Melchor.
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