No fundo, o vinho não costuma ser o vilão na briga contra a balança
por Redação
Quando vamos ao nutricionista e ele nos ajuda a bolar um plano alimentar para emagrecer, a primeira orientação sempre é: cortar carboidratos. E especialmente durante a noite. Pior ainda, a maioria dos profissionais condena veementemente as bebidas alcoólicas e, para a perda de peso, indica a abstinência. Por quê? Muito disso é culpa das calorias do álcool.
Assim, mesmo aquela tacinha de vinho durante as refeições acaba proibida. Mas será mesmo impossível conciliar a bebida que tanto amamos nessas resoluções das dietas modernas? Sim, é, apesar de os nutricionistas mais xiitas dizerem o contrário, pois, no fundo, não é ele o vilão, mas alguns hábitos alimentares possivelmente equivocados (aí, sim, que podem incluir a ingestão excessiva de vinho) que tendem a minar a sua dieta.
Mas vamos começar entendendo o porquê de o álcool ser considerada um vilão nesse cenário fitness atual. Uma taça de 150 ml de vinho (seco, não de sobremesa) com volume alcoólico entre 11 e 14% tende a ter de 120 a 130 calorias. O cálculo para saber o valor exato é um pouco complicado de fazer, pois é preciso levar em consideração o tamanho da taça (em gramas, não em mililitros), multiplicar esse número pela porcentagem de álcool da bebida e depois fazer isso vezes sete. Essa conta vai lhe revelar as calorias do álcool. No entanto, a isso deve-se acrescentar as calorias dos carboidratos (açúcares). Diferentemente do volume de álcool, essa medida raramente é mostrada nos rótulos. Mas, caso encontre, você pega o grau de açúcar do vinho e multiplica pelo tamanho da taça (agora sim em litros) vezes quatro.
Uma taça com vinho de 12% de álcool terá 14 gramas de álcool, ou seja, 98 calorias. Uma quantidade comum de carboidratos nesse vinho seria aproximadamente 4 gramas, ou seja, mais 16 calorias. Mas, enfim, é uma conta complicada mesmo. E, para piorar, o carboidrato ainda é muito mau visto, pois, em excesso, é ele que vai se transformar em gordura.
Existe ainda outro fator complicador. O álcool interrompe o processo metabólico. Como não pode ser armazenado (ele precisa ser quebrado e filtrado para fora do organismo), o corpo prioriza o processamento e interrompe a metabolização de todos os outros nutrientes, o que significa que os carboidratos que você consumiu têm menos probabilidade de serem queimados e mais propensos a serem quebrados em açúcares e depois armazenados como gordura.
Um estudo mostrou que o álcool reduz as inibições, entre outras coisas, pode levar ao consumo excessivo de alimentos. Ou seja, beber enquanto come (e vice-versa) pode ser um problema para quem tem questões com a balança. Mas, esse mesmo estudo também apontou que pessoas que têm consciência de sua ingestão calórica não sofreram os efeitos do álcool. Ou seja, quem sabe o que está comendo, pode manter o controle de sua alimentação mesmo quando bebe. Ou seja, um dos segredos para encaixar o vinho na dieta parece estar na tomada de consciência. Então, se você estiver comendo enquanto bebe, opte por pratos de baixa caloria para que seu corpo não tenha muita energia para armazenar enquanto tenta se livrar do álcool.
Os nutricionistas sabem disso, mas, como sabem também que muitas pessoas perdem um pouco do controle sob a influência do álcool, preferem dizer que é proibido, quando, na verdade, a indicação deveria ser: “se você for beber, combine a bebida com alimentos de poucos carboidratos, especialmente com proteínas e vegetais”. Portanto, outro ponto chave para agregar o vinho à dieta é, como sempre, evitar excessos, tanto na bebida, quanto na comida que está acompanhando.
Como as dietas de perda de peso focam-se na questão calórica e há alguns limites a serem respeitados caso você queira emagrecer, certamente você não vai querer trocar as calorias de uma refeição toda apenas pelas do vinho, ou seja, será necessário um bom equilíbrio, com optando por uma pequena taça durante a refeição e não uma garrafa.
Outro ponto que pode ajudar bastante nessa integração do vinho com a dieta é ajustar alguns hábitos. Em vez de beber o vinho juntamente com a refeição, tente desfrutar dessa taça algumas horas depois, dando tempo para que seu corpo quebre os nutrientes e não os armazene enquanto luta contra o álcool.
“Mas se eu abrir a garrafa, preciso tomar, senão, estraga”. Digamos que esse pensamento está um pouco ultrapassado, ou seja apenas a sua desculpa para não querer seguir a dieta. Hoje há diversos equipamentos para selar a garrafa aberta e manter o vinho em excelente estado por muito tempo, meses, talvez anos. Se nunca ouviu falar em Coravin, pesquise e deixe essa desculpa de lado.
Quer mais uma dica? Prefira vinhos secos, evitando os de sobremesa e fortificados, que possuem muito mais calorias. E, por fim, talvez a dica mais importante seja: não abandone o vinho. Ele pode até ser um complicador na hora de perder peso, mas há tantos outros fatores de saúde envolvidos que, segundo médicos e cientistas, os benefícios do consumo moderado suplantam os da abstinência. Inúmeras pesquisas apontam que o consumo moderado junto a uma dieta equilibrada ajuda a prevenir desde doenças cardiovasculares até neurológicas. Então, pondere e desfrute com consciência.