Uva banida de Franciacorta agora é aliada contra mudanças climáticas
por Redação
Há mais de 100 anos, os produtores de Franciacorta, na Itália, decidiram restringir as variedades que poderiam ser usadas em seus espumantes de “corte francês” (daí o nome
Franciacorta). Selecionaram apenas Pinot Noir, Chardonnay e Pinot Bianco. Assim, decidiram banir do blend a uva Erbamat, uma cepa indígena até então utilizada.
Agora, contudo, o conselho regional está analisando a reintrodução da casta, pois, segundo eles, ela lhes ajudaria diante das mudanças climáticas que estão ocorrendo no mundo. Para
Silvano Brescianini, vice-presidente do conselho e diretor da vinícola Barone Pizzini, a Erbamat agora pode ser uma “aliada”.
Isso porque a variedade tem maturação tardia e produz vinhos quase neutros e de alta acidez. Ela se dá melhor em colinas devido à sua pele fina e cachos compactos. No entanto,
também é suscetível à Botrytis. “Erbamat amadurece cerca de 20 dias ou um mês antes das outras variedades. Ela ainda preserva altos níveis de ácido málico, com menos açúcares”,
aponta Leonardo Valenti, professor de viticultura da Universidade de Milão.
Para demonstrar o quanto as mudanças climáticas estão afetando a região, o professor revela que, “nos anos 1980, colhia-se Chardonnay no começo de setembro, mas, agora, em
Montorfano, a parte mais quente de Franciacorta, começa-se a colher no fim de julho”.
A Erbamat ainda não está oficialmente permitida, mas os produtores querem que a inclusão
ocorra em 4 de janeiro do próximo ano. No entanto, para 2017, 10% da variedade serão permitidos no blend e até 50% de Pinot Bianco.
A casta é conhecida desde o século XVI, quando foi documentada por Agostino Gallo. Ela
tende a mostrar tons florais e mineralidade no nariz, alta acidez e pouco álcool graças à sua tendência de produzir pouco açúcar. O principal produtor atualmente é Barone Pizzini, com 4 mil vinhas, mas outros produtores também possuem videiras como Guido Berlucchi, Ca’
del Bosco, Ferghettina, Giuseppe Vezzoli, Castello Bonomi e Ronco Calino. “O único ponto desconhecido é que não sabemos a sua longevidade”, revela Brescianini. Segundo ele, a
permissão da Erbamat ainda é, de certa forma, experimental.
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