Pratos tradicionais de uma das culinárias mais amadas do Brasil, harmonizam com vinho também!
Silvia Mascella Rosa Publicado em 20/04/2022, às 13h10 - Atualizado às 16h00
Um aviso: se você está com fome ou sem comer há algumas horas, salve este texto para ler depois.
É sério! Bem, está avisado.
Já que estamos escrevendo essa matéria no Dia de Tiradentes, uma aulinha de história rápida: este feriado de 21 de abril é a celebração de um herói nacional, Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, que nasceu em 1746 numa fazenda nas cercanias de São João del Rei, hoje Ritápolis, e foi enforcado em 21 de abril de 1796, por conta de seu envolvimento e liderança da Inconfidência Mineira, movimento que pretendia libertar o Brasil do controle da coroa portuguesa.
Tiradentes foi muitas coisas, militar, minerador, tropeiro e dentista. Mas Joaquim José era um brasileiro, descendente de portugueses e filho de uma das terras que foram mais exploradas no Brasil desde o início: as Minas Gerais. Pelos caminhos que ele trilhou, seja como homem ou como revolucionário, existe até hoje uma cozinha de profunda ligação com os frutos da terra, com as criações das fazendas e com a mistura entre as culturas indígena, portuguesa, africana e a brasileira que se formou dessa combinação.
O pão de queijo criado em MG virou um símbolo nacional e até na França ele já recebeu harmonização.
O bolinho de mandioca, seja recheado de carne seca ou queijo, é comida de boteco Brasil afora e neste feriadão indicamos esse petisco, acompanhado de uma bela porção de queijo da Serra da Canastra e até um caldinho de jerimum, com um vinho recém degustado por nosso editor Eduardo Milan, o Tocado, um vinho espanhol sem passagem por madeira, com as uvas Garnacha, Cabernet Sauvignon e Tempranillo. Eduardo nos conta que esse vinho é "harmonioso, tem acidez vigorosa, taninos macios e boa textura".
E essa descrição nos mostra que ele vai ser bem adequado para os bolinhos, o queijo e o caldinho. A safra 2019 também está disponível no Brasil.
Para o frango com quiabo servido com angu (a polenta brasileira) e a dobradinha com feijão branco vai valer um vinho branco.
E daí seguimos a tradição portuguesa com um vinho elegante, recém degustado por nosso editor, o Quinta do Crasto, uma combinação das uvas Viosinho e Verdelho com ligeira passagem por barrica.
Força e corpo que farão boa frente aos sabores intensos dos pratos, e ainda vão refrescar aquele toque de pimenta caseira que, sabemos, vamos colocar na comida. Eduardo Milan deu 92 pontos para esse vinho e disse que tem textura cremosa e firme e final cheio e persistente.
Para quem não dispensa um feijão tropeiro, um tutu de feijão ou uma rabada com agrião, o vinho vai ser "regional", o Maria Maria EVA Syrah 2018 (sim o nome é homenagem à canção de Milton Nascimento, amigo da família produtora do vinho) produzido no sul de MG. A uva Syrah é um das que melhor se adaptaram aos terrenos mineiros do sul, e que a cada dia nos mostram os novos frutos que essa terra tão vasta e produtiva pode nos dar.
Essas harmonizações são ou não um trem bão?!