Livro conta história de vinhos italianos

Pesquisadores lançam obra que questiona a origem de variedades consideradas indígenas na Itália

Redação Publicado em 16/12/2019, às 11h00 - Atualizado às 11h26

Attilio Scienza e Serena Imazio quere desmistificar a origem de variedades de uvas famosas na Europa

O livro, intitulado “Sangiovese, Lambrusco, e outras histórias de videira”, recém lançado, questiona o status de indígena de diversas variedades italianas. Escrito por Attilio Scienza e Serena Imazio, o trabalho se concentra na história e ancestralidade das videiras cultivadas na Itália, mas também inclui variedades internacionais como Chardonnay, Merlot, Syrah e Pinot Noir.

O objetivo, segundo eles, é desmistificar a origem das famosas variedades de uvas da Europa, analisando relatos de migração e intercâmbio cultural que formaram uma parte importante do comércio e da viticultura por séculos. Scienza, professor da Universidade de Milão, é especialista em melhoramento genético da videira. Imazio é pesquisadora em genética de videiras da Universidade de Módena e Reggio Emilia.

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Na introdução do trabalho, os autores afirmam que, como em grande parte da Europa, as variedades modernas da Itália foram desenvolvidas através de “uma hibridação atormentada de contribuições culturais das mais diversas origens, da Europa à África, do Oriente Médio à Ásia Central. Nesse sentido, o caso italiano é arquetípico para toda a Europa: a partir da pesquisa sobre a identidade da vinha nas diferentes regiões, emerge um continente sem fronteiras rígidas, uma encruzilhada contínua de migrações, interações, hibridizações, contrastes e conflitos entre povos, que extraiu seiva fundamental da diversidade de raízes, em um nível cultural e político”.

O trabalho combina pesquisa genética de DNA de uvas, estudos de botânica e ampelografia, antropologia, história de civilizações antigas, estudos linguísticos e literários e questiona se podemos apontar qualquer variedade de uva como sendo nativa de um país ou região. Os autores afirmam que a palavra “autóctone” (significando indígena) perde gradualmente seu significado, pois as videiras são “o resultado de uma circulação varietal intensa e antiga entre áreas, às vezes até grandes distâncias, muitas vezes sem fronteiras geográficas, então o termo não se refere mais a um lugar, mas a um tempo em que a videira se manifesta de maneira ideal por meio de suas características de produção”. O livro está disponível na Amazon.

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