Ela é a segunda casta mais cultivada pelos nossos hermanos
por Arnaldo Grizzo
Francesa de origem, argentina de coração
Bonarda é a segunda variedade tinta mais cultivada na Argentina, depois da Malbec obviamente. Ela é uma casta tão tradicional por lá que muitos ignoram que sua origem (assim como a da Malbec) é francesa e ignoram mais ainda seu nome “de batismo”, Douce Noir.
O local de nascimento da Douce Noir é provavelmente a região de Savóia, na França, onde a variedade foi historicamente encontrada e onde possui inúmeros sinônimos. Análises de DNA provaram que a Bonarda argentina é idêntica à Douce Noir.
Douce Noir significa literalmente “doce negro”, o que já denota um pouco de suas principais características, que são a cor bastante acentuada e uma maturação tardia.
E a confusão não acaba aí! Há ainda uma Bonarda Piemontesa, mas ela não tem parentesco com a Douce Noir e tampouco com a Bonarda argentina. Costumava-se dizer que Douce Noir era originária do Piemonte, daí seu sinônimo Plant de Turin ou simplesmente Turin, mas não é.
Fora de Savóia, a Douce Noir era comumente chamada de Corbeau (que significa “corvo”) também por causa do vinho de cor profunda que produz.
A Bonarda foi introduzida na Argentina com as correntes de imigração do final do século XIX e seu cultivo teve início na região de Cuyo. Ali, ela produz vinhos dos mais variados estilos, de tintos encorpados a leves, e até espumantes.
Este vinho orgânico é elaborado com mínima intervenção exclusivamente a partir de Bonarda, com fermentação espontânea (sem leveduras adicionadas) e estágio de 8 meses, sendo 85% em tanques de concreto sem epóxi e os 15% restantes em barricas usadas de carvalho. Gostoso de beber e fácil de agradar, tem taninos de boa textura, refrescante acidez e final com toques de amoras, de ervas e de especiarias. Uma ótima companhia para embutidos.
Esse 100% Bonarda tem suas advindas de um vinhedo de mais de 35 anos, próximo à vinícola, em Agrelo, com estágio de 12 meses em barricas de carvalho francês. Mostra perfil de frutas vermelhas e negras mais maduras, mas também maior estrutura, taninos firmes e boa acidez.
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