Rafael Vivanco revela o início da vinícola familiar, guardiões da cultura do vinho
por Christian Burgos
O início da história da Vivanco, vinícola espanhola da região de Rioja, é bastante humilde. “Começou com meu bisavô, que produzia alguns vinhos para a família e, o que não bebia, vendia para amigos. Nossa avó, Felisa, foi quem levou o negócio a crescer, pois ela era muito comercial, vendia os vinhos no mercado. Meu pai, Pedro, não pôde estudar, porque precisou trabalhar cedo para ajudar os pais. Ainda assim, mais velho, decidiu que precisava estudar enologia para entender as coisas”, conta Rafael Vivanco, filho de Pedro e responsável pela vinícola atualmente.
Até 2004, os Vivanco não engarrafavam seus vinhos com seu nome. Quando voltou dos estudos em Valência, Pedro foi convidado por diversas vinícolas para trabalhar, mas recusou, pensando sempre em seu projeto próprio. Nesse meio-tempo, fazia vinhos para terceiros e começou sua coleção de livros e peças antigas de vitivinicultura, que, mais tarde, seriam a inspiração para a criação do museu Vivanco, considerado o melhor museu de vinho do mundo.
Clique aqui e assista aos vídeos da Revista ADEGA no YouTube
“Meu pai ficou sem marca durante anos em Rioja, mas investiu e, em 2004, inauguramos o que era chamado de Dinastia Vivanco”, recorda Rafael. O termo ‘Dinastia’ foi suprimido em 2013, em comum acordo com o irmão Santiago (responsável pelos projetos culturais da empresa), pois ‘transmitia uma ideia de aristocracia, mas temos uma origem muito humilde e também seguimos uma filosofia vinícola moderna’, atesta.
Rafael estudou em Bordeaux e ajudou o pai a desenvolver a empresa. “Disse ao meu pai: ‘temos que investir em vinhedos e plantar coisas interessantes para fazer vinhos diferentes. E preciso de uma vinícola nova. Antes, era uma vinícola industrial de grandes volumes e não dava oportunidade para fazer vinhos de parcelas”. Vivanco foi a primeira a investir em câmaras frigoríficas grandes, capazes de trabalhar as uvas com o mínimo de oxidação, realizando macerações pré-fermentativas a frio.
Ele lembra que, quando começou, estava-se no auge da Parkerização, com a valorização de vinhos muito concentrados e alto teor de barricas novas. Seu primeiro Crianza não seguia exatamente essa linha e ‘não foi compreendido’. Então decidiu ficar em um ‘ponto intermediário’, até que, obviamente, tudo evoluiu, dando espaço para vinhos de parcelas, castas menos reconhecidas etc. Rafael, aliás, fez parte do conselho regulador de Rioja, colaborando para modernizar algumas das regras locais ao longo do tempo.
LEIA TAMBÉM: Entenda como a Vivanco se tornou uma referência em La Rioja
Hoje, Rioja e Vivanco contam uma nova história, valorizando cepas até então menos conhecidas e abrindo espaço para os brancos (crescem 10% ao ano, segundo Rafael). Assim como a vinícola, cada garrafa (cujo formato foi estudado para relembrar os últimos modelos antes da era industrial e é patenteada pela família) é uma homenagem à cultura do vinho, retratando peças históricas que representam a personalidade da bebida em cada rótulo.
A entrevista completa com Rafael Vivanco está disponível no Podcast ADEGA. Clique aqui para ouvir.
+lidas
Como Winston Churchill bebeu 42 mil garrafas de Champagne
TOP 100 da Revista ADEGA: os melhores vinhos do ano 2024
ProWine 2024 terá masterclass imperdível sobre o futuro dos vinhos no Brasil
Vinhos de Portugal anuncia campanha de fim de ano
Château Mouton Rothschild revela arte do rótulo da safra 2022