Conheça a história da Ciacci Piccolomini d'Aragona, um dos Brunellos que mostram a história e o presente riquíssimo da região
por Dado Lancellotti @contra_rotulo
Com origem no século XVII, a propriedade Ciacci Piccolomini preserva o patrimônio histórico construído naquela época por Fabius de’ Vecchis, bispo de Montalcino e prior da Abadia de Sant’Antimo.
O bispo faleceu e a área foi leiloada e comprada em 1868 pela condessa Eva Bernini Cerretani. Cerca de 10 anos depois, a condessa a vendeu para a família Ciacci de Castelnuovo. Em 1900, com o casamento de Elda Ciacci e o conde Alberto Piccolomini de Aragão, torna-se Ciacci Piccolomini d’Aragona.
A linhagem Piccolomini d’Aragona remete a uma das famílias mais ilustres de Siena, que tinha ligações muito próximas com os interesses do Sacro Império Romano na Toscana, e que já produziu grandes figuras históricas, incluindo o famoso humanista Papa Pio II (Enea Silvio Piccolomini, 1458-1464); Silvio Piccolomini (1543-1610), conhecido por ter empregado e protegido Galileu Galilei; e seu filho Ottavio Piccolomini (1599 ‒1656), governador das armas do exército de Flandres, general do exército imperial, príncipe e personagem da trilogia trágica que o famoso dramaturgo romântico alemão Friedrich Schiller escreveu sobre Wallenstein na obra The Piccolomini (1799).
Esse roteiro da vida real ganhou seu capítulo cinematográfico mais fantástico após o falecimento da condessa Elda em 1985. Como ela não tinha herdeiros, deixou tudo para o gerente das suas terras, o devotado Giuseppe Bianchini. Ele trabalhou arduamente e com muito amor para desenvolver vinhos fantásticos, mas faleceu em 2004, deixando a tarefa de continuar seu legado para seus filhos Paolo e Lucia, que nasceram e cresceram nas vinhas e olivais que o pai cuidava.
Hoje a Ciacci Piccolomini d'Aragona, gerida pelos Bianchini, tem laços com o ciclismo. Paolo é um apaixonado pela modalidade. Ex-atleta da equipe Colnago, ele criou o projeto “Brunello Bike” e uma sala de degustação exclusiva, com uma exposição permanente de bicicletas, memorabilia e relíquias históricas. Os lucros das reservas são destinados às instituições de caridade.
Em 2021, lançaram um Brunello especial da safra 2016 com rótulo rosa em homenagem ao Giro d’Italia, para celebrar os 90 anos da maglia rosa, camiseta que, desde 1931, identifica o líder da prova, e é a cor da Gazzetta dello Sport, jornal esportivo mais famoso do país e criador da volta.
Essa certamente é uma história que merecia ser contada em um filme de Giuseppe Tornatore com trilha sonora do imortal Ennio Morricone. A condessa Elda sabia exatamente o que estava fazendo...
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