La Botella: o vinho em primeiro lugar

Bons vinhos em ambiente descontraído em Ipanema

por Marcelo Copello

Uma forte tendência no mundo dos saca-rolhas são as lojas de vinhos ou delicatéssens que se transformaram em “wine bars” ou pequenos bistrôs. Este caminho me parece lógico, já que para os discípulos de Baco como eu, a reação normal ao se entrar em uma loja e se ver rodeado de centenas de garrafas, é cobiçá-las e querer degustá-las imediatamente. Este estilo de estabelecimento costuma ter vantagens: preço de prateleira, grande variedade de rótulos e ambiente descontraído. Os pontos fracos costumam ser o cardápio e o serviço.

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O primeiro ponto não chega a comprometer a alegria do cliente báquico, que muitas vezes sai de casa com a idéia de degustar um bom vinho, sem grandes preocupações do que o acompanhará no prato. O segundo ponto pode implicar em faltas graves, já que nenhum enófilo ficaria feliz se seu vinho viesse quente ou em taças inadequadas.

Esta equação foi resolvida no “La Botella”, loja multimarcas com cerca de 300 rótulos de 11 países. O clima é “sem frescura”, quase boteco, com poucas e pequenas mesas dentro e algumas na calçada nos fins de semana, sempre cheias. O menu é simples, de sanduíches, saladas, entradinhas e uns poucos pratos quentes. Lá o sommelier Gilmar Barcelos, formado pela ABS do Rio, garante o bom serviço, com boas taças, decanters e todo o aparato necessário.

As dicas da loja são várias, com o preço mantido para as garrafas desarolhadas in loco. Comece com um carpaccio de salmão defumado (R$ 25) com um rosé de ótimo preço e safra recente, o argentino Crios Rose de Malbec 2007, de Susana Balbo 2007 (R$ 36). Como dizem que “para bom entendedor meia-garrafa basta”, o Chablis Joseph Drohin 2006 (R$ 78 por 375ml), é uma ótima opção. Outro branco fantástico de sotaque gaulês e preço pé no chão é o bordalês Château Floridene Blanc 2004 (R$ 145). Partindo para os tintos vá sem medo para o Brunello di Montalcino Camigliano (R$ 199), de 2001, um grande safra para o Brunello; ou o Torres Mas La Plana 2002 (R$ 135), grande nome espanhol do Penedés. Outra boa compra é o Incógnito 2003, alentejano que está por menos que no importador – R$ 178.

fotos: La Botella/divulgação
A carta de vinho do restaurante tem cerca de 300 rótulos de onze países

Nos pratos quentes uma opção interessante é o misto de salsichão e kassler com salada de batata (R$ 24), que pelo manual seria harmonizado com o alsaciano Riesling Trimbach 2003 (R$ 94). Para os tintófilos este prato não ficará mal (se com pouca mostarda) com um Casa Rivas Merlot 2006 (R$ 27,90), barato, fresco e frutado; ou, aos mais dispostos, com o Bordeaux Château Clarke 1999 (R$ 225). Não faltam aqui queijos e frios escolhidos na vitrine ou sobremesas. Tente o strudel de maçã (R$ 6,90) com o vinho de sobremesa austríaco Kracher 2004 (R$ 85, 735ml).

As garrafas são climatizadas pelo mesmo ar-condicionado que climatiza o ambiente, ligado 24 horas por dia, o que não é o ideal para longa guarda de garrafas, mas funciona. As taças são adequadas e a oferta de vinhos em taça fica escrita a giz em uma lousa. São cerca de 8 opções, de tintos, brancos, espumantes e doces, apoiada por 23 opções em meia-garrafa.

Para quem quer simplesmente provar bons caldos e se intimida com ambientes pomposos ou com as margens de preço picantes de alguns restaurantes, o La Botella pode ser um achado.

La Botella: Rua Paul Redfern, 72 - Ipanema.
Tel.: (21) 2512-8614

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