Polêmica na taça

Ministro da Agricultura da Itália não quer a palavra ‘vinho’ em produtos sem álcool

A proposta do ministro é de que nenhum produto sem álcool da Itália possa ser chamado de vinho

Francesco Lollobrigida, ministro italiano da Agricultura
Francesco Lollobrigida, ministro italiano da Agricultura

por Sílvia Mascella

O assunto é polêmico e o debate está só começando. Na semana passada, durante a Vinitaly, em Verona, o Ministro da Agricultura da Itália, Francesco Lollobrigida (que é cunhado da Primeira Ministra italiana Giorgia Meloni) lançou uma proposta explosiva: eliminar a palavra ‘vinho’ de todo produto fermentado de uva que não tenha álcool.

Segundo o Ministro, a medida é essencial para preservar a dignidade e o valor dos vinhos italianos, cujas exportações garantem mais de oito bilhões de euros para o país. “Podemos fazer bebidas sem álcool, mas não podemos chamá-las de vinho. Essa denominação é apenas para os produtos que realmente cumprem com as características autênticas que os definem”, afirmou Lollobrigida em sua apresentação.

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A Itália vem fazendo reiterados esforços para que o setor vitivinícola do país tenha mais visibilidade e força. Luigi D’Eramo, subsecretário do Ministério da Agricultura, afirmou que o setor é uma das partes mais importantes da produção agrícola, e que precisa continuamente seguir promovendo, defendendo e apoiando os vinhateiros.

“Queremos dar equilíbrio e criar riqueza para a nação”, afirmou Francesco Lollobrigida, e completou que “o melhor é beber com moderação, produtos de qualidade e com preço justo, que valorizem toda a cadeia produtiva, desde quem cultiva as uvas até os distribuidores”. Essa fala do Ministro tem muito peso, pois os italianos estão entre os mais ferozes críticos dos planos que a Irlanda propôs na Comunidade Econômica Européia, em meados de 2022, de obrigar as garrafas de vinho a terem advertências contra o consumo de álcool, da mesma forma que acontece com os maços de cigarros.

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Sobre as novas etiquetas nos vinhos, o CEEV Comitê Europeu das Empresa de Vinhos) e o Spirits Europe entraram com uma denúncia para solicitar à Comissão Européia que instaure um procedimento de infração contra os planos irlandeses dessa nova legislação para os rótulos de bebidas alcoólicas. No Brasil a utilização da palavra ‘vinho’ em fermentados não alcoólicos não é permitida, segundo a legislação atual.

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